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terça-feira, 27 de agosto de 2013
B.086.Bloco do Prazer - Moraes Moreira/Fausto Nilo
Ouça a Música
Vem meu amor feito louca
Que a vida tá curta
E eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta
A paixão violenta
Oitenta carnavais
Pra libertar meu coração
Eu quero muito mais
Que o som da marcha lenta
Eu quero um novo balancê
E o bloco do prazer
Que a multidão comenta
Não quero oito e nem oitenta
Eu quero o bloco do prazer
E quem não vai querer?
Mamãe mamãe eu quero sim
Quero ser mandarim
Cheirando gasolina
Na fina flor do meu jardim
Assim como carmim
Da boca das meninas
Que a vida arrasa e contamina
O gás que embala o balancê
Vem meu amor feito louca
Que a vida tá curta
E eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta
A paixão violenta
Oitenta carnavais
B.085.Beijo Veneno - Cecéu/Antonio Barros
Teu beijo tem veneno
Teu carinho me enlouquece
Ah, meu bem, se eu pudesse
Me livrar do seu calor
Eu saía correndo
Me dando a quem me quisesse
Por que você não merece
Meu coração, meu calor
Mas, meu bem, acontece
Que você naquela hora
Me estraçalha, me devora
Com teu jeito sedutor
É muito bom
É bom demais
É tão gostoso
O mal que você me faz
B.084.Beco do Siri - Nêgo Júlio/Domingos Sérgio
O ai que ela fazia
O ui que ele dizia
Era a moqueca de siri
Que eles tanto comiam
E tinha uma pimenta
Que tanto ardia
Ela gritava: ai!
Ele gritava: ui!
Ai, ui, tá ardendo, ui
Ai, ui, tá ardendo, pai
Lá na rua tem um beco
Beco do siri
Quando escurece
A galera grita assim:
Ai, ui, tá ardendo, ui
Ui, ai, tá ardendo, pai
No silêncio da noite
A mulher me chama
Estou travado
Vou cair na cama
Ai, ui, tá ardendo, ui
Ui, ai, tá ardendo, pai
B.083.Baião da Penha - Guio de Morais/David Nasser
Demonstrando a minha fé
Vou subir a Penha a pé
Pra fazer minha oração
Vou pedir à padroeira
Numa prece verdadeira
Que proteja o meu baião
Penha, Penha
Eu vim aqui me ajoelhar
Venha, Venha
Trazer paz para o meu lar (2X)
Nossa senhora da Penha
Minha voz talvez não tenha
O poder de te exaltar
Mas dê benção padroeira
Pra essa gente brasileira
Que quer paz pra trabalhar
Penha, Penha
Eu vim aqui me ajoelhar
Venha, Venha
Trazer paz para o meu lar (2X)
B.082.Boas Vindas- Caetano Veloso
Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E a mãe do seu irmão
Minha mãe e eu
Meus irmãos e eu
E os pais da sua mãe
E a irmã da sua mãe
Lhe damos as boas-vindas
Boas-vindas, boas-vindas
Venha conhecer a vida
Eu digo que ela é gostosa
Tem o sol e tem a lua
Tem o medo e tem a rosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a noite e tem o dia
A poesia e tem a prosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a morte e tem o amor
E tem o mote e tem a glosa
Eu digo que ela é gostosa
Eu digo que ela é gostosa
Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E o irmão da sua mãe
B.081.Bambeia - Carlinhos Brown/Ninha
Sambador prepara a roda
Para arrepiar a aldeia
Quantas léguas faz um pé
Quando escuto o rum pi lé
Peraí que o corpo bambeia
Na escada do Quebra-Bunda
Mora uma moça parideira
Na quadra da timbalada
Tem dez filhas sambadeiras
Samba da bochecha inchada
Samba da bochecha cheia
Vem subir ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Moça da ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Vem subir ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Vem dançar ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Menina da ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Sambador prepara ...
