quarta-feira, 25 de maio de 2011

B.024.Baioque - Chico Buarque

Quando eu canto
Que se cuide
Quem não for meu irmão
O meu canto punhalada
Não conhece perdão

Quando eu rio, rio seco
Como é seco o sertão
Meu sorriso é uma fenda
Escavada no chão

Quando eu choro, é uma enchente
Surpreendendo o verão
É um inveno de repente
Inundando o sertão

Quando eu amo, eu devoro
Todo o meu coração
Eu odeio
Eu adoro numa mesma oração
Quando eu canto
Mamy, não quero seguir
Definhando sol a sol
Me leva daqui
Eu quero partir
Requebrando um rock and roll

Nem quero saber
Como se dança o baião
Eu quero ligar
Eu quero um lugar
No sol de Ipanema
Cinema e televisão.

B.023.Bahia de Todas as Contas - Gilberto Gil

Rompeu-se a guia de todos os santos
Foi Bahia
Prá todos os cantos
Foi Bahia

Prá cada canto uma conta
Prá nação de ponta a ponta
O sentimento bateu
(Ai bateu)

Daquela terra provinha
Tudo que esse povo tinha
De mais puro, de mais seu

Hoje já ninguém duvida
Está na alma
Está na vida
Está na boca do País

E o gosto da comida
E a praça colorida
É assim porque Deus quis

Olorum se mexeu
Rompeu-se a guia...

Prá cada canto uma conta
Prá cada santo uma mata
Um estrela, um rio, um mar
E onde quer que houvesse gente
Brotavam como sementes
As contas desse colar
Hoje a raça está formada
Nossa aventura plantada
Nossa cultura é raiz

É ternura nossa folha
É doçura nossa fruta
É assim porque Deus quis

Olorum se mexeu


Rompeu-se a guia...

B.022.Bela Bela - Milton Nascimento/Ferreira Gular

Bela Bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
BELA BELA
MILTON NASCIMENTO/FERREIRA GULLAR


Bela Bela
mais que bela
mas como era o nome dela?

Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Teresa nem Maria

Seu nome seu nome era...
Perdeu-se na carne fria
Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia
Perdeu-se na profussão das coisas acontecidas
constelações de alfabeto
noites escritas a giz
pastilhas de aniversário
domingos de futebol
enterros corsos comicios
roleta bilhar baralho
mudou de cara e cabelos mudou de olhos e riso
mudou de casa e de tempo: mas está comigo
perdido comigo
teu nome
em alguma gaveta


Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Teresa nem Maria

Seu nome seu nome era...
Perdeu-se na carne fria
Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia
Perdeu-se na profussão das coisas acontecidas
constelações de alfabeto
noites escritas a giz
pastilhas de aniversário
domingos de futebol
enterros corsos comicios
roleta bilhar baralho
mudou de cara e cabelos mudou de olhos e riso
mudou de casa e de tempo: mas está comigo
perdido comigo
teu nome
em alguma gaveta

B.021.Bibelô - Joanna


Novamente a mesma desculpa
Chegou atrasado porque
Esse trânsito horrível
É sempre culpado
Procure entender
Eu não quero tirar de você
O prazer de fingir
Francamente eu só não entendo
O seu coração anda sempre fazendo loucuras
Em nome do amor
E depois
Me aparece abatido
Gritando de dor
Como sempre
Pensando em você
Eu esqueço de mim
Como sempre
Pensando em você
Vou cavando o meu fim
E quem sabe
Amanhã eu desperte
Em nome da dor
E arranque esse anjo escondido
Do canto dos olhos
Que me cega tentando esconder
Essas juras malfeitas de amor
Acontece que já estou cansada
De ser bibelô

B.020.Bola de Meia, Bola de Gude - Milton Nascimento

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Carater, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sussegado
Quaquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão