segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A.206.A Estrada e o Violeiro - Sydney Miller


Sou violeiro caminhando só, por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra, a terra de lado a lado
Estrada de Sul a Norte, eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte, de dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço, de amor, de vida e de morte
Eu que já corri o mundo cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo e a visão maior que a sua
Muitas coisas tenho visto nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso pra contar o que eu assisto
Trago comigo uma viola só, para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só, porque sozinho vou à pé e pó
Guarde sempre na lembrança que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança, mas a terra continua
Segue em frente, violeiro, que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho, me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho, quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeira, que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro, fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra, vai na frente um povo inteiro
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só, choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó
Se esse rumo assim foi feito, sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito, desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto, mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo, não há força, não há forte
Não há morte, não há nada que me faça sofrer tanto
Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Eu também quero um dia poder levar
Toda gente que virá
Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar

A.205.A Doce Canção de Caetana - Nélida Piñon/Papi/Luiz Diniz


Canta que Canta a vida
Luta a morte, vivida
Espaço, mente e corpo
No tempo perdido .em esforço
Ao sentir que nada enfim valeu
Chora, Caetana, a luta em lutar a luta maltraçada
E acaba encimada nas estrelas, nos lençóis da madrugada
Chora, Caetana... Ana, sacana
Chora, Caetana
O brilho das estrelas nos lençóis

Mulher que me fez vibrar o ritmo do universo
Em suas entranhas
Chora, Caetana, a canção dos trtstes
Apesar das lutas incessantes
A mulher homem bacante
Passa a velejar a vela do destino
Explorando no seu desatino
O gozo das ninfetas lavadeiras em suas cantilenas matinais
Chora, Caetana... Ana, sacana
Canta, Caetana
O brilho das estrelas nos lençóis
Ao sentir que nada enfim valeu

A.204.A Gente Agradece pela Vida - Renato Vargas/Martha Monteiro


Canta! Canta!
Que o dia acontece e o tempo avança
E a gente agradece pela vida
Vida
De sonhos, verdades
Alegrias e dores
Amores e luz
Canta! Canta!
Mesmo que o momento seja só lembranças
E a gente agradece pela vida
Vida
De forma que seja mistério
Incertezas
De luta
De paz e amor

A.203.Alguém como Tú - José Maria Abreu/Jair Amorim


Alguém como tu
Assim como tu
Eu preciso encontrar
Alguém sempre meu
De olhar como o teu
Que me faça sonhar
Amores eu sei
Na vida eu achei e perdi
Mas nunca ninguém desejei
Como desejo a ti
Se tudo acabou
Se o amor já passou
Há de um sonho ficar
Sozinho estarei
E alguém eu irei
Procurar
Eu sei que outro amor posso ter
E um novo romance viver
Mas sei que também
Assim como tu
Mais ninguém
Assim como tu
Mais ninguém

A.202.A Pinta - Domínio Público Adap: Almir Rouche


Menina casa comigo que tu não vai passar fome
Lá em casa tem uma pinta, mamãe mata e nos come
De dia tu come a pinta de noite a pinta te come

Menina casa comigo que eu sou trabalhador
De dia não vou prá roça, de tarde tambem não vou
De dia eu sinto, de noite estou com calor

A.201.A Mulher que Ficou na Taça - Orestes Barbosa/Francisco Alves


Fugindo da nostalgia
Vou procurar alegria
Na ilusão dos cabarés

Sinto o beijos no meu rosto
E bebo por meu desgosto
Relembrando que tu és

E quando bebendo espio
Uma taça que esvasio
Vejo uma visão qualquer

Não distingo bem o vulto
Mas deve ser do meu culto
O culto desta mulher

Quanto mais ponho bebida
Mais a sombra colorida
Aparece no meu olhar

Aumentando o sofrimento
No cristal lento e sedento
Quero a paixão sufocar

E no anseio da desgraça
Encho mais a minha taça
Para afogar a visão

Quanto mais bebida eu ponho
Mais cresce a mulher no sonho
Na taça e no coração

E no anseio da desgraça
Encho mais a minha taça
Para afogar a visão

Quanto mais bebida eu ponho
Mais cresce a mulher no sonho
Na taça e no coração

A.200.Amor Próprio - Herivelto Martins


O homem precisa do seu amor próprio
E deve cumprir aquilo que diz
Eu fico pensando
E até lastimando
O mal que fizeste
Ao bem que eu te fiz

Deixa a saudade aumentar
Deixa a tristeza chegar
Voltar atrás eu não posso
Ao lar que era nosso
Eu não hei de voltar

A.199.Acabou Chorare - Moraes Moreira/Galvao


Acabou chorare, ficou tudo lindo
de manhã cedinho
tudo cá-cá-cá, na fé, fé, fé
no bu-bu-li-li, no bu-bu-li-lindo
no bu-bu-bolindo
talvez pelo um buraquinho
invadiu-me a casa
me acordou na cama
tomou o meu coração
e sentou na minha mão
abelha. abelhinha
acabou chorare
faz zum-zum pra mim
faz zum-zum pra eu ver
abelha, abelhinha
escondido faz bonito
faz zum-zum e mel
inda de lambuja
tem o carneirinho
presente na boca
acordando todo gente
tão suave mé, que suavemente
acabou chorare
no meio do mundo
respirei eu fundo
foi-se tudo pra escanteio
vi o sapo na lagoa
entre nessa que é boa
fiz zum-zum e pronto.

