segunda-feira, 28 de março de 2011

B.014.Beira Mar - Zé Ramalho

Na Beira-Mar, entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
Que eu me perco de você
Que eu me perco de você

Você nem viu a lua cheia que eu guardei
A lua cheia que eu esperei
Você nem viu, você nem viu...
Você nem viu, você nem viu...

Viva o som, velocidade
Forte praia, minha cidade
Só o meu grito nega aos quatro ventos
A verdade que eu não quero ver
Só o meu grito nega aos quatro ventos
A verdade que eu não quero ver

Na Beira-Mar, entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
Que eu me perco de você
Que eu me perco de você

E o seu gosto que ficando em minha boca
Vai calando a voz já rouca
Sem mais nada pra dizer
sem mais nada pra dizer

E eu fugindo de você
Outra vez me desculpando
É a vida, é a vida...
Simplesmente, e nada mais
É a vida, é a vida...
Simplesmente, e nada mais

E um gosto de você que foi ficando
E a noite, enfim findando
Igual a todas as demais
E nada mais
E nada mais
E nada mais
E nada mais
E nada mais

Meu amor na Beira-Mar
Entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
E nada mais
Meu amor na Beira-Mar
Entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
E nada mais
E nada mais
E nada mais

B.013.Bom Conselho - Chico Buarque

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

B.012.Bárbara - Chico Buarque

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor, vem me buscar

O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar

Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas
Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, como uma hemorragia

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Bárbara

B.011.Brancas e Pretas - Paulinho da Viola

Num jogo de vida e de morte
as brancas e as pretas
sobre o tabuleiro
ali não há golpes de sorte
se pensam jogadas.
destino certeiro
O quadro é um mar quadriculado
sem ondas, parado
porém de marés
às vezes um passo mal dado
um lance apresado
resulta em revés

Os reis, as rainhas e os bispos
dominam a cena
com seu poderio
da torre se avista o
tablado peões trabalhando
por horas a fio

O meu coração anda aos
saltos parece um cavalo
no seu movimento
selvagem e até traiçoeiro
vai sem cavaleiro
tabuleiro adentro

Parceiros
duelam paciência
por vezes se estranham
o amor e a ciência
As pedras ali não tem limo
E mudam de rumo
por conveniência
Ou por não acharem saída
não rolam se deitam
no fim da partida

A.030.Acalanto - Dorival Caymmi

É tão tarde, a manhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você meu bem
Dorme anjo, o boi pega nenem.
Lá no céu deixam de cantar
Os anjinhos foram se deitar
Mamãezinha precisa descansar
Dorme, anjo, papai vai lhe ninar.
Boi, boi, boi, boi da cara preta
Pega essa menina que tem medo de careta.