terça-feira, 2 de abril de 2013

V.014.Vingança - Lupicínio Rodrigues

Eu gostei tanto, Tanto quando me contaram Que lhe encontraram Bebendo e chorando Na mesa de um bar, E que quando os amigos do peito Por mim perguntaram Um soluço cortou sua voz, Não lhe deixou falar. Eu gostei tanto, Tanto, quando me contaram Que tive mesmo de fazer esforço Prá ninguém notar. O remorso talvez seja a causa Do seu desespero Ela deve estar bem consciente Do que praticou, Me fazer passar tanta vergonha Com um companheiro E a vergonha E a herança maior que meu pai me deixou; Mas, enquanto houver força em meu peito Eu não quero mais nada Só vingança, vingança, vingança Aos santos clamar Ela há de rolar como as pedras Que rolam na estrada Sem ter nunca um cantinho de seu Prá poder descansar.

V.013.Viola Enluarada - Marcos Vale

A mão que toca um violão Se for preciso faz a guerra Mata o mundo, fere a terra A voz que canta uma cançao Se for preciso canta um hino Louva a morte Viola em noite enluarada No sertão é como espada Esperanca de vingança O mesmo pé que dança o samba Se preciso vai à luta, capoeira Quem tem de noite a companheira Sabe que a paz é passageira Pra defendê-Ia se levanta E grita: eu vou Mão, violão, canção, espada e viola enluarada Pelos campos e cidades Porta bandeira, capoeira Desfilando vão cantando Liberdade! Liberade!

V.012.Vai, Vai Mesmo - Ataulfo Alves

Vai, vai mesmo Eu não quero você mais Nunca mais Tenha santa paciência Ponha a mão na consciência Deixe-rne viver em paz Vai, ou não vai? Sai de vei do meu caminho Dê a outro o, seu carinho Me abandone por favor Ai que dor! Você machucou meu peito Não tem mais o dire:t to De zombar do meu amor Vai, OU não vai?

V.011.Vida e Carnaval - Moraes Moreira/Aroldo

Mandei fazer a minha fantasia Alegoria de papel crepon Que é prá voce durante esses três dias Me curtir todinha E ao romper do som Aprender na escola que é a rua Ver a vida nua E náo sair do tom Pagar prá ver qual é A barra de ser o que é Ser prá voce igual Na vida e no carnaval Meu negro tirei a máscara Meu negro tirei a máscara Que até agora escondeu Meu sentimento a mais rara Das jóias que Deus me deu.

U.034.Uns Versos - Adriana Calcanhoto

Sou sua noite, sou seu quarto se voce quiser dormir eu me despeço, eu em pedaços, como um silêncio ao contrário, enquanto espero escrevo uns versos, depois rasgo. Sou seu fardo, sou seu bardo, se voce quiser ouvir o seu eunuco, o seu soprano, um seu arauto, eu sou o sol da sua noite em claro, um radio... eu sou pelo aveso, sua pele, o seu casaco se voce vai sair, o seu asfalto... se voce vai sair eu chovo... sobre o seu cabelo pelo seu itinerário sou eu o seu paradeiro em uns versos que eu escrevo, depois rasgo... e depois rasgo

U.033.Um dia ri o Outro Chora - F. Cabral/Carlos Lyra

Uma canção que vem de um sonho de outono Na solidão da cor de março, meu quarto Talves um último cigarro, eu ardo Até a hora de dormir A dor que existe em cada espera, desperta O amor que em cada madrugada, se apaga Num indo e vindo que não muda, no mundo Eu brindo ao último partir Um dia ri sem ter porque Chora depois por um querer E cada vez é sempre igual Um grande amor Um dia vai o outro vem E se ficar se vai também A vida é assim Um dia o rizo, o outro a dor Pro amor que hoje ardendo em febre me aquece Ou que amanhã me abre a janela e se esfria Eu sei que um outro sofrimento, e o tempo Me ajudarão a esquecer Eu vou dizendo "Eu te amo tanto" a tantas E vou virando novas folhas, os rostos Desse meu livro de aventuras, as fugas Que vão marcando o meu viver.