Vem subir ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Moça da ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Vem subir ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Dança de ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Lada na ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Menina que sobe e desce ladeira
Peraí que o corpo bambeia
Vem subir ladeira
Peraí que p corpo bambeia
Bate mão para sambar
B.080.Beijo em Alto Mar - Bell Marques
Eu nunca vi tantas flores lindas
Rosas tão belas assim nunca vi
Requebro, molejo, sensuais
Um dengo gostoso demais
Carnaval nunca acaba
Se você me faz um carinho
Quando ela chega o medo se vai
Traz um perfume na pele
Que me satisfaz
Bela flor, céu azul
Teu corpo no meu corpo, corpo nu
Aconchega no meu peito
Vem matar esse desejo sem fim
Me enche de esperança e vem dançar
Quero esse beijo nem que seja em alto mar
O teu ciume só me faz enlouquecer
Tô viajando nesse sonho de amor com você
Vem, vem pra cá
Quero esse beijo nem que seja em alto mar
Vem, me dizer
Tô viajando nesse sonho de amor com você
B.079.Baião de Rua - Nonato Luiz/Fausto Nilo
Olho de menino da cidade
Não demora sabe vadiar
Carro, geladeira, liberdade
Tudo chora pelo seu olhar
É um menino nú
Que brotou do chão
Perto do sinal
Perdeu a luz, pedindo pão
Quando a lua branca
Vai subindo aos pedaços sobre a construção
Eu fico sonhando em teus braços
E adormeço na televisão
Fica tudo azul
Quando a noite cai
Onde a vida vai
Até nascer o sol
Somos um, somos dois, somos três
No asfalto, somos quatro
Contra cinco
Somos sete, canivetes
Um biscoito pra nós oito
E um bilhão pro barão
Ô baião
do Brasil baião
Um anum, dois arroz
Três pedrez, pau no gato
Pé de pato, pé de pinto
Um pivete e sua gilete
Não tem bola, quero cola
B.078.Boiadeiro - Armando Cavalcanti/Klecius Caldas
Vai, boiadeiro que o dia já vem
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem
De manhanzinha, quando sigo pela estrada
Minha boiada prá invernada vou levar
São dez cabeça, é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outras mais bonitas no lugá
Vai, boiadeiro que o dia já vem
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem
De tardezinha quando venho pela estrada
A fiarada vem correndo me abraçá
São dez filinho, é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outros mais bonitos no lugá
Vai, boiadeiro que o dia já vem
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem
E quando eu chego na cancela da morada
Minha Rosinha vem correndo me esperá
É pequenina, é miudinha, é quase nada
Mas não tem outra mais bonita no lugá
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
B.077.Bateu Saudade - João Lyra/Paulo César Pinheiro
Bateu saudade, coração bate no peito
Morena, não tem jeito de esquecer essa paixão
Você não sabe, depois da separação
Essa saudade não me deixa agir direito
Bateu em mim de fazer dó
Doeu como ela só
A saudade cada vez fica maior
Eu não esqueço desse amor lá no começo
Era um chamego só
Um aconchego só
Depois, morena, você disse sem ter pena
Que a paixão ficou pequena
Me deixou sem seu xodó
Mas quanta falta sinto agora em noite alta
De um carinho só
Um cheirinho só
Por isso é que o meu coração
Tem essa aflição
Toda vez mrena, que eu me deito
Deus do céu, como era bom
Quanto eu lembro, então
Bate a saudade no meu peito, ai ai
Era um chamego só
Um aconchego só
Um carinho só
Um cheirinho só
Um chamego só
Um aconchego só...
B.076.Breve Sopro no Ar - Fauzi Beydown
Distante na estrada
O horizonte se apaga
Entardecer eternizante
Em apenas um instante
O olhar se perde no escuro
Sem passado ou futuro
Só a luz interior
Nos faz seguir sem temor
Vivendo no mundo
Por tão pouco tempo
Não mais que um segundo
Um breve momento
Não se pode estar perdido
Não se pode estar
Vagando sem um sentido
Viajando pra nunca chegar
Somente um louco
Não ira realizar
Que a vida é um sopro
Um breve sopro no ar
Viagem passageira
Até outra fronteira
Onde nada se vai levar
Nem com todo o ouro
Aqui acumulado
Se comprará o tesouro
Por todos mais cobiçado
O tesouro mais precioso
De ter sua mente em paz
A mente em paz
O espiríto livre e pronto
A consciência tranquila
Em paz com a vida
Não há tempo prá intrigas
Só o que há de valor e paz
A paz interior
B.075.Boi Tradição - Dé Monteverde/Paulinho
Minha emoção
Vem do meu coração
Minha fantasia é meu boi
Meu canto é minha toada
Ritmada ao som do tambor
Levanta galera vermelha e branca
Que o boi garantido chegou
Lê, lê, lê, ô, ô
Garantido é
Alegria é
Paz,
Harmonia, é
Brinquedo
De amor
B.074.Brigas - Evaldo Gouveia/Jair Amorim
Veja só, que tolice nós dois
brigarmos tanto assim
se depois vamos nós a sorrir
trocar de bem, enfim.
Para que maltratarmos o a mor
o amor não se maltrata não.
Para que se essa gente o que quer
é ver nossa separação.
Brigo eu, você briga também
por coisas tão banais
e o amor em momentos assim,
morre um pouquinho mais.
E ao morrer então é que se vê,
que quem morreu fui eu e foi você,
pois sem amor
estamos sós,
morremos nós.
E ao morrer, então é que se vê
que quem morreu fui eu e foi você,
pois sem amor,
estamos sós,
morremos nós.
B.073.Borboleta - Domênico Lancellotti
No lago zulu
O casulo de seda
Da larga lagarta
Do corpo de estrela
Virada no vento
Não vai mais rasteira
Terá vida nova
Farfalla ligeira
Farfalla ligeira borboleta
Farfalla ligeira
Levada na cor
Recorta do ar
O cheiro da flor
Ruído do mar
Mas foge de mim
Na borda da mesa
Ou pousa no prato
De louça chinesa
Farfalla ligeira
Farfalla ligeira borboleta
Farfalla ligeira
B.072.Babilônia Brasileira - Fauzi Betdown
Como pode um país continente?
De extensas terras, incontáveis riquezas
Dominado por uma elite tão inconsequente,
Saqueando o povo, semeando a incerteza.
Empresários, políticos,corruptos, oportunistas
Constroem seus impérios manipulando a massa,
Prepotentes senhores escravagistas,
Tão hábeis em suas trapaças
A lei do mais forte é sua segurança,
Tornando pessoas mais e mais oprimidas,
Famílias inteiras sofridas , sem esperanças,
Carentes e subnutridas crianças.
Brasil babilônia,
Terra da pouca vergonha,
De que vale tamanha riqueza,
Terras boas. Tão bela natureza,
Se o povo não pode almejar,
Ao menor bem estar, de Ter o pão sobre a mesa.
