segunda-feira, 24 de julho de 2023

O.150.Ontem ao luar - Catulo da Paixão Cearense


Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era a dor de uma paixão
Nada respondi, calmo assim fiquei
Mas fitando o azul
Do azul do céu a lua azul
Eu te mostrei, mostrando a ti
Dos olhos meus, correr sem ti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir
Por ter o prazer de ver a
Lágrima dos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta ao luar, do mar a canção
Qual o ministério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar na solidão de calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal, a dor silente universal
E a dor maior que é a dor de Deus
Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais,
Põe o ouvido aqui
Ná rósea flor do coração
Ouve a inquetação
Da merencória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim
Tão triste a suspirar
A palpitar em desesperação
A queimar de amar
Um insensível coração
Qua a ninguém dirá no peito
Ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro
Fatalmente o levará

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