A.198.A Mulher em Mim - Cláudio Rabelo


Em meu coração
Os amores vem e vão
Quando pude escolher
Me cansei de perder...

Não vai ser sempre assim
Não sou forte assim
Alguém vou encontrar
E assim sem esperar...

A Mulher Em Mim
Vai então pedir
Me fala de amor
Me faz ser feliz
Porque é assim que eu sou
Ah! Eu preciso dizer
Que a mulher em mim
Precisa de um homem
Que é você...

Quando o mundo for demais
A lua fria e o sol fulgas
Se quiser se esconder
Eu escondo você...

E A Mulher Em Mim
Vai então pedir
Me fala de amor
Ah! Me faz ser feliz
Porque é assim que eu sou
Ah! Eu preciso dizer
Que A Mulher Em Mim
Precisa de um homem
Que é você...

Que A Mulher Em Mim
Precisa de um homem
Que é você...

A.197.Amor Distante - Mauricio/Maurozinho

AMOR DISTANTE MAURICO/MAUROZINHO
Se eu fosse um passarinho
Queria voar no espaço
E pousar devagarinho
Nas voltinhas do seus braços
Queria sentir seu carinho
Para aliviar a dor que passo
Queria te dar um beijinho
E depois um forte abraço

Depois que você partiu
Minha vida é sofrer
Me escreve sem demora
Que estou louco pra saber
O lugar que você mora
Também quero lhe escrever
Marcando para qualquer hora
Um encontro com você

Você partiu me deixando
Na mais negra ansiedade
Sofrendo tanta amargura
E chorando de saudade
Meu coração não resiste
Pra dizer mesmo a verdade
Pra mim já não existe
A tal felicidade

É um ditado muito certo
Quem ama nunca esquece
Que tem seu amor distante
Chora, suspira e padece
Coração sofre bastante
Saudade no peito cresce
Se você tem outro amor
Seja franca e me esclareça

A.196.A Dança do Bumbum - Sinho Revolução/Gilmar do Samba


"Cheguei, hein ! Estou no Paraíso!
Que abundancia meu irmão!"

Conheci uma menina que veio do sul
Pra dançar o tchan e a dança do tchu tchu
Deu em cima, deu em baixo,
na dança do tchaco
E na garrafinha deu uma raladinha
Agora o Gera Samba mostra pra vocês
A dança do bumbum que pegou de uma vez
Bota a mão no joelho
E da uma baixadinha
Vai mexendo gostoso,
Balancando a bundinha

Agora mexe vai, Mexe, mexe mainha
Agora mexe, Mexe, mexe lourinha
Agora mexe, Mexe, mexe neguinha
Agora mexe Balancando a poupancinha
Mexe, mexe, pro lado
Mede, mexe, pro outro
Vai mexendo embaixo
Vai mexendo gostoso
Vai no sapatinho, vai
Remexendo gostosinho, vai

"Ah, que beleza, que maravilha, isso eh magnifico, mãe!"

A.195.Arreio de Prata - Tito Livid/Rodolfo Aureliano


D7/A D/F# E/G
O meu cavalo dos arreios prateados
Em C B7 Em
E a namorada, muito amada, agarrada na garupa
D7/A D/F# E/G
Me protegendo dos malefícios da vida
Em C B7 Em
E agarrada, muito amada, na garupa do cavalo

E/G B7/Eb B7 Em E/G C B7 Em
Iê, iê... arreio de prata, uou, uou meu todo prateado

D7/A D/F# E/G
Muita boiada, muita cerca colocada
Em C B7 Em
E as meninas proibidas de fazer amor mais cedo
D7/A D/F# E/G
E o meu cavalo e a sua égua malhada
Em C B7 Em
Fazendo amor no terreiro da morada das meninas

D7/A D/F# E/G
E relinchavam, pois gozavam liberdade
Em C B7 Em
E as meninas não podiam nem gozar da vaidade
D7/A D/F# E/G
E as meninas peçonhavam com a cidade
Em C B7 Em
E com os rapazes que por ventura encontrassem

D7/A D/F# E/G
E olhavam tanto para o meu cavalo |
Em C B7 Em |2x

A.194.Acender as Velas - Zé Keti


Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer

A.193.Ana Tô Fora - Almir Rouche


Os seus olhos não me dizem mais
o que eu queria saber
Daquele tempo, tempo que ficou
que eu só pensava em você
E você não me ama mais
diz que nem me quer
Quantas vezes eu andei atrás dessa mulher

Há eu não aguento mais...
Vou cair fora, sei que tenho tempo
Há eu não aguento mais...
Quando a gente ama a gente se engana

Ô...Ô Ana
Ô...Ô tô fora...