Babilônia brasileira,
Paraíso dos safados,
Regime do Demônio,
Sugando a nação inteira,
Capitalismo selvagem, sistema babilônio,
Jamais irá suplantar,
O sistema e os desígnios de Jah.
B.071.Breve como um Jogo - Fauzi Beydown
A vida é breve como um jogo,
Com suas regras, suas leis,
Injustiças e malogros,
Muitos perdem sua vez.
É ganhar ou perder,
É lutar pra viver,
É ganhar ou perder,
É lutar pra viver.
Em tudo há uma ciência,
A vivência nos leva a reconhecer,
Nas angústias, minúcias da existência,
A arte e a razão de viver,
Porque um dia...
Quem perde poderá ganhar,
Quem ganha poderá perder,
Quem sofre poderá gozar,
Quem goza poderá sofrer
B.070.Babilônia em Chamas - Fauzi Beydown
Babilônia em Chamas!
Babilônia em Chamas!
Chamas da destruição
Chamas da destruição...
Os dias são esses
(Esses!)
Dias de hoje
(Hoje!)
O mundo é confuso
Hum! Hum!
Mundo imundo...
Todos têm suas verdades
Todos têm suas mentiras
Os sábios da iniqüidade
Não temem as chamas da ira
Da ira de Jah!
(Jah! uh! uh! uh!)
Da ira de Jah!
(Jah! uh! uh! uh!)
Ninguém se lembra de Jah....
Babilônia em Chamas!
Babilônia em Chamas!
Chamas da destruição
Chamas da destruição...
Olhe pr'os guetos
E veja a escravidão
As vítimas da pátria
Filhos da opressão
Vivendo, sofrendo, morrendo
Vivendo, sofrendo, morrendo
Prá alimentar
Os donos da situação
Quem são?
Os donos do poder!
O cérebro do sistema
Hum!
Donos da situação...
-"Jah-Jah, proteja meus filhos
Das Chamas da Destruição"
Vaia! Vaia! Vaia! Vaia!
Vaia quem não dá plantão!
Vaia! Vaia! Vaia! Vaia!
Vaia quem não dá plantão!...
Babilônia em Chamas!
Babilônia em Chamas!
Chamas da destruição
Chamas da destruição
Babilônia em Chamas!
Babilônia em Chamas!
Chamas da destruição
(Chamas!)
Chamas da destruição
(Chamas!)
Chamas da destruição...
B.069.Beatriz - Edú Lobo/Chico Buarque
Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva para sempre Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Pra sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida
Marcadores:
Chico Buarque,
Edú Lobo,
Letra B
B.068.Brigas Nunca Mais - Tom Jobim/Vinicius de Moraes
Chegou, sorriu, venceu depois chorou
Então fui eu quem consolou sua tristeza
Na certeza de que o amor tem dessas fases más
E é bom para fazer as pazes, mas
Depois fui eu quem dela precisou
E ela então me socorreu
E o nosso amor mostrou que veio prá ficar
Mais uma vez por toda a vida
Bom é mesmo amar em paz
Brigas nunca mais
Marcadores:
Letra B,
Tom Jobim,
Vinícius de Moraes
B.067.Bim Bom - João Gilberto
Dm7 G7 Dm7 G7
Bim bom bim bim bom bom
Dm7 G7 Dm7 G7 Dm7
Bim bom bim bim bom bim bom
Dm7 G7 Dm7 G7
Bim bom bim bim bom bom
Dm7 G7 Dm7 G7 Dm7 E7/4 E7/-9
Bim bom bim bim bom bim bim
Am7 Bm7 E7/-9 Am7 Bm7 E7/-9
É só isso o meu baiao E nao tem mais nada nao
Am7 A7 Dm7 G7
O meu coraçao pediu assim, só
Dm7 G7 Dm7 G7
Bim bom bim bim bom bom
Dm7 G7 Dm7 G7
Bim bom bim bim bom bom
Dm7 G7 Dm7 G7
Bim bom bim bim bom bom
Am7 Bm7 E7/-9 Am7 Bm7 E7/-9
É só isso o meu baiao E nao tem mais nada nao
Am7 A7 Dm7 Fm6 Cmaj7
B.066.Bolinha de Papel - Geraldo Pereira
Só tenho medo da falceta
Mas adoro a Julieta
Como adoro o Papapi do ceu
Quero seu amor, minha santinha
Mas só não quero que me faça
De bolinha de papel .
Tiro você do emprego
Dou-lhe amor e sossego
Vou ao banco
E tiro tudo prá você gastar
Posso, ó Julieta
Lhe mostrar a caderneta
Se você duvidar.
B.065.Beleza Pura - Caetano Veloso
Não me amarra dinheiro não
Mas formossura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moça preta do curuzu
Beleza pura
Federação
Beleza pura
Boca do Rio
Beleza pura
Dinheiro não
Quando essa preta começa
a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança
a trança do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra botar
no cabelo
Toda minúcia
Toda delícia
Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moço lindo do badauê
Beleza pura
Do lê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não
Dentro daquele turbante
do Filho de Ghandi
É o que há
Tudo é chique demais, tudo é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa e que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não, mas os mistérios
B.064.Brasil Pandeiro - Assis Valente
C C#° Dm G C
Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
C7 F
Eu fui na Penha, fui pedir ao Padroeiro para me ajudar
G#° G Dm G
Salve o Morro do Vintém, Pendura a saia eu quero ver
Dm G Dm G C G7
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
C C#° Dm G C
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
C7 F
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
G#° G Dm G
Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará
Dm G Dm G C C#°
Na Casa Branca já dançou a batucada de ioiô, iaiá
F G Em
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Am Dm G C C#°
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
F G Em Am Dm
Há quem sambe diferente noutras terras, noutra gente
G C C#°
Num batuque de matar
F G Em
Batucada, Batucada, reunir nossos valores
Am Dm
Pastorinhas e cantores
G C C#°
Expressão que não tem par, ó meu Brasil
F G Em
|Brasil, esquentai vossos pandeiros
2x| Am Dm G C C#°
|Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
G7 C G7 C
Ô, ô, sambar, iêiê, sambar...
