terça-feira, 27 de agosto de 2013

B.086.Bloco do Prazer - Moraes Moreira/Fausto Nilo


Ouça a Música
Vem meu amor feito louca
Que a vida tá curta
E eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta
A paixão violenta
Oitenta carnavais

Pra libertar meu coração
Eu quero muito mais
Que o som da marcha lenta
Eu quero um novo balancê
E o bloco do prazer
Que a multidão comenta
Não quero oito e nem oitenta
Eu quero o bloco do prazer
E quem não vai querer?

Mamãe mamãe eu quero sim
Quero ser mandarim
Cheirando gasolina
Na fina flor do meu jardim
Assim como carmim
Da boca das meninas
Que a vida arrasa e contamina
O gás que embala o balancê

Vem meu amor feito louca
Que a vida tá curta
E eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta
A paixão violenta
Oitenta carnavais

B.085.Beijo Veneno - Cecéu/Antonio Barros

Teu beijo tem veneno Teu carinho me enlouquece Ah, meu bem, se eu pudesse Me livrar do seu calor Eu saía correndo Me dando a quem me quisesse Por que você não merece Meu coração, meu calor Mas, meu bem, acontece Que você naquela hora Me estraçalha, me devora Com teu jeito sedutor É muito bom É bom demais É tão gostoso O mal que você me faz

B.084.Beco do Siri - Nêgo Júlio/Domingos Sérgio

O ai que ela fazia O ui que ele dizia Era a moqueca de siri Que eles tanto comiam E tinha uma pimenta Que tanto ardia Ela gritava: ai! Ele gritava: ui! Ai, ui, tá ardendo, ui Ai, ui, tá ardendo, pai Lá na rua tem um beco Beco do siri Quando escurece A galera grita assim: Ai, ui, tá ardendo, ui Ui, ai, tá ardendo, pai No silêncio da noite A mulher me chama Estou travado Vou cair na cama Ai, ui, tá ardendo, ui Ui, ai, tá ardendo, pai

B.083.Baião da Penha - Guio de Morais/David Nasser

Demonstrando a minha fé Vou subir a Penha a pé Pra fazer minha oração Vou pedir à padroeira Numa prece verdadeira Que proteja o meu baião Penha, Penha Eu vim aqui me ajoelhar Venha, Venha Trazer paz para o meu lar (2X) Nossa senhora da Penha Minha voz talvez não tenha O poder de te exaltar Mas dê benção padroeira Pra essa gente brasileira Que quer paz pra trabalhar Penha, Penha Eu vim aqui me ajoelhar Venha, Venha Trazer paz para o meu lar (2X)

B.082.Boas Vindas- Caetano Veloso

Sua mãe e eu Seu irmão e eu E a mãe do seu irmão Minha mãe e eu Meus irmãos e eu E os pais da sua mãe E a irmã da sua mãe Lhe damos as boas-vindas Boas-vindas, boas-vindas Venha conhecer a vida Eu digo que ela é gostosa Tem o sol e tem a lua Tem o medo e tem a rosa Eu digo que ela é gostosa Tem a noite e tem o dia A poesia e tem a prosa Eu digo que ela é gostosa Tem a morte e tem o amor E tem o mote e tem a glosa Eu digo que ela é gostosa Eu digo que ela é gostosa Sua mãe e eu Seu irmão e eu E o irmão da sua mãe

B.081.Bambeia - Carlinhos Brown/Ninha

Sambador prepara a roda Para arrepiar a aldeia Quantas léguas faz um pé Quando escuto o rum pi lé Peraí que o corpo bambeia Na escada do Quebra-Bunda Mora uma moça parideira Na quadra da timbalada Tem dez filhas sambadeiras Samba da bochecha inchada Samba da bochecha cheia Vem subir ladeira Peraí que o corpo bambeia Moça da ladeira Peraí que o corpo bambeia Vem subir ladeira Peraí que o corpo bambeia Vem dançar ladeira Peraí que o corpo bambeia Menina da ladeira Peraí que o corpo bambeia Sambador prepara ... Vem subir ladeira Peraí que o corpo bambeia Moça da ladeira Peraí que o corpo bambeia Vem subir ladeira Peraí que o corpo bambeia Dança de ladeira Peraí que o corpo bambeia Lada na ladeira Peraí que o corpo bambeia Menina que sobe e desce ladeira Peraí que o corpo bambeia Vem subir ladeira Peraí que p corpo bambeia Bate mão para sambar

B.080.Beijo em Alto Mar - Bell Marques

Eu nunca vi tantas flores lindas Rosas tão belas assim nunca vi Requebro, molejo, sensuais Um dengo gostoso demais Carnaval nunca acaba Se você me faz um carinho Quando ela chega o medo se vai Traz um perfume na pele Que me satisfaz Bela flor, céu azul Teu corpo no meu corpo, corpo nu Aconchega no meu peito Vem matar esse desejo sem fim Me enche de esperança e vem dançar Quero esse beijo nem que seja em alto mar O teu ciume só me faz enlouquecer Tô viajando nesse sonho de amor com você Vem, vem pra cá Quero esse beijo nem que seja em alto mar Vem, me dizer Tô viajando nesse sonho de amor com você

B.079.Baião de Rua - Nonato Luiz/Fausto Nilo

Olho de menino da cidade Não demora sabe vadiar Carro, geladeira, liberdade Tudo chora pelo seu olhar É um menino nú Que brotou do chão Perto do sinal Perdeu a luz, pedindo pão Quando a lua branca Vai subindo aos pedaços sobre a construção Eu fico sonhando em teus braços E adormeço na televisão Fica tudo azul Quando a noite cai Onde a vida vai Até nascer o sol Somos um, somos dois, somos três No asfalto, somos quatro Contra cinco Somos sete, canivetes Um biscoito pra nós oito E um bilhão pro barão Ô baião do Brasil baião Um anum, dois arroz Três pedrez, pau no gato Pé de pato, pé de pinto Um pivete e sua gilete Não tem bola, quero cola