A.192.Ai Ioio - Henrique Volefer/Lima Peixoto


Ai, Ioiô!
Eu nasci pra sofrê
Fui oiá pra você,
Meus oinho fechou!
E quando os óio eu abri,
Quis gritá, quis fugi,
Mas você,
Eu não sei por quê,
Você me chamô!

Ai, Ioiô,
Tenha pena de mim
Meu Sinhô do Bonfim
Pode inté se zangá
Se ele um dia soubé
Que você é que é,
O Ioiô de Iaiá!

Chorei toda noite
E pensei
Nos beijos de amô
Que te dei,
Ioiô, meu benzinho,
Do meu coração
Me leva pra casa
Me deixa mais não.

A.191.A festa do Cutuca - Chico Viola


Vamos todo mundo
Lá na festa do Cutuca
É uma festa maluca
Vai ser de arrepiar
É uma coisa nova
Uma coisa diferente
Vai mexer com toda gente
ninguem vai poder parar

Até o sanfoneiro
vai ter que ser cutucado
Assim vai ser avisado
Bem na hora de tocar
É uma coisa nova
Que vai pegar de repente
Ouça agora minha gente
Como vai funcionar:

O cavalheiro, quando vai chamar a Dama
Tem que conversar bacana
Pra poder lhe conquistar
Porém na festa do cutuca é de rochedo
Nego cutucou com o dedo
Já começam a dançar

Deixe que eu cutuco
Vamos cutucar
Todo mundo cutucando
Ninguem fica sem dançar
Deixe que eu cutuco
Vamos cutucar
Eu cutuco, tu cutuca
Até o dia clarear

A.190.A Manga Rosa -Ednardo


A manga rosa, Maria Rosa
Rosa Maira Joana
Peitos gostosos, rosados doces mama
Mama mamãe
Teu sumo escorre da minha boca
Entre aberta a porta por onde entra e por onde sai
Por onde entra e sai o mundo, mundo
Balança a grande farta mangueira
E mata a fome morta a fome
Ou Mata imensa mata imensa massa Florados cachos
De verde amarelo maduro fruto
Que pro nosso gozo vem, amém
amem, amém

A.189.Admito que Perdi - Paulinho Moska


Se você não suporta mais tanta realidade
Se tudo tanto faz, nada tem finalidade
Então pra quê viver comigo?

Eu não vou ficar pra ver nossa ponte incendiada
Nossa igreja destruída, nossa estrada rachada
Pela grande explosão que pode acontecer no nosso abrigo

Olhei pro amanhã e não gostei do que vi
Sonhos são como deuses
Quando não se acredita neles, deixam de existir
Lutei por sua alma, mas admito que perdi

E agora vou me perder nesse planeta conhecido
Intuir novos mistérios que ficaram escondidos
Naquelas palavras marcadas na sua carta de Adeus

Meu corpo vai sobreviver mesmo estando ferido
E até na hora de morrer eu não vou me dar por vencido
Porque sei que meus perdões vão estar bem ao lado dos teus

Olhei pro amanhã e não gostei do que vi
Sonhos são como deuses
Quando não se acredita neles, deixam de existir
Lutei por sua alma, mas admito que perdi

A.188.A Terceira Margem do Rio - Milton Nascimento/Caetano Veloso


Oco de pau que diz: eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz, risca certeira
Meio a meio o rio ri, silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz: risca terceira
Água da palavra, água calada, pura
Água da palavra, água de rosa dura
Proa da palavra, duro silêncio, nosso pai,
Margem da palavra entre as escuras duas
Margens da palavra, clareira, luz madura
Rosa da palavra, puro silêncio, nosso pai
Meio a meio o rio ri por entre as árvores da vida
O rio riu, ri por sob a risca da canoa
O rio riu, ri o que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi a voz das águas
Asa da palavra, asa parada agora
Casa da palavra, onde o silêncio mora
Brasa da palavra, a hora clara, nosso pai
Hora da palavra, quando não se diz nada
Fora da palavra, quando mais dentro aflora
Tora da palavra, rio, pau enorme, nosso pai

A.187.A Moçada do Samba - Nato Viola


O Gera Samba já chegou
A moçada do samba que não come nada
O Gera Samba já pintou
A menina bonita que samba
Esse pagode é de arrepiar

Bole, bole, bota a mão na cintura
Desce, desce, oi segura, segura
Sobe, sobe, dá três pulinhos pra trás

Em Salvador você nos encontra
Fazendo um sambinha
Pra você quebrar
Salvador é o espaço do reggae, do axé, do samba
Por aqui todos têm que passar

Bole, bole, bota a mão na cintura
Desce, desce, oi segura, segura
Sobe, sobe, dá três pulinhos pra trás