segunda-feira, 26 de junho de 2023

V.115.Violões em Funeral - Sílvio Caldas/Sebastião Fonseca


Vila Izabel veste luto
Pelas esquinas escuto
Violões em funeral
Choram bordões choram primas
Soluçam todas as rimas
Numa saudade imortal
Pelas ruas escondida
Cheia de crepes vestida
A lua fica a chorar
E por onde a lua chora
Goteja, goteja agora
Nos oitís do Boulevard
Adeus cigarra vadia
Que em toda a sua agonia
Cantava para morrer
Tu viverás na saudade
Daquela grande cidade
Que não há de ti esquecer
Adeus poeta do povo
Que ressuscita de novo
Quando da morte descamba
Sinhô da pele mais clara
A qual o Senhor encarnara
Na alma sonora do samba
Meu violão chora tanto
Soluços e muito pranto
Sobre o caixão de Noel
Estácio, Matriz e Salgueiro
Toda Rio de Janeiro, consola Vila Izabel.

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