B.078.Boiadeiro - Armando Cavalcanti/Klecius Caldas

Vai, boiadeiro que o dia já vem Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem De manhanzinha, quando sigo pela estrada Minha boiada prá invernada vou levar São dez cabeça, é muito pouco, é quase nada Mas não tem outras mais bonitas no lugá Vai, boiadeiro que o dia já vem Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem De tardezinha quando venho pela estrada A fiarada vem correndo me abraçá São dez filinho, é muito pouco, é quase nada Mas não tem outros mais bonitos no lugá Vai, boiadeiro que o dia já vem Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem E quando eu chego na cancela da morada Minha Rosinha vem correndo me esperá É pequenina, é miudinha, é quase nada Mas não tem outra mais bonita no lugá

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

B.077.Bateu Saudade - João Lyra/Paulo César Pinheiro

Bateu saudade, coração bate no peito Morena, não tem jeito de esquecer essa paixão Você não sabe, depois da separação Essa saudade não me deixa agir direito Bateu em mim de fazer dó Doeu como ela só A saudade cada vez fica maior Eu não esqueço desse amor lá no começo Era um chamego só Um aconchego só Depois, morena, você disse sem ter pena Que a paixão ficou pequena Me deixou sem seu xodó Mas quanta falta sinto agora em noite alta De um carinho só Um cheirinho só Por isso é que o meu coração Tem essa aflição Toda vez mrena, que eu me deito Deus do céu, como era bom Quanto eu lembro, então Bate a saudade no meu peito, ai ai Era um chamego só Um aconchego só Um carinho só Um cheirinho só Um chamego só Um aconchego só...

B.076.Breve Sopro no Ar - Fauzi Beydown

Distante na estrada O horizonte se apaga Entardecer eternizante Em apenas um instante O olhar se perde no escuro Sem passado ou futuro Só a luz interior Nos faz seguir sem temor Vivendo no mundo Por tão pouco tempo Não mais que um segundo Um breve momento Não se pode estar perdido Não se pode estar Vagando sem um sentido Viajando pra nunca chegar Somente um louco Não ira realizar Que a vida é um sopro Um breve sopro no ar Viagem passageira Até outra fronteira Onde nada se vai levar Nem com todo o ouro Aqui acumulado Se comprará o tesouro Por todos mais cobiçado O tesouro mais precioso De ter sua mente em paz A mente em paz O espiríto livre e pronto A consciência tranquila Em paz com a vida Não há tempo prá intrigas Só o que há de valor e paz A paz interior

B.075.Boi Tradição - Dé Monteverde/Paulinho

Minha emoção Vem do meu coração Minha fantasia é meu boi Meu canto é minha toada Ritmada ao som do tambor Levanta galera vermelha e branca Que o boi garantido chegou Lê, lê, lê, ô, ô Garantido é Alegria é Paz, Harmonia, é Brinquedo De amor

B.074.Brigas - Evaldo Gouveia/Jair Amorim

Veja só, que tolice nós dois brigarmos tanto assim se depois vamos nós a sorrir trocar de bem, enfim. Para que maltratarmos o a mor o amor não se maltrata não. Para que se essa gente o que quer é ver nossa separação. Brigo eu, você briga também por coisas tão banais e o amor em momentos assim, morre um pouquinho mais. E ao morrer então é que se vê, que quem morreu fui eu e foi você, pois sem amor estamos sós, morremos nós. E ao morrer, então é que se vê que quem morreu fui eu e foi você, pois sem amor, estamos sós, morremos nós.

B.073.Borboleta - Domênico Lancellotti

No lago zulu O casulo de seda Da larga lagarta Do corpo de estrela Virada no vento Não vai mais rasteira Terá vida nova Farfalla ligeira Farfalla ligeira borboleta Farfalla ligeira Levada na cor Recorta do ar O cheiro da flor Ruído do mar Mas foge de mim Na borda da mesa Ou pousa no prato De louça chinesa Farfalla ligeira Farfalla ligeira borboleta Farfalla ligeira

B.072.Babilônia Brasileira - Fauzi Betdown

Como pode um país continente? De extensas terras, incontáveis riquezas Dominado por uma elite tão inconsequente, Saqueando o povo, semeando a incerteza. Empresários, políticos,corruptos, oportunistas Constroem seus impérios manipulando a massa, Prepotentes senhores escravagistas, Tão hábeis em suas trapaças A lei do mais forte é sua segurança, Tornando pessoas mais e mais oprimidas, Famílias inteiras sofridas , sem esperanças, Carentes e subnutridas crianças. Brasil babilônia, Terra da pouca vergonha, De que vale tamanha riqueza, Terras boas. Tão bela natureza, Se o povo não pode almejar, Ao menor bem estar, de Ter o pão sobre a mesa. Babilônia brasileira, Paraíso dos safados, Regime do Demônio, Sugando a nação inteira, Capitalismo selvagem, sistema babilônio, Jamais irá suplantar, O sistema e os desígnios de Jah.