U.032.Ui-Wando Paixão - Wando/Antonio Ary

Sou bicho vadio Sou fera no cio Uiwando paixão Sou mais que loucura Te quero todinha De novo no chão Um beijo molhado Nessa boca quente Eu juro que dou Te aqueço no frio Te afago em meu corpo Sedento de amor Te levo pro mato Pra rede ou pro quarto Te arranho de amor Te quero tão nua Vai ser meu desejo Meu cheiro e suor Te levo as estrelas Te faço menina Não te deixo só.

U.031.Um jeito Prá Ninguém Botar Defeito - Niltinho Tristeza/Guga

Lá, lé, laiá Despontou E faz ouvir ao longe é seu cantar Ser feliz. E sempre amar, amor lmperatriz Um grito emana do povo Os direitos são iguais Brancos, negros. índios Agitam a bandeira da paz. Desperta esperança A vida acende, é luz. é cor Surge nova era O que passou, passou Vem brincar... Vem brincar amor Dê um jeito tá Que eu também tô Vou cair na brincadeira Rasgar de norte a sul Vou Pegar minha bandeira Dançar o frevo e o maracatú Quero ver clarear Agüenta, Coração Há verde e branco em minha vida Meu futebol, meu carnaval Minhas bandeiras na avenida

segunda-feira, 1 de abril de 2013

T.013.Tenda - Caetano Veloso

Mesmo que nunca se aprenda Tu me ensina a namorá Que eu te ensino a fazê renda Que apesar do céu, do carnaval E do inferno dessa guerra E da terra presa ao bem e ao mal Reine paz na nossa tenda De cetim o céu, de seda o chão E as cem brisas que segredarão Pelos mundos nossa lenda Mesmo que nunca se aprenda Eu te ensino a fazê renda Que mais posso te ensinar Eu que não porto outra prenda? Que só sei dar vida à trama vã Rei das belezas fugazes Tu que trazes drama à vida sã Quem sabe isso ainda se estenda Tu me ensina amor a namorá E eu talvez te ensine a me ensinar Teça-se assim a fazenda E a nós dois tudo se renda

T.012.Tatú Subiu no Pau - Eduardo Souto

Tatú subiu no pau è mentira de mercê Lagarto ou lagartixa Isso sim é que pode ser O melhor da galinha é o ovo Que se faz de comê gostoso A molestia do pinto é o golgo A coberta do velho é o fogo

T.011.Tarde em Itapoã - Toquinho/Vinicíus de Moraes

Um velho calção de banho O dia pra vadiar Um mar que não tem tamanho E um arco-íris no ar Depois na praça Caymmi Sentir preguiça no corpo E numa esteira de vime Beber uma água de coco É bom Passar uma tarde em Itapuã Ao sol que arde em Itapuã Ouvindo o mar de Itapuã Falar de amor em Itapuã Enquanto o mar inaugura Um verde novinho em folha Argumentar com doçura Com uma cachaça de rolha E com o olhar esquecido No encontro de céu e mar Bem devagar ir sentindo A terra toda a rodar É bom Passar uma tarde em Itapuã Ao sol que arde em Itapuã Ouvindo o mar de Itapuã Falar de amor em Itapuã Depois sentir o arrepio Do vento que a noite traz E o diz-que-diz-que macio Que brota dos coqueirais E nos espaços serenos Sem ontem nem amanhã Dormir nos braços morenos Da lua de Itapuã É bom Passar uma tarde em Itapuã Ao sol que arde em Itapuã Ouvindo o mar de Itapuã Falar de amor em Itapuã

R.016.River Phoenix - Milton Nascimento

Se um dia a gente se encontrar e eu confessar que vi um filme tantas vezes para desvendar os olhos teus E se a gente se falar contar as coisas que viveu o que esperamos do amanhã será que pode acontecer? Pois, paralelo ao personagem, eu quis saber mesmo é de ti Queria que fosses feliz uma água calma a inundar a sua margem de carinho um peito aberto a quem chegar Como o teu nome, diferente Uma paisagem nos induz Uma paisagem de inocência Mas que se sabe e que se conduz Conduz agora este momento O pensamento e os olhos meus brilhando de emoção e grato alguém que só te conheceu num filme que viu tantas vezes que este poema escreveu

