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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
M.125.Morre-se assim - Jorge Mautner/Nelson Jacobina
Nos meios das névoas e mergulhado na melancolia,
ao lado de tristes ciprestes, ajoelhado, derramando
quentes lágrimas de saudade perante o
túmulo da minha amada
Morre-se assim
Como se faz um atchim
E de supetão
Lá vem o rabecão
Morre-se assim
Como se faz um atchim
E de supetão
Lá vem o rabecão
Não não não não não não não não
Não não não não
Sim sim sim sim sim sim sim sim sim
Mas porém contudo todavia
No entanto outrossim
Uma bala perdida desferida na rua dos paqueradores
de travesti voou e foi alojar-se no crânio de uma velha senhora
que lia com fervor a sua bíblia lá no morumbi.
No cemitério, pra se viver é preciso primeiro falecer.
Os vivos são governados pelos mortos.
Que nada, os vivos são governados pelos mais vivos ainda.
E no cemitério, devota alice, nós os ossos esperamos pelos vossos.
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