B.071.Breve como um Jogo - Fauzi Beydown

A vida é breve como um jogo, Com suas regras, suas leis, Injustiças e malogros, Muitos perdem sua vez. É ganhar ou perder, É lutar pra viver, É ganhar ou perder, É lutar pra viver. Em tudo há uma ciência, A vivência nos leva a reconhecer, Nas angústias, minúcias da existência, A arte e a razão de viver, Porque um dia... Quem perde poderá ganhar, Quem ganha poderá perder, Quem sofre poderá gozar, Quem goza poderá sofrer

B.070.Babilônia em Chamas - Fauzi Beydown

Babilônia em Chamas! Babilônia em Chamas! Chamas da destruição Chamas da destruição... Os dias são esses (Esses!) Dias de hoje (Hoje!) O mundo é confuso Hum! Hum! Mundo imundo... Todos têm suas verdades Todos têm suas mentiras Os sábios da iniqüidade Não temem as chamas da ira Da ira de Jah! (Jah! uh! uh! uh!) Da ira de Jah! (Jah! uh! uh! uh!) Ninguém se lembra de Jah.... Babilônia em Chamas! Babilônia em Chamas! Chamas da destruição Chamas da destruição... Olhe pr'os guetos E veja a escravidão As vítimas da pátria Filhos da opressão Vivendo, sofrendo, morrendo Vivendo, sofrendo, morrendo Prá alimentar Os donos da situação Quem são? Os donos do poder! O cérebro do sistema Hum! Donos da situação... -"Jah-Jah, proteja meus filhos Das Chamas da Destruição" Vaia! Vaia! Vaia! Vaia! Vaia quem não dá plantão! Vaia! Vaia! Vaia! Vaia! Vaia quem não dá plantão!... Babilônia em Chamas! Babilônia em Chamas! Chamas da destruição Chamas da destruição Babilônia em Chamas! Babilônia em Chamas! Chamas da destruição (Chamas!) Chamas da destruição (Chamas!) Chamas da destruição...

B.069.Beatriz - Edú Lobo/Chico Buarque

Olha Será que ela é moça Será que ela é triste Será que é o contrário Será que é pintura O rosto da atriz Se ela dança no sétimo céu Se ela acredita que é outro país E se ela só decora o seu papel E se eu pudesse entrar na sua vida Olha Será que é de louça Será que é de éter Será que é loucura Será que é cenário A casa da atriz Se ela mora num arranha-céu E se as paredes são feitas de giz E se ela chora num quarto de hotel E se eu pudesse entrar na sua vida Sim, me leva para sempre Beatriz Me ensina a não andar com os pés no chão Pra sempre é sempre por um triz Ai, diz quantos desastres tem na minha mão Diz se é perigoso a gente ser feliz Olha Será que é uma estrela Será que é mentira Será que é comédia Será que é divina A vida da atriz Se ela um dia despencar do céu E se os pagantes exigirem bis E se um arcanjo passar o chapéu E se eu pudesse entrar na sua vida

B.068.Brigas Nunca Mais - Tom Jobim/Vinicius de Moraes

Chegou, sorriu, venceu depois chorou Então fui eu quem consolou sua tristeza Na certeza de que o amor tem dessas fases más E é bom para fazer as pazes, mas Depois fui eu quem dela precisou E ela então me socorreu E o nosso amor mostrou que veio prá ficar Mais uma vez por toda a vida Bom é mesmo amar em paz Brigas nunca mais

B.067.Bim Bom - João Gilberto

Dm7 G7 Dm7 G7 Bim bom bim bim bom bom Dm7 G7 Dm7 G7 Dm7 Bim bom bim bim bom bim bom Dm7 G7 Dm7 G7 Bim bom bim bim bom bom Dm7 G7 Dm7 G7 Dm7 E7/4 E7/-9 Bim bom bim bim bom bim bim Am7 Bm7 E7/-9 Am7 Bm7 E7/-9 É só isso o meu baiao E nao tem mais nada nao Am7 A7 Dm7 G7 O meu coraçao pediu assim, só Dm7 G7 Dm7 G7 Bim bom bim bim bom bom Dm7 G7 Dm7 G7 Bim bom bim bim bom bom Dm7 G7 Dm7 G7 Bim bom bim bim bom bom Am7 Bm7 E7/-9 Am7 Bm7 E7/-9 É só isso o meu baiao E nao tem mais nada nao Am7 A7 Dm7 Fm6 Cmaj7

B.066.Bolinha de Papel - Geraldo Pereira

Só tenho medo da falceta Mas adoro a Julieta Como adoro o Papapi do ceu Quero seu amor, minha santinha Mas só não quero que me faça De bolinha de papel . Tiro você do emprego Dou-lhe amor e sossego Vou ao banco E tiro tudo prá você gastar Posso, ó Julieta Lhe mostrar a caderneta Se você duvidar.

B.065.Beleza Pura - Caetano Veloso

Não me amarra dinheiro não Mas formossura Dinheiro não A pele escura Dinheiro não A carne dura Dinheiro não Moça preta do curuzu Beleza pura Federação Beleza pura Boca do Rio Beleza pura Dinheiro não Quando essa preta começa a tratar do cabelo É de se olhar Toda a trama da trança a trança do cabelo Conchas do mar Ela manda buscar pra botar no cabelo Toda minúcia Toda delícia Não me amarra dinheiro não Mas elegância Não me amarra dinheiro não Mas a cultura Dinheiro não A pele escura Dinheiro não A carne dura Dinheiro não Moço lindo do badauê Beleza pura Do lê Aiyê Beleza pura Dinheiro yeah Beleza pura Dinheiro não Dentro daquele turbante do Filho de Ghandi É o que há Tudo é chique demais, tudo é muito elegante Manda botar Fina palha da costa e que tudo se trance Todos os búzios Todos os ócios Não me amarra dinheiro não, mas os mistérios

B.064.Brasil Pandeiro - Assis Valente

C C#° Dm G C Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor C7 F Eu fui na Penha, fui pedir ao Padroeiro para me ajudar G#° G Dm G Salve o Morro do Vintém, Pendura a saia eu quero ver Dm G Dm G C G7 Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar C C#° Dm G C O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada C7 F Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato G#° G Dm G Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará Dm G Dm G C C#° Na Casa Branca já dançou a batucada de ioiô, iaiá F G Em Brasil, esquentai vossos pandeiros Am Dm G C C#° Iluminai os terreiros que nós queremos sambar F G Em Am Dm Há quem sambe diferente noutras terras, noutra gente G C C#° Num batuque de matar F G Em Batucada, Batucada, reunir nossos valores Am Dm Pastorinhas e cantores G C C#° Expressão que não tem par, ó meu Brasil F G Em |Brasil, esquentai vossos pandeiros 2x| Am Dm G C C#° |Iluminai os terreiros que nós queremos sambar G7 C G7 C Ô, ô, sambar, iêiê, sambar... G7 C G7 C

