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sábado, 27 de fevereiro de 2021
A.289.Ao Luar (Dileta) - Candido das Neves
Esta noite prateada
minha eterna e doce amada
a chamar-te me insinua
nos acordes desta lira
Que de amor geme e suspira
ante o albor níveo da lua
o rendado da neblina
mais parece uma cortina
numa festa de noivado
A lua é noiva bela
recostada na janela, de um palácio constelado
que beleza nas estrelas
ah! se tu pudesses vê-las
como estão no céu sorrindo
espreitando com cautela
pelas frestas da janela
Do quarto onde estás dormindo
Minh'alma dorme sonhando
Geme e chora te chamando
pelo espaço como louca
Ah se a aurora despontasse
quem dera que me encontrasse
a beijar a tua boca
Desperta, vem matar o meu desejo
a minh'alma vaga incerta à procura
do teu beijo
dileta, tu formosa, eu poeta
quero para os tristes versos meus
as rimas dos beijos teus
a natureza te chama
o meu peito já reclama
A quentura dos teus seios
os astros são já escassos
vem sufoca-me em teus braços
antes que eu morra de anseias
as estrelas cintilantes
são lanternas dos amantes
pelo espaço a flutuar
como Deus é inspirado
inventou para o pecado
estas noites de luar
Desperta vem matar o meu desejo
a minh'alma vaga incerta
à procura do teu beijo
dileta, tu formosa, eu poeta
quero para os tristes versos meus
as rimas dos beijos teus
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