R.015.Rebento - Gilberto Gil

Rebento subtantivo abstrato O ato, a criação, o seu momento Como uma estrela nova e o seu barato que só Deus sabe, lá no firmamento Rebento Tudo o que nasce é Rebento Tudo que brota, que vinga, que medra Rebento claro como flor na terra, rebento farto como trigo ao vento Outras vezes rebento simplesmente no presente do indicativo Como as correntes de um cão furioso, ou as mãos de um lavrador ativo às vezes mesmo perigosamente como acidente em forno radioativo Às vezes, só porque fico nervosa, rebento às vezes, somente porque estou VIVA! Rebento, a reação imediata a cada sensação de abatimento Rebento, o coração dizendo: Bata! a cada bofetão do sofrimento Rebento, esse trovão dentro da mata e a imensidão do som nesse momento

R.014.Rumba Louca - Moacyr de Albuquerque/Tavinho Paes

Meu coração bailava a tôa Num jogo de cintura tipo vai e vem Agarradinho no corpo a corpo Num bamboleio solto de vem cá meu bem Rosto coladinho coxa e coxa Orelinha um brinco que beijei Beijo caprichado molha a boca Cheiro no cangote dei E a pulsação da rumba louca pois mais fogo no salão Teu peito no meu peito ecôa Que tic tic-tac vem do coração Gata se o baile acaba agora Acho que piro de amor Tá que tá na hora de ir embora Me chama que eu vou Ver como chovo no molhado Um bocado do pecado um charme Flecha de cupido me flechou Vou ser teu brotinho apaixonado Um gato no teu telhado teu fogo Quente como é quente o amor Quente como é quente o amor

R.013.Romper da Aurora - Liu/Leu

Ouvindo o murmurar da cachoeira Das águas que desabam na pedreira São as mais lindas horas Que existem em minha vida É ver a madrugada nascer florida As árvores balançam calmas Seus fortes galhos As flores de frio gemem sem agasalho Os passarinhos põem-se a cantar A deslumbrar Quem de longe assiste ao sol raiar Quando o sol descamba Calmo no horizonte Os passarinhos voltam aos seus ninhos A lua no céu tristonha Além da cerração Enche de esperança meu coração Ouvindo o murmurar da cachoeira Das águas que desabam na pedreira São as mais lindas horas Que existem em minha vida É ver a madrugada nascer florida

R.012.Roque Santeiro, o Rock - Gilberto Gil

Outrora, só cabeludo Agora, o menino é tudo de novo no front Outrora, só rebeldia Agora, soberania na noite neon Outrora, mera fumaça Agora, fogo da raça, fogoso rapaz Outrora, mera ameaça Agora, exige o direito ao respeito dos pais E tem mais, e tem mais, e tem mais E tem mais, e tem mais Outrora, arraia miúda Agora, lobão de boca bem grande a gritar Outrora, pirado e louco Agora, poucos insistem em negar-lhe o lugar Outrora, frágil autorama Agora, três paralamas de grande carreta de som Outrora, simples bermuda Agora, ultravestido de elegante fraque a rigor E o amor, e o amor, e o amor, e o amor E o amor, e o amor, e o amor Só quem não amar os filhos Vai querer dinamitar os trilhos da estrada Onde passou passarada Passa agora a garotada, destino ao futuro Deixa ele tocar o rock Deixa o choque da guitarra tocar o santeiro Do barro do motocross Quem sabe ele molde um novo santo padroeiro Outrora, o seio materno Agora, o meio da rua, na lua, nas novas manhãs Outrora, o céu e o inferno Agora, o saber eterno do velho sonho dos titãs Outrora, o reino do Pai Agora, o tempo do Filho com seu novo canto Outrora, o Monte Sinai Agora, sinais da nave do Espírito Santo E o encanto, e o encanto, e o encanto, e o encanto E o encanto, e o encanto, e o encanto, e o encanto