B.063.Baião da Garoa - Hervê Cordovil/Luiz Gonzaga

Na terra seca Quando a safra não é boa Sabiá não entoa Não dá milho e feijão Na Paraíba, Ceará, nas Alagoas Retirantes que passam Vão cantando seu rojão. Tra-lá lá lá lá lá lá Tra-lá lá lá lá lá lá Meu São Pedro me ajude Mande chuva, chuva boa Chuvisqueiro, chuvisquinho Nem que seja uma garoa. Uma vez choveu na terra seca Sabiá então cantou Houve lá tanta fartura Que o retirante voltou. Oil Graças a Deus Choveu, garoou.

B.062.Balada de Madame Frigidaire - Belchior

Ando pós-modernamente apaixonado pela nova geladeira. Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução. Esse eterno feminino do conforto industrial injetou-se em minha veia, dei bandeira! e ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção! Ora! desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante. Uma elétrica doméstica então... Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga! Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amante Virou super-star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra... Puta amiga! Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope se cansaram de dizer: Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, Família pra quem já tem frigidaire? É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher. Eu me confundo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der! Que brancorno abre e fecha sensual dessa Nossa Senhora Ascéptica! Com ela eu saio e traio a televisão, rainha minha e de vocês. Dona frigidaire me come... But no kids double income! Filho compromete a estética! Como Edipo-Rei momo, como e tomo tudo dela... Deleites da frigidez! Inventores de Madame Frigidaire, peço bis! Muito obrigado! Afinal, na geladeira, bem ou mal, pôs-se o futuro do país. E um futuro de terceira, posto assim na geladeira, nunca vai ficar passado. Queira Deus que no fim da orgia, já de cabecinha fria, eu leve um doce gelado! Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer: - Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, e Família pra quem já tem frigidaire? É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher... Mas que trocadilho infame! La vraie Ballade des Dames du Temps Jadis... au contraire!

B.061.Boiada - Almir Sater/Renato Teixeira

Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada E sumiram lá na curva, na curva da vida, na curva da estrada E depois dali pra frete, não se tem notícias, não se sabe nada Nada que dissesse algo De boi, de boiada, de peão de estrada Disse um viajante, história mal contada Ninguém viu, nem rastro, nem homem, nem nada Isso foi há muito tempo, tempo em que a tropa ainda viajava Com seus fados e pelegos no rangeu do arreio ao romper daaurora Tempos de estrelas cadentes, fogueiras ardentes, ao som daviola Dias e meses fluindo, destino seguindo, e a gente indo embora Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história E até hoje em dia quando junta a peãozada Coisas assombradas, verdades juradas Dizem que sumiram, que não existiram Ninguém sabe nada Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada Dias e meses seguindo, destino fluindo, e a gente indo embora Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história E até hoje em dia quando junta a peãozada Coisas assombradas, verdades juradas Dizem que sumiram, que não existiram

B.060.Boeiro do Nabileque - Almir Sater/João Bá

Vai boieiro, rio abaixo Vai levando gado e gente O sol trouxe-me a semente Eh, porto de Corumbá Um amor, toda beleza Como um canto de nobreza Deslizar na veia d'água Eh, rio Paraguai Rio acima, peixe-boi Passarada, matagal Véio bugre entoando Seu antigo ritual Pantaneiro

B.059.Bigorrilho - Sebastião Gomes/Paquito

Lá em casa tem um bigorrilho, Bigorrilho fazia mingau, Bigorrilho foi quem me ensinou, A tirar o cavaco do pau, Trepa Antonio, siri tá pau, Eu também sei tirar, O cavaco do pau. (bis) Dona Dadá, Dona Didi, Seu marido entrou alí, Ele tem que sair, Ele tem que sair, Ele tem que sair, Ele tem que sair.

B.058.Bem me Quer - Thalles

Brilho da noite, minha estrela azul Pedaço de arco-íris Amor por amar, eu vi o sol quando beijei você a primeira vez Eu tenho todo tempo pra brincar Com você, sou apenas um menino Disfarço e faço outra vez Me escondo e te deixo encontrar Sou seu super-herói Deixa pra lá Já fiz de tudo pra encontrar você Joguei bem-me-quer seu bem-me-quer não quis Pra eu ser feliz eu quero amar e amar você

B.057.Beiral - Djavan

Eu juro Te querer enquanto o ouro Do turno da tarde Cair no beiral Foi como Eu disse a você Sem lhe ter falado Meu lado Luz acesa de pescador Bom de mar Quer me ver sonhar Traz a tua vida Mais pra perto de mim Eu juro . . . . . . Mais pra perto de mim. Tarde cai E na descida se acabou de ver O sol do lavrador Brilhara, gritara na sua luz Fez sinal Que um dia desse Deus dará em dobro E finalmente se escondeu A noite vem, que vem E Eu ali Mas não tava à toa Tava contente Tava com meu Bem Num canto da mente Mas não tava à toa Tava contente Tava com meu Bem Num canto da mente Eu juro . . . . . . perto de mim . . .ali Mas não tava à toa Tava contente Tava com meu Bem Num canto da mente Mas não tava à toa Tava contente Tava com meu Bem

B.056.Bilhete - Ivan Lins/Vitor Martins

Quebrei o teu prato Tranquei o meu quarto Bebi teu licor Já arrumei a sala Já fiz tua mala Pus no coredor Eu limpei minha vida Te tirei do meu corpo Ti tirei das entranhas Fiz um tipo de aborto E por fim, nosso caso Acabou, está morto Jogue a cópia da chave Por debaixo da porta Que é pra não ter motivos De pensar numa volta Fique junto dos teus Boa noite, adeus.