G7 C G7 C
B.063.Baião da Garoa - Hervê Cordovil/Luiz Gonzaga
Na terra seca
Quando a safra não é boa
Sabiá não entoa
Não dá milho e feijão
Na Paraíba, Ceará, nas Alagoas
Retirantes que passam
Vão cantando seu rojão.
Tra-lá lá lá lá lá lá
Tra-lá lá lá lá lá lá
Meu São Pedro me ajude
Mande chuva, chuva boa
Chuvisqueiro, chuvisquinho
Nem que seja uma garoa.
Uma vez choveu na terra seca
Sabiá então cantou
Houve lá tanta fartura
Que o retirante voltou.
Oil Graças a Deus
Choveu, garoou.
B.062.Balada de Madame Frigidaire - Belchior
Ando pós-modernamente apaixonado pela nova geladeira.
Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução.
Esse eterno feminino do conforto industrial injetou-se em minha veia, dei bandeira!
e ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção!
Ora! desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante.
Uma elétrica doméstica então... Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga!
Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amante
Virou super-star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra... Puta amiga!
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope se cansaram de dizer:
Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, Família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher.
Eu me confundo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der!
Que brancorno abre e fecha sensual dessa Nossa Senhora Ascéptica!
Com ela eu saio e traio a televisão, rainha minha e de vocês.
Dona frigidaire me come... But no kids double income! Filho compromete a estética!
Como Edipo-Rei momo, como e tomo tudo dela... Deleites da frigidez!
Inventores de Madame Frigidaire, peço bis! Muito obrigado!
Afinal, na geladeira, bem ou mal, pôs-se o futuro do país.
E um futuro de terceira, posto assim na geladeira, nunca vai ficar passado.
Queira Deus que no fim da orgia, já de cabecinha fria, eu leve um doce gelado!
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer:
- Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, e Família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher...
Mas que trocadilho infame! La vraie Ballade des Dames du Temps Jadis... au contraire!
B.061.Boiada - Almir Sater/Renato Teixeira
Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada
Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada
E sumiram lá na curva, na curva da vida, na curva da estrada
E depois dali pra frete, não se tem notícias, não se sabe nada
Nada que dissesse algo
De boi, de boiada, de peão de estrada
Disse um viajante, história mal contada
Ninguém viu, nem rastro, nem homem, nem nada
Isso foi há muito tempo, tempo em que a tropa ainda viajava
Com seus fados e pelegos no rangeu do arreio ao romper daaurora
Tempos de estrelas cadentes, fogueiras ardentes, ao som daviola
Dias e meses fluindo, destino seguindo, e a gente indo embora
Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história
E até hoje em dia quando junta a peãozada
Coisas assombradas, verdades juradas
Dizem que sumiram, que não existiram
Ninguém sabe nada
Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada
Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada
Dias e meses seguindo, destino fluindo, e a gente indo embora
Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história
E até hoje em dia quando junta a peãozada
Coisas assombradas, verdades juradas
Dizem que sumiram, que não existiram
B.060.Boeiro do Nabileque - Almir Sater/João Bá
Vai boieiro, rio abaixo
Vai levando gado e gente
O sol trouxe-me a semente
Eh, porto de Corumbá
Um amor, toda beleza
Como um canto de nobreza
Deslizar na veia d'água
Eh, rio Paraguai
Rio acima, peixe-boi
Passarada, matagal
Véio bugre entoando
Seu antigo ritual
Pantaneiro
B.059.Bigorrilho - Sebastião Gomes/Paquito
Lá em casa tem um bigorrilho,
Bigorrilho fazia mingau,
Bigorrilho foi quem me ensinou,
A tirar o cavaco do pau,
Trepa Antonio, siri tá pau,
Eu também sei tirar,
O cavaco do pau.
(bis)
Dona Dadá, Dona Didi,
Seu marido entrou alí,
Ele tem que sair,
Ele tem que sair,
Ele tem que sair,
Ele tem que sair.
B.058.Bem me Quer - Thalles
Brilho da noite, minha estrela azul
Pedaço de arco-íris
Amor por amar, eu vi o sol quando beijei você
a primeira vez
Eu tenho todo tempo pra brincar
Com você, sou apenas um menino
Disfarço e faço outra vez
Me escondo e te deixo encontrar
Sou seu super-herói
Deixa pra lá
Já fiz de tudo pra encontrar você
Joguei bem-me-quer
seu bem-me-quer não quis
Pra eu ser feliz eu quero amar e amar você
B.057.Beiral - Djavan
Eu juro
Te querer enquanto o ouro
Do turno da tarde
Cair no beiral
Foi como Eu disse a você
Sem lhe ter falado
Meu lado
Luz acesa de pescador
Bom de mar
Quer me ver sonhar
Traz a tua vida
Mais pra perto de mim
Eu juro . . .
. . . Mais pra perto de mim.