R.011.Romance - Djavan

Fruta-de-conde, Sua casca é um romance Muito boinha você, Viu? Laranjinha doce Dulcíssima... Pitomba jura Amargura no caroço Goiaba quase de vez Mamoeiro dá um leite: Que fel Pitanga do céu Amor de maçã Debaixo do frio Por dentro do mato, Fruto do ato Ligado do ato Ligado à resina de cajá Manga-espada inchada Eu sou do mato Brinquei com maturi, Vou ficando por aqui Nas costas da madrugada Por dentro do mato Fruto do ato Ligado à resina de cajá Manga-espada inchada Eu sou do mato Brinquei com maturi Vou ficando por aqui Meu bem me abraça E a lua quer me dizer Te amo.

P.016.Para um Amor no Recife - Paulinho da Viola

A razão porque mando o sorriso E não corro É que andei levando a vida Quase morto Quero fechar a ferida Quero estancar o sangue E sepultar bem longe o que restou da camisa Colorida que cobria Minha dor Meu amor, eu não esqueço Não se esqueça, por favor Que voltarei depressa Tão logo acabe a noite Tão logo esse tempo passe Para beijar voce A razão porque mando o sorriso...

P.015.Patrão Prenda Seu Gado - Donga/Pixinguinha/João da Baiana

Ô patrão Ô patrão Ô patrão, prenda seu gado Na lavra tem um ditado Quem mata gado é jurado Missa de padra é latim Rapaz solteiro é letrado Em vim preso da Bahia Só porque era namorado Madame Diê, lalá Samba ioiô, samba iaiá Que o dia e vem, doná Eu bem sei Eu bem sei Eu bem sei que fui culpado De vir preso da Bahia Só porque fui namorado Vou tirar meu passaporte Meu camarote de proa Eu aqui não vou ficar Vou-me embora pra Lisboa Senhorita vai ver, doná Samba ioiô, samba iaiá Que o dia e vem, doná Ô, Joana, ô Maria, Saruê pra que trabalha No pescoço da cutia No pavilhão, da atalaia Era hoje, era ontem, era donte Era donte, era ontem, era hoje Sinhazinha mandou me chamá Corri quatro cantos Balão de iaiá

P.014.Pelo Telefone - Donga/Mauro de Almeida

O chefe da folia Pelo telefone manda me avisar Que com alegria Não se questione para se brincar Ai, ai, ai É deixar mágoas pra trás, ó rapaz Ai, ai, ai Fica triste se és capaz e verás Tomara que tu apanhe Pra não tornar fazer isso Tirar amores dos outros Depois fazer teu feitiço Ai, se a rolinha, sinhô, sinhô Se embaraçou, sinhô, sinhô É que a avezinha, sinhô, sinhô Nunca sambou, sinhô, sinhô Porque este samba, sinhô, sinhô De arrepiar, sinhô, sinhô Põe perna bamba, sinhô, sinhô Mas faz gozar, sinhô, sinhô O “peru” me disse Se o “morcego” visse Não fazer tolice Que eu então saísse Dessa esquisitice De disse-não-disse Ah! ah! ah! Aí está o canto ideal, triunfal Ai, ai, ai Viva o nosso carnaval sem rival Se quem tira o amor dos outros Por deus fosse castigado O mundo estava vazio E o inferno habitado Queres ou não, sinhô, sinhô Vir pro cordão, sinhô, sinhô É ser folião, sinhô, sinhô De coração, sinhô, sinhô Porque este samba, sinhô, sinhô De arrepiar, sinhô, sinhô Põe perna bamba, sinhô, sinhô Mas faz gozar, sinhô, sinhô Quem for bom de gosto Mostre-se disposto Não procure encosto Tenha o riso posto Faça alegre o rosto Nada de desgosto Ai, ai, ai Dança o samba Com calor, meu amor Ai, ai, ai Pois quem dança Não tem dor nem calor O chefe da polícia Com toda carícia Mandou-nos avisá Que de rendez-vuzes Todos façam cruzes Pelo carnavá!... Em casas da zona Não entra nem dona Nem amigas sua Se tem namorado Converse fiado No meio da rua. Em porta e janela Fica a sentinela De noite e de dia; Com as arma embalada Proibindo a entrada Das moça vadia A lei da polícia Tem certa malícia Bastante brejeira; O chefe é ranzinza No dia de "cinza" Não quer zé-pereira! Coro (civis) Me dá licença, não dou, não dou Faça favô, não dou, não dou Pra residença, não dou, não dou Com pressa vou, não dou, não dou Coro (madamas) Do chefe é orde? não vou, não vou Sua atrevida, não vou, não vou Entrar não pode, não vou, não vou Vá pra avenida, não vou, não vou.