B.055.Beira Mar - Capitulo II - Zé Ramalho

Quando o dia morre e a noite avança Óh brisa marinha bafeja e murmura Nos braços divinos da Santa Natura A noite soturna tristonha descansa O mundo adormece e o bar se balança A lua de prata começa a brilhar Jogando reflexos dourados no mar Rasgando o véu negro que envolve o espaço Guardando a metade do grande mormaço Que agita as procelas na beira do mar Em cima da Terra o mar permanece Cheio de enigmas completo de enredos Guardando mistérios e grandes segredos Ciências ocultas que o chão desconhece É bravo gigante que nunca adormece Um minuto apenas não pode parar A Terra girando suspensa no ar Obriga que as águas se movam também Sem obedecerem na terra a ninguém Somente a Netuno que é mestre do mar No mundo da gente qualquer ser humano Que viva pisando no globo terrestre É uma energia que para seu mestre É só contemplar este grande oceano Aonde o poder de um ser soberano Está retratado sem nada faltar Grandezas que o homem não pode imitar Nem mesmo em oitenta milhões de semanas Aonde a ordem supera as humanas No céu e na terra e na beira do mar

B.054.Banquete de Signos - Zé Ramalho

Discutir o cangaço com liberdade É saber da viola, da violência Descobrir nos cabelos inocência É saber da fatal fertilidade Descobrir a cidade da natureza Descobrir a beleza dessa mulher Descobrir o que der boniteza Na peleja do homem que vier, quando vier Descobrir o bagaço dos engenhos No melaço da cana mais um beijo Descobrir os desejos que não tem cura saracura no brejo na novena

B.053.Bloco da Solidão - Evaldo Gouveia/Jair Amorim

Ángústia, solidão Um triste adeus em cada mão Lá vai, meu bloco vai Só deste jeito é que ele sai Na frente sigo eu Levo um estandarte de um amor Amor que se perdeu No carnaval lá vai meu bloco E lá vou eu também Mais uma vez sem ter ninguém No sábado e domingo Segunda e terça-feira E quarta feira vem O ano inteiro é sempre assim Por isso quando eu passar Batam palmas para mim Aplaudam quem sorrir Trazendo lágrimas no olhar Merece uma homenagem Quem tem forças pra cantar Tão grande é minha dor Pede passagem quando sai Comigo só Lá vai meu bloco vai Laiá, laiá, laiá Laiá, laiá, laiá Lalaiá, lalaiá Laiá

B.052.Brasileiramente Linda - Belchior

Olha-me, oh, yes! oh, yes! Brasileiramente linda, oh, yes! oh, yes! Brasileiramente linda. Mente brasileira mente lindamente brasileira Envolve-me, oh, yes! oh, yes! Brasileiramente linda, oh, yes! oh, yes! Lindamente brasileira. Eu não vou querer... O amor somente é tão banal. Busco a paixão fundamental, Edípica e vulgar, De inventar meu próprio ser. Oh! senhora dona cândida, Coberta de ouro e prata: Descubra seu corpo-rosto, Nós queremos ver-lhe a alma. Antes que algum rouxinol Diga que é dia, é de manhã, O sol já vem: here comes the sun! Vem, estrela camponesa, Vênus, nuvem nua, lua nova, anjo fêmea Beija-me, oh, yes! oh, yes! Como se eu fosse um homem livre, oh, yes! oh, yes! Como um gesto primitivo, oh, yes! oh, yes! Do amor humano, animal, substantivo... Do amor humano, moreno, brasileiro. No brasil e no estrangeiro, O maior amor do ano no cinema americano.

A.126.Anos Dourados - Tom Jobim/Chico Buarque

Parece que dizes Te amo, Maria Na fotografia Estamos felizes Te ligo afobada E deixo confissões No gravador Vai ser engraçado Se tens um novo amor Me vejo a teu lado Te amo? Não lembro Parece dezembro De um ano dourado Parece bolero Te quero, te quero Dizer que não quero Teus beijos nunca mais Teus beijos nunca mais Não sei se eu ainda Te esqueço de fato No nosso retrato Pareço tão linda Te ligo ofegante E digo confusões no gravador E desconcertante Rever o grande amor Meus olhos molhados Insanos, dezembros Mas quando me lembro São anos dourados Ainda te quero Bolero, nossos versos são banais Mas como eu espero Teus beijos nunca mais Teus beijos nunca mais

A.125.Achados e Perdidos - Gonzaguinha

Quem me dirá onde está Aquele moço fulano de tal (Filho, marido, irmão, namorado que não voltou mais) Insiste os anúncios nas folhas Dos nossos jornais Achados perdidos, morridos Saudades demais Mas eu pergunto e a reposta É que ninguém sabe Ninguém nunca viu Só sei que não sei Quão sumido ele foi Sei é que ele sumiu E que souber algo Acerca do seu paradeiro Beco das liberdades Estreita e esquecida Uma pequena marginal Dessa imensa Avenida Brasil