Tarde cai
E na descida se acabou de ver
O sol do lavrador
Brilhara, gritara na sua luz
Fez sinal
Que um dia desse
Deus dará em dobro
E finalmente se escondeu
A noite vem, que vem
E Eu ali
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Eu juro . . .
. . . perto de mim . . .ali
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
B.056.Bilhete - Ivan Lins/Vitor Martins
Quebrei o teu prato
Tranquei o meu quarto
Bebi teu licor
Já arrumei a sala
Já fiz tua mala
Pus no coredor
Eu limpei minha vida
Te tirei do meu corpo
Ti tirei das entranhas
Fiz um tipo de aborto
E por fim, nosso caso
Acabou, está morto
Jogue a cópia da chave
Por debaixo da porta
Que é pra não ter motivos
De pensar numa volta
Fique junto dos teus
Boa noite, adeus.
B.055.Beira Mar - Capitulo II - Zé Ramalho
Quando o dia morre e a noite avança
Óh brisa marinha bafeja e murmura
Nos braços divinos da Santa Natura
A noite soturna tristonha descansa
O mundo adormece e o bar se balança
A lua de prata começa a brilhar
Jogando reflexos dourados no mar
Rasgando o véu negro que envolve o espaço
Guardando a metade do grande mormaço
Que agita as procelas na beira do mar
Em cima da Terra o mar permanece
Cheio de enigmas completo de enredos
Guardando mistérios e grandes segredos
Ciências ocultas que o chão desconhece
É bravo gigante que nunca adormece
Um minuto apenas não pode parar
A Terra girando suspensa no ar
Obriga que as águas se movam também
Sem obedecerem na terra a ninguém
Somente a Netuno que é mestre do mar
No mundo da gente qualquer ser humano
Que viva pisando no globo terrestre
É uma energia que para seu mestre
É só contemplar este grande oceano
Aonde o poder de um ser soberano
Está retratado sem nada faltar
Grandezas que o homem não pode imitar
Nem mesmo em oitenta milhões de semanas
Aonde a ordem supera as humanas
No céu e na terra e na beira do mar
B.054.Banquete de Signos - Zé Ramalho
Discutir o cangaço com liberdade
É saber da viola, da violência
Descobrir nos cabelos inocência
É saber da fatal fertilidade
Descobrir a cidade da natureza
Descobrir a beleza dessa mulher
Descobrir o que der boniteza
Na peleja do homem que vier, quando vier
Descobrir o bagaço dos engenhos
No melaço da cana mais um beijo
Descobrir os desejos que não tem cura
saracura no brejo na novena
B.053.Bloco da Solidão - Evaldo Gouveia/Jair Amorim
Ángústia, solidão
Um triste adeus em cada mão
Lá vai, meu bloco vai
Só deste jeito é que ele sai
Na frente sigo eu
Levo um estandarte de um amor
Amor que se perdeu
No carnaval lá vai meu bloco
E lá vou eu também
Mais uma vez sem ter ninguém
No sábado e domingo
Segunda e terça-feira
E quarta feira vem
O ano inteiro é sempre assim
Por isso quando eu passar
Batam palmas para mim
Aplaudam quem sorrir
Trazendo lágrimas no olhar
Merece uma homenagem
Quem tem forças pra cantar
Tão grande é minha dor
Pede passagem quando sai
Comigo só
Lá vai meu bloco vai
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Lalaiá, lalaiá
Laiá
B.052.Brasileiramente Linda - Belchior
Olha-me, oh, yes! oh, yes!
Brasileiramente linda, oh, yes! oh, yes!
Brasileiramente linda.
Mente brasileira mente lindamente brasileira
Envolve-me, oh, yes! oh, yes!
Brasileiramente linda, oh, yes! oh, yes!
Lindamente brasileira.
Eu não vou querer...
O amor somente é tão banal.
Busco a paixão fundamental,
Edípica e vulgar,
De inventar meu próprio ser.
Oh! senhora dona cândida,
Coberta de ouro e prata:
Descubra seu corpo-rosto,
Nós queremos ver-lhe a alma.
Antes que algum rouxinol
Diga que é dia, é de manhã,
O sol já vem: here comes the sun!
Vem, estrela camponesa,
Vênus, nuvem nua, lua nova, anjo fêmea
Beija-me, oh, yes! oh, yes!
Como se eu fosse um homem livre, oh, yes! oh, yes!
Como um gesto primitivo, oh, yes! oh, yes!
Do amor humano, animal, substantivo...
Do amor humano, moreno, brasileiro.
No brasil e no estrangeiro,
O maior amor do ano no cinema americano.