P.013.Prá Fugir da Saudade - Elton Medeiros/Paulinho da Viola

Saudade Você fez da minha vida Uma rua sem saída Por onde andou minha solidão E hoje Quando tudo é esquecimento Uma flor sobrevive ao tempo E se desfolha em meu coração Para aliviar o meu sofrimento Rompe em silêncio meu canto de felicidade Dentro de um samba eu desfaço o que ela me fez Quero abrigar, no entanto Mais uma flor que renasce Para fugir da saudade e sorrir outra vez

P.012.Ponteio - Edú Lobo/Capinam

Era um, era dois, era cem Era o mundo chegando e ninguém Que soubesse que eu sou violeiro Que me desse o amor ou dinheiro... Era um, era dois, era cem Vieram prá me perguntar: "Ô voce, de onde vai de onde vem? Diga logo o que tem Prá contar"... Parado no meio do mundo Senti chegar meu momento Olhei pro mundo e nem via Nem sombra, nem sol Nem vento... Quem me dera agora Eu tivesse a viola Prá cantar...(4x) Prá cantar! Era um dia, era claro Quase meio Era um canto falado Sem ponteio Violência, viola Violeiro Era morte redor Mundo inteiro... Era um dia, era claro Quase meio Tinha um que jurou Me quebrar Mas não lembro de dor Nem receio Só sabia das ondas do mar... Jogaram a viola no mundo Mas fui lá no fundo buscar Se eu tomo a viola Ponteio! Meu canto não posso parar Não!... Quem me dera agora Eu tivesse a viola Prá cantar, prá cantar Ponteio!...(4x) Pontiarrrrrrrr! Era um, era dois, era cem Era um dia, era claro Quase meio Encerrar meu cantar Já convém Prometendo um novo ponteio Certo dia que sei Por inteiro Eu espero não vá demorar Esse dia estou certo que vem Digo logo o que vim Prá buscar Correndo no meio do mundo Não deixo a viola de lado Vou ver o tempo mudado E um novo lugar prá cantar... Quem me dera agora Eu tivesse a viola Prá cantar Ponteio!...(4x) Lá, láia, láia, láia... Lá, láia, láia, láia... Lá, láia, láia, láia... Quem me dera agora Eu tivesse a viola Prá cantar Ponteio!...(4x) Prá cantar Pontiaaaaarrr!...(4x) Quem me dera agora Eu tivesse a viola Prá Cantar!

P.011.Perfídia - Alberto Dominguez

Sofre A tua dor resignadamente Sofre Como eu sofri por ti também Sofre Que a dor vai ensinando a gente Amar e um dia querer bem Amei como ninguém te amou, querida De ti o menor gesto adorei Esquecido da própria vida Perfídia mandaste em troca Eu não esqueci Das rosas, das orquídeas, das violetas Que eu dava a ti Destraída no ambiente luxuoso em que sempre vivia Tu deixaste que murchassem minhas flores Meu buquê de fantasia E agora que adoras a quem te magoa Perdoa pelo bem que eu te quis Perdoa e serás feliz Feliz

M.016.Morena Penha - Petrúcio Maia/Manassés

O teu amor, morena Penha Que era fogueira de lenha Virou fogo de palha Tomara morena Penha Que quando a noite venha O teu sorriso me valha Queria, morena, eu queria Purgar tua febre fria Com a febre do meu abraço Paixão, fogo de palha Se acaba da noite pro dia E a dor que acende na gente Apaga toda a alegria Amor nenhum perde o viço Nenhum carinho consola Sereno na boca da noite Orvalha mas não molha ...

