domingo, 31 de julho de 2022

O.117.O côco do Côco - Guinga/Aldir Blanc

O CÔCO DO CÔCO GUINGA/ALDIR BLANC


Moça, donzela não renega um bom coco
Nem a mãe dela, nem as tia, nem a madrinha
Num coco toco quem faz muito e acha pouco
Em rala-rala que se educa a molhadinha

Se tu não peca meu bem
Cai a peteca neném
Vira polícia da xereca da vizinha

Se tu se guarda e não tem
Tá encruada que nem
Ovo no cu da galinha

Não tem cinismo que diz
Entre a santa e a meretriz
Só muda a forma com que as duas se arreganha

Eu só me queixo se criar teia de aranha
Quem nega tá de manha ou faz pouco que gozou
No tempo em que casei de véu com meu marido
Era virgem no ouvido e ele nunca reclamou
Pra ser sincero eu acho que isso inté facilitou

Moça...

O.116.O Grande Presidente - Padeirinho


Salve o estadista
Idealista
E realizador
Getúlio Vargas
O grande presidente de valor
No ano de mil oitocentos e oitenta e três
No dia dezenove de Abril
Nascia Getúlio Dorneles Vargas
Que mais tarde seria o governo do nosso Brasil
Ele foi eleito deputado
Para defender as causas do nosso país
E na revolução de trinta ele aqui chegava
Como substituto de Washington Luis
E do ano de mil novecentos e trinta pra cá
Foi ele o presidente mais popular
Sempre em contacto com o povo
Construiu um Brasil novo
Trabalhando sem cessar
Como prova em Volta Redonda, cidade do aço
Existe a grande siderúrgica nacional
Tendo o seu nome elevado
Em grande espaço
Na sua evolução industrial
Candeias, a cidade petroleira
Trabalha para o progresso fabril
Orgulho da indústria brasileira
Na história do petróleo no Brasil

O.115.Os cinco bailes da história do Rio - Silas de Oliveira/Yvone Lara


Lara...
Carnaval
Doce ilusão
Dê-me um pouco de magia
De perfume e fantasia
E também de sedução
Quero sentir nas asas do infinito
Minha imaginação
Eu e meu amigo Orfeu
Sedentos de orgia e desvario
Cantaremos em sonho
Cinco bailes na história do Rio
Quando a cidade completava vinte anos de existência
Nosso povo dançou
Em seguida era promovida a capital
A corte festejou
Iluminado estava o salão

Na noite da coroação
Ali
No esplendor da alegria
A burguesia
Fez sua aclamação
Vibrando de emoção
Que luxo, a riqueza
Imperou com imponência
A beleza fez presença
Condecorando a independência
Ao erguer a minha taça
Com euforia
Brindei aquela linda valsa
Já no amanhecer do dia
A suntuosidade me acenava
E alegremente sorria
Algo acontecia
Era o fim da monarquia

O.114.O Circo - Orlando Moraes/Antonio Cícero


Quando a noite vem
Um verão assim
Abrem-se cortinas, varandas, janelas
Prazeres, jardins
Onze e meia alguém
Concentrado em mim
No espelho castanho dos olhos
Vê finalidades sem fins

Não lhe mostro todos os bichos
Que tenho de uma vez
Armo o circo com não mais
Do que uns cinco ou seis

Leão, camelo, garoto, acrobata
E não há luar
E os deuses gostam de se disfarçar

O.113.Óculos escuros - Orestes Barbosa/Valzinho


Nenhum de nós tem culpa
Deste drama
Pois quem ama
É protagonista
Sem querer
Representamos
Todos de improviso
Num sorriso ou chorando
A saudade de um prazer
Teus óculos escuros
Colocaste
E me fitaste
Tentando assim
O pranto difarçar
Mas eu vi
Pelo vidro enfumaçado
Do outro lado
O cristal de uma lágrima rolar

O.112.O mundo é um moinho - Cartola


Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés

O.111.O morro feio não é bonito - Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri


Salve as belezas desse meu Brasil
Com seu passado e tradição
E salve o morro cheio de glória
Com as escolas que falam no samba
Da sua história

Feio, não é bonito
O morro existe
Mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza
E só o que se tem pra contar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente
E nunca se deixa quebrar
Ah! Ama, o morro ama
Um amor aflito, um amor bonito
Que pede outra história

O.110.O lado quente do ser - Marina Lina/Antonio Cícero


Eu gosto de ser mulher
Sonhar arder de amor
Desde que sou uma menina
De ser feliz ou sofrer
Com quem eu faça calor
Esse querer me ilumina
E eu não quero amor nada de menos
Dispense os jogos desses mais ou menos
Pra que pequenos vícios
Se o amor são fogos que se acendem
Sem artifícios
Eu já quis ser bailarina
São coisas que não esqueço
E continuo ainda a sê-la
Minha vida me alucina
É como um filme que faço
Mas faço melhor ainda
Do que as estrelas
Então eu digo amor, chegue mais perto
E prove ao certo qual é o meu sabor
Ouça meu peito agora
Venha compor uma trilha sonora para o amor
Eu gosto de ser mulher
Que mostra mais o que sente
O lado quente do ser
Que canta mais docemente

O.109.O que é, o que é - Bororó/Evagrio Lopes


O QUE É O QUE É
ADIVINHA MEU AMOR
TRABALHA COMO UM RELÓGIO
NÃO TEM CORDA NEM MOTOR
MARCA AS HORAS DE VENTURA
MARCA AS HORAS DE AMARGOR
NÃO HÁ DINHEIRO QUE PAGUE
NEM SE BOTA NO PENHOR

MUITO EMBORA NÃO SE ESCONDA
NÃO SE MOSTRA A NINGUÉM
NÃO SE TRÔCA NÃO SE VENDE
DÁ-SE QUANDO SE QUER BEM
VEM CONOSCO DE NASCENÇA
MORRE CONOSCO TAMBEM
TODO MUNDO TEM NO PEITO
SÓ VOCÊ É QUE NÃO TEM

O.108.O rapto de Joana do Tarugo - Elomar Filgueira de Mello


Enfrentei fosso muralha e os ferros dos portais
Só pela graça da gentil senhora
Filtrando a vida pelos grãos de ampulhetas mortais
D'além de trás dos montes venho
Por campos de justas honrando este amor
Me expondo à sanha sanguinária de côrtes cruéis
Enfrentei vilões no Algouço e em Senhores de Biscaia
Fidalgos corpos de armas brunhidas
Não temo escorpiões cruéis carrascos vosso pai
Enfreado à porta de castelo
Tenho meu murzelo ligeiro e alazão
Que em lidas sangrentas bateu mil mouros infiéis
Ó Senhora dos Sarsais
Minh'alma só teme o Rei dos reis
Deixa a alcova vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
Só por vosso amor e nada mais
Desça da torre Naíla donzela
Venho d'um reino distante, errante e menestrel
Inda esta noite eu tenho esta donzela
Minha espada empenho a uma deã mais pura das vestais
Aviai pois a viagem é longa
Já vim preparado para vos levar
Já tarda e quase que o minguante está a morrer nos céus
Ó Senhora dos Sarsais
Minh'alma só teme o Rei dos Reis
Deixa a alcova vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
Só por vosso amor e nada mais
Desça da torre Joana tão bela
Naíla donzela, Joana tão bela