A.126.Anos Dourados - Tom Jobim/Chico Buarque
Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
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Letra A,
Tom Jobim
A.125.Achados e Perdidos - Gonzaguinha
Quem me dirá onde está
Aquele moço fulano de tal
(Filho, marido, irmão, namorado que não voltou mais)
Insiste os anúncios nas folhas
Dos nossos jornais
Achados perdidos, morridos
Saudades demais
Mas eu pergunto e a reposta
É que ninguém sabe
Ninguém nunca viu
Só sei que não sei
Quão sumido ele foi
Sei é que ele sumiu
E que souber algo
Acerca do seu paradeiro
Beco das liberdades
Estreita e esquecida
Uma pequena marginal
Dessa imensa Avenida Brasil
A.124.Almanaque - Chico Buarque
Ó menina vai ver nesse almanaque
Como é que tudo isso começou
Diz quem é que marcava o tic-tac
Que a ampulheta do tempo disparou
Se mamava de sabe lá que a teta
O primeiro bezerro que berrou me diz, me diz
Me responde por favor
Prá onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Quem penava no sol a vida inteira
Como é que a moleira não rachou me diz, me diz
Quem tapava esse sol com a peneira
E foi que a peneira esfuracou
Me diz, me diz, me diz por favor
Quem pintou a bandeira brasileira
Que tinha tanto lápis de cor me diz, me diz
Me responde por favor
Prá onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Diz quem foi que fez o primeiro teto
Que o projeto não desmoronou
Quem foi esse pedreiro esse arquiteto
E o valente primeiro morador, me diz, me diz
Me diz um morador
Diz quem foi o inventor do analfabeto
E ensinou o alfabeto ao professor me diz, me diz
Me responde por favor
Prá onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Quem é que sabe o signo do capeta
E o ascendente de deus nosso senhor
Nosso senhor
Quem não fez a patente da espoleta
Explodir na gaveta do inventor me diz, me diz
Me diz por favor
Quem tava no volante do planeta
Que o meu continente capotou
Me responde por favor
Prá onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Vê se vê no almanaque, essa menina
Como é que termina um grande amor
Me diz, me diz
Se adianta tomar uma aspirina
Ou se bate na quina aquela dor
Me diz, me diz
Me diz daquela dor
Se é chover o ano inteiro chuva fina
Ou se é como cair do elevador
Me responde por favor
Prá que que tudo começou
Quando tudo acaba...
A.123.Avião - Djavan
Pode quebrar,
sofrer, cair, descer,
contorcer de dor
Não vou mais
me prender a você ,
fazer o mesmo show
Vou bater
na porta da vida ,
receber e pagar
Sem ter que me entregar
a ninguém ,
seu muito pra mim
É pouco
eu quero a paz
e viver solto
Vai dizer que sou louco...
sou não
Eu me cansei
de ser seu avião
não vou voar não
Desta vez...
Nem me conformar com pouco
Seu mundo pra mim é tolo
A.122.Ave Coração - Clodô/Zeca Bahia
Eu sei que existe por ai uma andorinha solta
Procurando um verão que se perdeu no tempo
Cansou de ser herói do espaço
E quer a companhia de outros pássaros
É que seu coração de ave, não agüenta tanta solidão
Eu sei que eu ando por ai, sou andorinha solta
E nem sei a estação em que estou vivendo
Não quero ser herói de nada
Só quero a companhia de outros braços
É que meu coração de homem, voa alto como um pássaro
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
A.121.Ave - Ivan Lins/Vitor Martins
Ave, meu condor
Ave, planador
Sobre os arraiais
Sobre os capitais
Voa sobre os Andes
Acima dos bravos e dos serenos
Acima dos grandes e dos pequenos
Por sobre a nossa América
Ave, meu condor
Sombra de avião
Sobre os seringais
Sobre os pantanais
Reina por onde passa
Ao som de guitarras, violões e harpas
Oh, nuvem de penas, olhos e garras
Vigia a nossa América
A.120.Atlântida - Roberto de Carvalho/Rita Lee
Atlântida
Reino perdido
De ouro e prata
Misteriosa cidade
Atlântida
Terra prometida
Dos semideuses
Das sereias douradas
Eu sou o pescador que parte toda manhã
Em busca do tesouro perdido no fundo do mar
Desde o Oiapoque
Até Nova York se sabe
Que o mundo é dos que sonham
Que toda lenda é pura verdade
Glub, glub, chuá, chuá
Glub, glub, chuá
A.119.Amor Barato - Chico Buarque
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto
Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto
Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto
Vem cá, meu amor
Aguenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto
Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Barato
Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato
Mas levo esse amor
Com zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha
A.118.Amor de Índio - Beto Guedes/Ronaldo Bastos
Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo o cuidado, meu amor.
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com arco da promessa
Do azul pintado, pra durar.
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor
E ser todo
Todo dia hei de viver
Para ser o que for
E ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor.
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado, de viver.