M.015.Mensagem - Aldo Cabral

Quando o carteiro chegou E o meu nome gritou Com uma carta na mão Ante surpresa tão rude Nem sei como pude Chegar ao portão Lendo o envelope bonito No seu sobre-escrito Eu reconheci A mesma caligrafia Que me disse um dia Estou farto de ti Porém não tive coragem De abrir a mensagem Porque na incerteza Eu meditava e dizia Será de alegria! Será de tristeza! Quanta verdade tristonha Ou mentira risonha Uma carta nos traz E assim pensando rasguei Tua carta e queimei Para não sofrer mais.

M.014.Manias - Celso Cavalcante/Flávio Cavalcante

Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você Mania é coisa que a gente tem mas não sabe porque Mania de querer bem, mania de falar mal De não deitar pra dormir, sem antes ler o jornal De só entrar no chuveiro cantando a mesma canção De só pedir o cinzeiro depois da cinza no chão Eu tenho várias manias, delas não faço segredo Quem pode ver tinta fresca sem logo passar o dedo De contar sempre aumentado tudo o que diz ou que fez De guardar fósforo usado dentro da caixa outra vez Mania é coisa que a gente tem mas não saber porque Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você

M.013.Minha História - Raimundo Evangelista/João do Vale

Seu moço, quer saber, eu vou cantar num baião Minha história pra o senhor, seu moço, preste atenção Eu vendia pirulito, arroz doce, mungunzá Enquanto eu ia vender doce, meus colegas iam estudar A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar E quando era de noitinha, a meninada ia brincar Vixe, como eu tinha inveja, de ver o Zezinho contar: - O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar - O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar Hoje todo são “doutô”, eu continuo joão ninguém Mas quem nasce pra pataca, nunca pode ser vintém Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem Mas todos eles quando ouvem, um baiãozinho que eu fiz, Ficam tudo satisfeito, batem palmas e pedem bis E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz Mas o negócio não é bem eu, é Mané, Pedro e Romão, Que também foram meus colegas , e continuam no sertão Não puderam estudar, e nem sabem fazer baião

M.012.Minha História - Dalla/Pallotino Vs: Chico Buarque

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá,laiá, laiá Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe DEsperando, parada, pregada na pedra do porto Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá,laiá, laiá Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança E não sei bem se por ironia ou se por amor Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá,laiá Minha história e esse nome que ainda carrego comigo Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá,laiá

M.011.Máscara Negra - Zé Keti/Pereira Matos

Tanto riso, oh quanta alegria Mais de mil palhaços no salão Arlequim está chorando pelo amor da Colombina No meio da multidão Foi bom te ver outra vez Tá fazendo um ano Foi no carnaval que passou Eu sou aquele pierrô Que te abraçou Que te beijou, meu amor A mesma máscara negra Que esconde o teu rosto Eu quero matar a saudade Vou beijar-te agora Não me leve a mal Hoje é carnaval

J.017.Jeitinho Brasileiro - João Bosco/Aldir Blanc

Pra gostar bom é o jeitinho brasileiro assim entre o sofrido e o catimbeiro feito Ary numa aquarela - mentira há de ser sinceramente, topada também toca pra frente gostar, mas de qual delas? Viver com a pulga atrás da orelha - quanto mais coçar, sorrir. Sambar, ô, ô, ô, ô, com um prego no sapato pra peteca não cair. Viver; reviver. Ver na saudade uma vizinha Ioiô no quintal! folga pro meu lado, mas canto a marchinha de um antigo carnaval. Vizinhas, Ioiô morena, irmã da loura Iaiá... O meu irmão noivou da Iaiá, feliz. Mas viu na morena calor de pão, sumo de limão, frescor de buritis e água de riacho rente aos pés, um zonzo de zumbido das abelhas, mel dos méis... Se Iaiá saía, Ioiô vizinha se despia, a flor do quintal! Meu irmão pensava mas cantarolava pra manter sua moral: lourinha, lourinha, dos olhos claros de cristal, quanto tempo, ao invés da moreninha, será a rainha do meu carnaval. Lourinha, Morena, rainhas do meu carnaval, qualquer dia, Iaiá e Ioiô vizinhas vão reinar juntinhas lá no meu quintal. Braguinha, Braguinha, Braguinha, não me leve a mal Eu não esqueço a loura e a moreninha, Pago tua parte em Direito Autoral.