A.124.Almanaque - Chico Buarque

Ó menina vai ver nesse almanaque Como é que tudo isso começou Diz quem é que marcava o tic-tac Que a ampulheta do tempo disparou Se mamava de sabe lá que a teta O primeiro bezerro que berrou me diz, me diz Me responde por favor Prá onde vai o meu amor Quando o amor acaba Quem penava no sol a vida inteira Como é que a moleira não rachou me diz, me diz Quem tapava esse sol com a peneira E foi que a peneira esfuracou Me diz, me diz, me diz por favor Quem pintou a bandeira brasileira Que tinha tanto lápis de cor me diz, me diz Me responde por favor Prá onde vai o meu amor Quando o amor acaba Diz quem foi que fez o primeiro teto Que o projeto não desmoronou Quem foi esse pedreiro esse arquiteto E o valente primeiro morador, me diz, me diz Me diz um morador Diz quem foi o inventor do analfabeto E ensinou o alfabeto ao professor me diz, me diz Me responde por favor Prá onde vai o meu amor Quando o amor acaba Quem é que sabe o signo do capeta E o ascendente de deus nosso senhor Nosso senhor Quem não fez a patente da espoleta Explodir na gaveta do inventor me diz, me diz Me diz por favor Quem tava no volante do planeta Que o meu continente capotou Me responde por favor Prá onde vai o meu amor Quando o amor acaba Vê se vê no almanaque, essa menina Como é que termina um grande amor Me diz, me diz Se adianta tomar uma aspirina Ou se bate na quina aquela dor Me diz, me diz Me diz daquela dor Se é chover o ano inteiro chuva fina Ou se é como cair do elevador Me responde por favor Prá que que tudo começou Quando tudo acaba...

A.123.Avião - Djavan

Pode quebrar, sofrer, cair, descer, contorcer de dor Não vou mais me prender a você , fazer o mesmo show Vou bater na porta da vida , receber e pagar Sem ter que me entregar a ninguém , seu muito pra mim É pouco eu quero a paz e viver solto Vai dizer que sou louco... sou não Eu me cansei de ser seu avião não vou voar não Desta vez... Nem me conformar com pouco Seu mundo pra mim é tolo

A.122.Ave Coração - Clodô/Zeca Bahia

Eu sei que existe por ai uma andorinha solta Procurando um verão que se perdeu no tempo Cansou de ser herói do espaço E quer a companhia de outros pássaros É que seu coração de ave, não agüenta tanta solidão Eu sei que eu ando por ai, sou andorinha solta E nem sei a estação em que estou vivendo Não quero ser herói de nada Só quero a companhia de outros braços É que meu coração de homem, voa alto como um pássaro

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A.121.Ave - Ivan Lins/Vitor Martins

Ave, meu condor Ave, planador Sobre os arraiais Sobre os capitais Voa sobre os Andes Acima dos bravos e dos serenos Acima dos grandes e dos pequenos Por sobre a nossa América Ave, meu condor Sombra de avião Sobre os seringais Sobre os pantanais Reina por onde passa Ao som de guitarras, violões e harpas Oh, nuvem de penas, olhos e garras Vigia a nossa América

A.120.Atlântida - Roberto de Carvalho/Rita Lee

Atlântida Reino perdido De ouro e prata Misteriosa cidade Atlântida Terra prometida Dos semideuses Das sereias douradas Eu sou o pescador que parte toda manhã Em busca do tesouro perdido no fundo do mar Desde o Oiapoque Até Nova York se sabe Que o mundo é dos que sonham Que toda lenda é pura verdade Glub, glub, chuá, chuá Glub, glub, chuá

A.119.Amor Barato - Chico Buarque

Eu queria ser Um tipo de compositor Capaz de cantar nosso amor Modesto Um tipo de amor Que é de mendigar cafuné Que é pobre e às vezes nem é Honesto Pechincha de amor Mas que eu faço tanta questão Que se tiver precisão Eu furto Vem cá, meu amor Aguenta o teu cantador Me esquenta porque o cobertor é curto Mas levo esse amor Com o zelo de quem leva o andor Eu velo pelo meu amor Que sonha Que enfim, nosso amor Também pode ter seu valor Também é um tipo de flor Que nem outro tipo de flor Dum tipo que tem Que não deve nada a ninguém Que dá mais que maria-sem-vergonha Eu queria ser Um tipo de compositor Capaz de cantar nosso amor Barato Um tipo de amor Que é de esfarrapar e cerzir Que é de comer e cuspir No prato Mas levo esse amor Com zelo de quem leva o andor Eu velo pelo meu amor Que sonha Que enfim, nosso amor Também pode ter seu valor Também é um tipo de flor Que nem outro tipo de flor Dum tipo que tem Que não deve nada a ninguém Que dá mais que maria-sem-vergonha

A.118.Amor de Índio - Beto Guedes/Ronaldo Bastos

Tudo que move é sagrado E remove as montanhas Com todo o cuidado, meu amor. Enquanto a chama arder Todo dia te ver passar Tudo viver a teu lado Com arco da promessa Do azul pintado, pra durar. Abelha fazendo o mel Vale o tempo que não voou A estrela caiu do céu O pedido que se pensou O destino que se cumpriu De sentir seu calor E ser todo Todo dia hei de viver Para ser o que for E ser tudo Sim, todo amor é sagrado E o fruto do trabalho É mais que sagrado, meu amor. A massa que faz o pão Vale a luz do teu suor Lembra que o sono é sagrado E alimenta de horizontes O tempo acordado, de viver. No inverno te proteger, no verão sair pra pescar No outono te conheçer, primavera poder gostar No estio me derreter Pra na chuva dançar e andar junto O destino que se cumpriu

A.117.As Vitrines - Chico Buarque

Eu te vejo sumir por aí Te avisei que a cidade era um vão Dá tua mão, olha prá mim Não faz assim, não vá lá, não Os letreiros a te colorir Embaraçam a minha visão Eu te vi suspirar de aflição E sair da sessão frouxa de rir Já te vejo brincando gostando de ser Tua sombra a se multiplicar Nos teus olhos também posso ver As vitrines te vendo passar Na galeria, cada clarão É como um dia depois de outro dia Abrindo um salão Passas em exposição Passas sem ver teu vigia Catando a poesia Que entornas no chão