No inverno te proteger, no verão sair pra pescar
No outono te conheçer, primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
A.117.As Vitrines - Chico Buarque
Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha prá mim
Não faz assim, não vá lá, não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir
Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão
A.116.As Cartas - Chico Buarque
Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
A carroça
A dama
O louco
O trunfo
A mão
O enforcado
A dançarina
Numa cortina
O encarnado
A dançarina, o encantado
O encarnado numa cortina
O enforcado
Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
O curinga
A noiva
O noivo
O sim
O não
O prateado
O cavaleiro
No seu espelho
Desfigurado
O cavaleiro, o prateado
Do outro lado do seu espelho
Desfigurado
Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
A fortuna
A roda
O raio
A imensidão
O estrelado
O obscuro
O seu
Embaralhado
A.115.As Minhas Meninas - Chico Buarque
Olha as minhas meninas
As minhas meninas
Pra onde é que elas vão
Se já saem sozinhas
As notas da minha canção
Vão as minhas meninas
Levando destinos
Tão iluminados de sim
Passam por mim
E embaraçam as linhas
Da minha mão
As meninas são minhas
Só minhas na minha ilusão
Na canção cristalina
Da mina da imaginação
Pode o tempo
Marcar seus caminhos
Nas faces
Com as linhas
Das noites de não
E a solidão
Maltratar as meninas
As minhas não
As meninas são minhas
Só minhas
As minhas meninas
Do meu coração
A.114.A Marcha do Povo Doido - Gonzaguinha
Confesso
Matei a Dana de Teffé
E muitos mais se você quiser
Eu sou qualquer José Mané
Dos Santos, da Silva, da Vida
Confesso
A culpa pela carestia
E pela crise de energia
Eu sou o dono da OPEP
Ou Pepsi, ou Coca ou Cola
Confesso
Nem precisa bater
E confessar me alivia
Vem meu bem
Me condena com aquela anistia
Me manda logo pra cadeia
Garanta
Um pouco a minha poupança
Pois pelo menos estando em cana
A minha pança
Vai ter um pouco de aveia
Ou feijão com areia
A.113.A Voz do Dono e o Dono da Voz - Chico Buarque
Até quem sabe a voz do dono
Gostava do dono da voz
Casal igual a nós, de entrega e de abandono
De guerra e paz, contras e prós
Fizeram bodas de ace......tato de fato
Assim como os nossos avós
O dono prensa a voz, a voz resulta um prato
Que gira para todos nós
O dono andava com outras doses
A voz era de um dono só
Deus deu ao dono os dentes
Deus deu ao dono as nozes
Às vozes Deus só deu seu dó
Porém a voz ficou cansada após
Cem anos fazendo a santa
Somhou se desatar de tantos nós
Nas cordas de outra garganta
A louca escorregava nos lençóis
Chegou a sonhar amantes
E, rouca, regalar os seus bemóis
Em troca de alguns brilhantes
Enfim a voz firmou contrato
E foi morar com novo algoz
Queria se prensar, queria ser um prato
Girar e se esquecer, veloz
Foi revelada na assembléia-atéia
Aquela situação atroz
A voz foi infiel, trocando de traquéia
E o dono foi perdendo a voz
E o dono foi perdendo a linha que tinha
E foi perdendo a luz e além
E disse: Minha voz, se vós não sereis minha
Vós não sereis de mais ninguém
A.112.A Voz do Povo - João do Vale/Luiz Vieira
Meu samba é a voz do povo
Se alguém gostou
Eu posso cantar de novo
Eu fui pedir aumento ao patrão
Fui piorar minha situação
O meu nome foi pra lista
Na mesma hora
Dos que iam ser mandados embora
Eu sou a flor que o vento jogou no chão
Mas ficou um galho
Pra outra flor brotar
A minha flor o vento pode levar
Mas o meu perfume fica boiando no ar
A.111.A Mais Bonita - Chico Buarque
Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar
Bonita
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar todos
Os desejos que ele tem
Ao me ver passar
Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa de espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo
Que não sei
A.110.A Página do Relâmpago Elétrico - Beto Guedes/Ronaldo Bastos
Abre a folha do livro
Que eu lhe dou para guardar
E desata o nó dos cinco sentidos
Para se soltar
Que nem o som clareia o céu nem é de manhã
E anda debaixo do chão
Mas avoa que nem asa de avião
Pra rolar e viver levando jeito
De seguir rolando
Que nem canção de amor no firmamento
Que alguém pegou no ar
E depois jogou no mar
Pra viver do outro lado da vida
E saber atravessar
Prosseguir viagem numa garrafa
Onde o mar levar
Que é a luz que vai tescer o motor da lenda
Cruzando o céu do sertão
E um cego canta até arrebentar
O sertão vai virar mar
O mar vai virar sertão
Não ter medo de nenhuma careta
Que pretende assustar
Encontrar o coração do planeta
E mandar parar
Pra dar um tempo de prestar atenção nas coisas
Fazer um minuto de paz
Um silêncio que ninguém esquece mais
Que nem ronco do trovão
Que eu lhe dou para guardar
A paixão é que nem cobra de vidro
E também pode quebrar
Faz o jogo e abre a folha do livro
Apresenta o ás
Pra renascer em cada pedaço que ficou
E o grande amor vai juntar
E é coisa que ninguém separa mais
Que nem ronco de trovão
Que eu lhe dou para guardar
A.109.A cidade contra o crime - Gonzaguinha
Estava dando uns bordejos pelai
Quando derrepente a figura apareceu
E dente tantos me escolheu
Mas o barulho da cidade está
Tão grande que eu não pude nem ouvir
Quando o pinta me rendeu
Não se move aí, ô meu
Mas que pinóia, eu, o rei da paranóia
Que não largo a minha bóia
Mesmo quando estou a pé
Como é que eu dou esse azarão
Eu faço parte desse medo coletivo
Já não sei nem se confio na polícia ou no ladrão
(a barra não ta mole não ladrão já tem que andar
Com plaqueta de identificação
A dita anda dura mesmo com a abertura)
O cara disse:
Fica quieto vai tirando toda roupa
De conforme o que está no meu direito
E eu só via defeito
A que eu vestia estava toda emburacada
Remendada, esfarrapada, bem puída no maltrato
Vou tentar fazer um trato
Pensei depressa adonde estava aquela quina
Que sobrou do meu trocado que hoje
Chamam de salário. trabalhador tu é otário
E foi aí que eu notei que o pivete
A.108.A Permuta dos Santos - Edú Lobo/Chico Buarque
[...]Outro recurso muito eficaz, o mais eficaz de todos eles,
consiste em ``contrariar'' os santos. [...] levava-se para ali o S.
Sebastião da igreja local, trazendo-se, em troca, [...] a
imagem do Senhor do Bonfim, tudo processionalmente,
com rezas e cânticos.
Enquanto não chovia os santos não voltavam
para seus lugares.
(Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luis da Câmara Cascudo)
São José de porcelana vai morar
Na matriz da Imaculada Conceição
O Bom José desalojado
Pode agora despertar
E acudir os seus fiéis sem terra, sem trabalho e pão
Vai a Virgem de alabastro Conceição
Na charola para a igreja do Bonfim
A Conceição incomodada
Vai ouvir nossa oração
Nos livrar da seca, da enxurrada e da estação ruim
Bom Jesus de luz neon sai do Bonfim
Pra capela de São Carlos Barromeu
O bom Jesus contrariado
Deve se lembrar enfim
De mandar o tempo de fartura que nos prometeu
Barromeu pedra-sabão vai pro altar
Pertencente à estrela-mãe de Nazaré
A Nazaré vai de jumento
Pro mosteiro de São Joào
E o Evangelista pra basílica de São José
Mas se a vida mesmo assim não melhorar
Os beatos vão largar a boa-fé
E as paróquias com seus santos
Tudo fora de lugar
Santo que quiser voltar pra casa
Só se for a pé
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Letra A
A.107.Ana Raio - Xangai/Jatobá
Pelos prados
Rompe rumo seu reinado
Pele em pêlo
Pelo luar prateado
No ar repassando a cortina
Do passado
Como um raio
Rompe um tempo seu cavalo
Ana Raio, Ana Raio.
Não há pressa
Nesse espaço
Seu futuro
Passo a passo
Seu passado
Nosso apreço
Seu presente
Não tem preço
É o começo, é o começo
Sobre o dorso
De um trovão
Voa ao vento o coração
Sobe aos céus
E desce ao chão
Num rebento de paixão
E entre tropas e tropeiros
Boiadas, peões, rodeios
Vem a vida
Em seus anseios
Ana Raio, Ana Raio, Ana Raio.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
A.106.As voltas que o mundo dá - Lenine/Dudú Falcão
Ele paga qualquer preço
Pra ser o numero 1
Vive a vida pelo avesso
Veio de lugar nenhum
Trovoada deu no céu
Nos olhos da cascavel
A vingança é mais comum
Ele sabe dos atalhos
Nas estradas da razão
Ele só conhece o mundo
De rodeio e caminhão
Ele cela o seu destino e quer chegar
Onde o vento lhe levar
Ele não conhece o medo
Quando chega o desafio
Ele guarda o seu segredo
Dentro de um olhar vazio
Ele cela o seu destino e quer chegar
Onde o vento lhe levar
Peão, as voltas que o mundo dá
Dirão, aonde você vai chegar.
A.105.Atrás Poeira - Ivan Lins/Vitor Martins
Ele pegou um baio
E como um Raio
Sumiu no atalho
Na algibeira
Tinha um retrato
E um Baralho
Na frente nada
Atrás poeira
Atrás porteira
Atrás da Rita
Que foi bonita
Que anda bebendo
Que anda correndo
Atrás do tempo
e dos rapazes
Que eram capazes
De ir a fundo
E dar o mundo
De dar o brilho
Que as mulheres
Tem Quando casam
e lhes dão filhos
Tava perdido
Mas é sabido
Que nessa horas
Só os amigos
São quem socorre
José de porre
Tá com malfeito
Antonio morre
Daquele jeito
Tão novo ainda
Deixou Bemvinda
Que era linda
Pro Zé Calixto
Que era mal-visto
Por todo lado
Ladrão de gado
Ganhou dinheiro
Virou posseiro
Montou garimpo
E anda limpo
Perdeu o cheiro
Quem tem os homens
Quando trabalham
E na Tocaia
É o que se fala
Que aquela bala
Era pra ele
Não pro parceiro
Pro violeiro
que andava a esmo
Que era mesmo
Bom companheiro
E já que agora
Tá tudo fora
Tudo partido
E sem sentido
Não tem sentido
Ter na algibeira
O seu retrato
e o seu baralho
É ele o baio
E nada mais.
A.104.Acontece - Cartola
Esquece nosso amor
Vê se esquece
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que já não sei mais amar
Vais chorar vais sofrer
E você não merece
Mas isso acontece
Acontece que meu coraçao
Ficou frio
E nosso ninho de amor está vazio
Se eu ainda pudesse fingir que Te amo
Ai, se eu pudesse
Mas não quero não devo fazê-lo
isso não acontece
A.103.Assim Assado - João Ricardo
São duas horas da madrugada de um dia assim
um velho anda de terno velho assim assim
quando aparece o guarda belo
quando aparece o guarda belo
É posto em cena fazendo cena um treco assim
bem apontado nariz chato assim assim
Quando aparece a cor do velho
Quando aparece a cor do velho
Mas guarda belo não acredita na cor assim
ele decide o terno velho assim assim
porque ele quer o velho assado
porque ele quer o velho assado
mas mesmo assim o velho morre assim assim
e o guarda belo é o heroi assim assado
por que é preciso ser assim assado
por que é preciso ser assim assado
A.102.Alma - Sueli Costa/Abel Silva
Há almas que têm
as dores secretas
as portas abertas
sempre pra dor
há almas que têm
juízo e vontades
alguma bondade
e algum amor
há almas que têm
espaços vazios
amores vadios
restos de emoção
há almas que têm
a mais louca alegria
que é quase agonia
quase profissão
a minha alma tem
um corpo moreno
nem sempre sereno
nem sempre explosão
feliz esta alma
que vive comigo
que vai onde eu sigo
o meu coração
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