J.016.Jurar com Lágrimas - Paulinho da Viola

Jurar com lágrimas Que me ama Não adianta mais Eu não vou acreditar É melhor me separar Não pode haver felicidade Se não há sinceridade Dentro do nosso lar Se aquele amor não morreu Não precisa me enganar Que seu coração é meu

J.015.Joana Francesa - Chico Buarque

Tu ris, tu ments trop Tu pleures, tu meurs trop Tu as le tropique dans Ia sang Et sur Ia peau Geme de loucura e de torpor Já é madrugada Acorda, acorda, acorda... Mata-me de rir Fala-me de amor Songes et mensonges Sei de longe, sei de cor Geme de prazer e de pavor Já é madrngada Acorda, acorda, acorda.. Vem molhar meu colo Vou te consolar Vem, mulato mole Dançar dans mes bras Vem, moleque, me dizer onde é que está Ton soleil ta braise Quem me enfeitiçou O mar m'arrebatou Tu as le parfum de la cachaça e de suor! Geme de preguiça e de calor Já é madrugada Acorda, acorda, acorda... Quem me enfeitiçou O mar m'arrebalou Tu as le parfum de la cachaça e de suor Geme de preguiça e de calor Já é madrugada Acorda, acorda, acorda...

J.014.Jóia - Caetano Veloso

Beira de mar Beira de mar Beira de maré Na América do Sul Uma selvagem levanta o braço Abra a mão e tira um caju Um momento de grande amor De grande amor Copacabana, Copacabana Louca total e completamente louca A menina muito contente Toca Coca-Cola na boca Um momento da puro amor De puro amor.

J.013.João Valentão - Dorival Caymmi

João Valentão é brigão Prá dar bofetão Não presta atenção E nem pensa na vida A todos João intimida Faz coisas que até Deus duvida Mas tem seus momentos Na vida... E quando o sol vai quebrando Lá pro fim do mundo Prá noite chegar E quando se ouve mais forte O ronco das ondas Na beira do mar E quando o cansaço da lida Da vida, obriga João se sentar É quando a morena se encolhe E chega p'ro lado Querendo agradar Se a noite é de lua A vontade é contar mentiras E se espreguiçar Deitado na areia da praia Que acaba onde a vista Não pode alcançar E assim adormece este homem Que nunca precisa dormir Prá sonhar Porque não há sonho mais I indo Do que sua terra Não há.

J.012.João Ninguém - Noel Rosa

João ninguém, Que não é velho nem moço, Come bastante no almoço Prá se esquecer do jantar... Num vão de escada Faz a sua moradia, Sem pensar na gritaria, Que vem do primeiro andar. João Ninguém Não trabalha um só minuto, Mas joga sem ter vintém E vive a fumar charuto... Esse João Nunca se expõe ao perigo, Nunca teve um inimigo Nunca teve opinião. João Ninguém Não tem ideal na vida, Além de casa e comida, Tem seus amores também... E muita gente, Que ostenta luxo e vaidade Não goza a felicidade, Que goza João Ninguém.

J.011.Jura - Sinhô

Jura. jura, jura pelo Senhor, jura pela imagem da Santa Cruz do Redentor (prá ter valor a tua jura) Jura, Jura. de coração para que um dia eu possa dar-te o meu amor sem mais pensar na ilusão, Daí, então, dar-te eu irei o beijo puro na catedral do amor dos sonhos meus, bem junto aos teus Para fugir das aflições da dor... Jura, jura. jura, etc. etc.