A.116.As Cartas - Chico Buarque

Ilusão Ilusão Veja as coisas como elas são A carroça A dama O louco O trunfo A mão O enforcado A dançarina Numa cortina O encarnado A dançarina, o encantado O encarnado numa cortina O enforcado Ilusão Ilusão Veja as coisas como elas são O curinga A noiva O noivo O sim O não O prateado O cavaleiro No seu espelho Desfigurado O cavaleiro, o prateado Do outro lado do seu espelho Desfigurado Ilusão Ilusão Veja as coisas como elas são A fortuna A roda O raio A imensidão O estrelado O obscuro O seu Embaralhado

A.115.As Minhas Meninas - Chico Buarque

Olha as minhas meninas As minhas meninas Pra onde é que elas vão Se já saem sozinhas As notas da minha canção Vão as minhas meninas Levando destinos Tão iluminados de sim Passam por mim E embaraçam as linhas Da minha mão As meninas são minhas Só minhas na minha ilusão Na canção cristalina Da mina da imaginação Pode o tempo Marcar seus caminhos Nas faces Com as linhas Das noites de não E a solidão Maltratar as meninas As minhas não As meninas são minhas Só minhas As minhas meninas Do meu coração

A.114.A Marcha do Povo Doido - Gonzaguinha

Confesso Matei a Dana de Teffé E muitos mais se você quiser Eu sou qualquer José Mané Dos Santos, da Silva, da Vida Confesso A culpa pela carestia E pela crise de energia Eu sou o dono da OPEP Ou Pepsi, ou Coca ou Cola Confesso Nem precisa bater E confessar me alivia Vem meu bem Me condena com aquela anistia Me manda logo pra cadeia Garanta Um pouco a minha poupança Pois pelo menos estando em cana A minha pança Vai ter um pouco de aveia Ou feijão com areia

A.113.A Voz do Dono e o Dono da Voz - Chico Buarque

Até quem sabe a voz do dono Gostava do dono da voz Casal igual a nós, de entrega e de abandono De guerra e paz, contras e prós Fizeram bodas de ace......tato de fato Assim como os nossos avós O dono prensa a voz, a voz resulta um prato Que gira para todos nós O dono andava com outras doses A voz era de um dono só Deus deu ao dono os dentes Deus deu ao dono as nozes Às vozes Deus só deu seu dó Porém a voz ficou cansada após Cem anos fazendo a santa Somhou se desatar de tantos nós Nas cordas de outra garganta A louca escorregava nos lençóis Chegou a sonhar amantes E, rouca, regalar os seus bemóis Em troca de alguns brilhantes Enfim a voz firmou contrato E foi morar com novo algoz Queria se prensar, queria ser um prato Girar e se esquecer, veloz Foi revelada na assembléia-atéia Aquela situação atroz A voz foi infiel, trocando de traquéia E o dono foi perdendo a voz E o dono foi perdendo a linha que tinha E foi perdendo a luz e além E disse: Minha voz, se vós não sereis minha Vós não sereis de mais ninguém

A.112.A Voz do Povo - João do Vale/Luiz Vieira



Meu samba é a voz do povo
Se alguém gostou
Eu posso cantar de novo

Eu fui pedir aumento ao patrão
Fui piorar minha situação
O meu nome foi pra lista
Na mesma hora
Dos que iam ser mandados embora

Eu sou a flor que o vento jogou no chão
Mas ficou um galho
Pra outra flor brotar
A minha flor o vento pode levar
Mas o meu perfume fica boiando no ar

A.111.A Mais Bonita - Chico Buarque

Não, solidão, hoje não quero me retocar Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas Deixo que as águas invadam meu rosto Gosto de me ver chorar Finjo que estão me vendo Eu preciso me mostrar Bonita Pra que os olhos do meu bem Não olhem mais ninguém Quando eu me revelar Da forma mais bonita Pra saber como levar todos Os desejos que ele tem Ao me ver passar Bonita Hoje eu arrasei Na casa de espelhos Espalho os meus rostos E finjo que finjo que finjo Que não sei

A.110.A Página do Relâmpago Elétrico - Beto Guedes/Ronaldo Bastos

Abre a folha do livro Que eu lhe dou para guardar E desata o nó dos cinco sentidos Para se soltar Que nem o som clareia o céu nem é de manhã E anda debaixo do chão Mas avoa que nem asa de avião Pra rolar e viver levando jeito De seguir rolando Que nem canção de amor no firmamento Que alguém pegou no ar E depois jogou no mar Pra viver do outro lado da vida E saber atravessar Prosseguir viagem numa garrafa Onde o mar levar Que é a luz que vai tescer o motor da lenda Cruzando o céu do sertão E um cego canta até arrebentar O sertão vai virar mar O mar vai virar sertão Não ter medo de nenhuma careta Que pretende assustar Encontrar o coração do planeta E mandar parar Pra dar um tempo de prestar atenção nas coisas Fazer um minuto de paz Um silêncio que ninguém esquece mais Que nem ronco do trovão Que eu lhe dou para guardar A paixão é que nem cobra de vidro E também pode quebrar Faz o jogo e abre a folha do livro Apresenta o ás Pra renascer em cada pedaço que ficou E o grande amor vai juntar E é coisa que ninguém separa mais Que nem ronco de trovão Que eu lhe dou para guardar

A.109.A cidade contra o crime - Gonzaguinha

Estava dando uns bordejos pelai Quando derrepente a figura apareceu E dente tantos me escolheu Mas o barulho da cidade está Tão grande que eu não pude nem ouvir Quando o pinta me rendeu Não se move aí, ô meu Mas que pinóia, eu, o rei da paranóia Que não largo a minha bóia Mesmo quando estou a pé Como é que eu dou esse azarão Eu faço parte desse medo coletivo Já não sei nem se confio na polícia ou no ladrão (a barra não ta mole não ladrão já tem que andar Com plaqueta de identificação A dita anda dura mesmo com a abertura) O cara disse: Fica quieto vai tirando toda roupa De conforme o que está no meu direito E eu só via defeito A que eu vestia estava toda emburacada Remendada, esfarrapada, bem puída no maltrato Vou tentar fazer um trato Pensei depressa adonde estava aquela quina Que sobrou do meu trocado que hoje Chamam de salário. trabalhador tu é otário E foi aí que eu notei que o pivete

A.108.A Permuta dos Santos - Edú Lobo/Chico Buarque

[...]Outro recurso muito eficaz, o mais eficaz de todos eles, consiste em ``contrariar'' os santos. [...] levava-se para ali o S. Sebastião da igreja local, trazendo-se, em troca, [...] a imagem do Senhor do Bonfim, tudo processionalmente, com rezas e cânticos. Enquanto não chovia os santos não voltavam para seus lugares. (Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luis da Câmara Cascudo) São José de porcelana vai morar Na matriz da Imaculada Conceição O Bom José desalojado Pode agora despertar E acudir os seus fiéis sem terra, sem trabalho e pão Vai a Virgem de alabastro Conceição Na charola para a igreja do Bonfim A Conceição incomodada Vai ouvir nossa oração Nos livrar da seca, da enxurrada e da estação ruim Bom Jesus de luz neon sai do Bonfim Pra capela de São Carlos Barromeu O bom Jesus contrariado Deve se lembrar enfim De mandar o tempo de fartura que nos prometeu Barromeu pedra-sabão vai pro altar Pertencente à estrela-mãe de Nazaré A Nazaré vai de jumento Pro mosteiro de São Joào E o Evangelista pra basílica de São José Mas se a vida mesmo assim não melhorar Os beatos vão largar a boa-fé E as paróquias com seus santos Tudo fora de lugar Santo que quiser voltar pra casa Só se for a pé

A.107.Ana Raio - Xangai/Jatobá

Pelos prados Rompe rumo seu reinado Pele em pêlo Pelo luar prateado No ar repassando a cortina Do passado Como um raio Rompe um tempo seu cavalo Ana Raio, Ana Raio. Não há pressa Nesse espaço Seu futuro Passo a passo Seu passado Nosso apreço Seu presente Não tem preço É o começo, é o começo Sobre o dorso De um trovão Voa ao vento o coração Sobe aos céus E desce ao chão Num rebento de paixão E entre tropas e tropeiros Boiadas, peões, rodeios Vem a vida Em seus anseios Ana Raio, Ana Raio, Ana Raio.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A.106.As voltas que o mundo dá - Lenine/Dudú Falcão

Ele paga qualquer preço Pra ser o numero 1 Vive a vida pelo avesso Veio de lugar nenhum Trovoada deu no céu Nos olhos da cascavel A vingança é mais comum Ele sabe dos atalhos Nas estradas da razão Ele só conhece o mundo De rodeio e caminhão Ele cela o seu destino e quer chegar Onde o vento lhe levar Ele não conhece o medo Quando chega o desafio Ele guarda o seu segredo Dentro de um olhar vazio Ele cela o seu destino e quer chegar Onde o vento lhe levar Peão, as voltas que o mundo dá Dirão, aonde você vai chegar.

A.105.Atrás Poeira - Ivan Lins/Vitor Martins

Ele pegou um baio E como um Raio Sumiu no atalho Na algibeira Tinha um retrato E um Baralho Na frente nada Atrás poeira Atrás porteira Atrás da Rita Que foi bonita Que anda bebendo Que anda correndo Atrás do tempo e dos rapazes Que eram capazes De ir a fundo E dar o mundo De dar o brilho Que as mulheres Tem Quando casam e lhes dão filhos Tava perdido Mas é sabido Que nessa horas Só os amigos São quem socorre José de porre Tá com malfeito Antonio morre Daquele jeito Tão novo ainda Deixou Bemvinda Que era linda Pro Zé Calixto Que era mal-visto Por todo lado Ladrão de gado Ganhou dinheiro Virou posseiro Montou garimpo E anda limpo Perdeu o cheiro Quem tem os homens Quando trabalham E na Tocaia É o que se fala Que aquela bala Era pra ele Não pro parceiro Pro violeiro que andava a esmo Que era mesmo Bom companheiro E já que agora Tá tudo fora Tudo partido E sem sentido Não tem sentido Ter na algibeira O seu retrato e o seu baralho É ele o baio E nada mais.

A.104.Acontece - Cartola

Esquece nosso amor Vê se esquece Porque tudo no mundo acontece E acontece que já não sei mais amar Vais chorar vais sofrer E você não merece Mas isso acontece Acontece que meu coraçao Ficou frio E nosso ninho de amor está vazio Se eu ainda pudesse fingir que Te amo Ai, se eu pudesse Mas não quero não devo fazê-lo isso não acontece

A.103.Assim Assado - João Ricardo

São duas horas da madrugada de um dia assim um velho anda de terno velho assim assim quando aparece o guarda belo quando aparece o guarda belo É posto em cena fazendo cena um treco assim bem apontado nariz chato assim assim Quando aparece a cor do velho Quando aparece a cor do velho Mas guarda belo não acredita na cor assim ele decide o terno velho assim assim porque ele quer o velho assado porque ele quer o velho assado mas mesmo assim o velho morre assim assim e o guarda belo é o heroi assim assado por que é preciso ser assim assado por que é preciso ser assim assado

A.102.Alma - Sueli Costa/Abel Silva

Há almas que têm as dores secretas as portas abertas sempre pra dor há almas que têm juízo e vontades alguma bondade e algum amor há almas que têm espaços vazios amores vadios restos de emoção há almas que têm a mais louca alegria que é quase agonia quase profissão a minha alma tem um corpo moreno nem sempre sereno nem sempre explosão feliz esta alma que vive comigo que vai onde eu sigo o meu coração