F.016.Flor de Ir Embora - Fátima Guedes

Flor de ir embora, É uma flor que se alimenta Do que a gente chora. Rompe a terra, decidida, Flor do meu desejo De correr o mundo afora. Flor de sentimento Amadurecendo, aos poucos, Minha partida. Quando a flor abrir inteira. Muda a minha vida. Esperei o tempo certo. E lá vou eu, e lá vou eu Flor de ir embora, eu vou E agora, esse mundo é meu.

F.015.Folhetim - Chico Buarque

Se acaso me quiseres Sou dessas mulheres Que só dizem sim Por uma coisa à toa Uma noitada boa Um cinema, um botequim E, se tiveres renda Aceito uma prenda Qualquer coisa assim Como uma pedra falsa Um sonho de valsa Ou um corte de cetim E eu te farei as vontades Direi meias verdades Sempre à meia luz E te farei, vaidoso, supor Que é o maior e que me possuis Mas na manhã seguinte Não conta até vinte Te afasta de mim Pois já não vales nada És página virada Descartada do meu folhetim

F.014.Foi um Rio que Passou em Minha Vida - Paulinho da Viola

Se um dia Meu coração for consultado Para saber se andou errado Será difícil negar Meu coração tem mania de amor Amor não é fácil de achar A marca dos meus desenganos Ficou, ficou Só um amor pode apagar A marca dos meus desenganos Ficou, ficou Só um amor pode apagar Porém, ai porém Há um caso diferente Que marcou num breve tempo Meu coração para sempre Era dia de Carnaval Eu carregava uma tristeza Não pensava em novo amor Quando alguém que não me Lembro anunciou Portela, Portela... O samba trazendo alvorada Meu coração conquistou Ah, minha Portela! Quando vi você passar Senti meu coração apressado Todo o meu corpo tomado Minha alegria voltar Não posso definir aquele azul Não era do céu Nem era do mar Foi um rio que passou em Minha vida E meu coração se deixou levar Foi um rio que passou em Minha vida E meu coração se deixou levar...

F.013.Fanatismo - Florbela Espanca/Raimundo Fagner

FANATISMO FLORBELA ESPANCA/FAGNER Minh'alma de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver Não és sequer a razão do meu viver Posto que és já toda minha vida Não vejo nada assim, enlouquecida, Passo no mundo meu amor a ler No misterioso livro do teu ser, A mesma história, tantas vezes lida Tudo no mundo é frágil, tudo passa... Quando me dizem isto, toda a graça De uma boca divina, fala em mim E olhos postos em ti, sigo de rastros: "Podem voar mundos, morrer astros Que tu és como um deus, princípio e fim." Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco, diante do que sinto.

F.012.Frenessi (Fosse Paixão) - Fausto Nilo/Petrúcio Maia

A felicidade corre sem parar Bela é uma cidade velha Na velocidade a tarde leva o teu olhar Longe descansar na estrela E um corpo passa por mim Água do rio na areia Adormecendo assim Esta pedra em mim E meu leito clareia Fosse paixão frenesi Doce ilusão moça bela A solidão mora aqui E a cidade é sem fim Qual a tua janela Tudo igual Tal e qual Fosse paixão

F.011.Frenesi - Alberto Dominguez

Beija-me assim Beija-me como minha boca te beijou Neste frenesi Que em meu amor te dou Quem não fora eu Apontaria o caminho deste amor Quem jamais te deu A vida inteira com tanto ardor Quero que vivas só pensando em mim E que tu sigas por onde eu seguir Para minh'alma não fugir de ti Beija-me com frenesi Dá-me a luz que tem o teu olhar A inspiração de todo nosso amor Dessa ilusão cujo sabor senti Beija-me com frenesi Nas asas deste beijo teu Vai um pedaço de mim Diz-me que sentes como eu Diz-me que sentes assim Querida, perto do meu coração Encontrarás a luz, o céu, o mar E um luar que há de brilhar por ti Beija-me com frenesi Beija-me com frenesi