segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

C.153.Choro Bandido - Edú Lobo/Chico Buarque


Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa, são bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas e os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim: você nasceu para mim, você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos e as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim: me leve até o fim, me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa, são bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes seus amores serão bons

C.152.Cavalo enxuto - Moacyr dos Santos/Lourival Santos


Eu tenho um vizinho rico
Fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo
Só compra carro importado

Eu conservo a minha tropa
O meu cavalo ensinado
O fazendeiro moderno
Só me chama de quadrado
Namoramos a mesma moça
Veja só o resultado

Um dia a moça falou
Pra não haver discussão
Vamos fazer uma aposta
A corrida da paixão
Granfino corre no carro
Você no seu alazão

Eu vou pra minha fazenda
Esperar lá no portão
Quem dos dois chegar primeiro
Vai ganhar meu coração

Ele calibrou os pneus
Apertou bem as arruelas
Eu ferrei o meu cavalo
Que tem asas nas canelas
O granfino entrou no carro
Pulei em cima da sela

Ele funcionou o motor
E fechou bem as janelas
Chamei o macho na espora
Bem por baixo das costelas

Eu entrei pelos atalhos
Pulando cerca e pinguela
Quando terminou o asfalto
Ele entro numa esparrela
Numa estrada boiadeira
Toda cheia de cancela

Cheguei no portão primeiro
Dei um beijo na donzela
Quando o granfino chegou,
Eu já estava nos braços dela

O progresso é coisa boa
Reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão
Meu cavalo é absoluto
Foi Deus a natureza
Que criou esse produto

Essa vitória foi minha
E do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive
Nos braços deste matuto

C.151.Corcovado - Tom Jobim


Um cantinho e um violão, este amor uma
canção... Pra fazer feliz a quem se ama

Muita calma pra pensar, e ter tempo pra
sonhar. Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor que lindo,
Quero a vida sempre assim, com voce perto
de mim, até o apagar da velha chama,
E eu que era triste, descrente desse mundo,
ao encontrar voce eu compreendi,
o que é felicidade meu amor.

C.150.Cotidiano N.2 - Toquinho/Vinicius de Moraes


Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Acordo de manhã, pão sem manteiga
E muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega
E eu chego a achar Herodes natural

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa
Também não custa nada imaginar

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

C.149.Carta ao Tom 74 - Toquinho/Vinicíus de Moraes


Rua Nascimento Silva, 107
Voce ensinando pra Elizeth
As canções
De canção do amor demais
Lembra que tempo feliz
Ah! Que saudade
Ipanema era só felicidade
Era como se o amor
Doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria
Esse rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
E alem disso se via da janela
Um cantinho do ceu o Redentor

É, meu amigo
Só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor

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Rua Nascimento Silva, 107
Eu saio correndo do pivete
Tentando alcançar o elevador

Minha janela não passa de um quadrado
A gente só vê Sérgio Dourado
Onde antes se via o Redentor

É, meu amigo
Só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor

C.148.Choro chorado pra Paulinho Nogueira - Vinicius de Moraes/Toquinho/Paulinho Nogueira


Quanta saudade antiga
Quanta recordação
O toque paciente
De tua mão amiga
Me ensinando os caminhos
Corrigindo os defeitos
Dando todos os jeitos
Pras notas brotarem
Do meu violão

Ah, como eu me lembro ainda
Cheio de gratidão
A hora entardecente
A nostalgia infinda
No modesto ambiente
Da casinha da praça
E eu em estado de graça
De estar aprendendo a tocar violão

E hoje nós dois
Tempos depois
Damos com nova emoção
Um novo aperto de mão
Neste chorinho chorado juntos
E que, tomara, renasça em muitos

Pois a maior alegria
É chorar de parceria
Num chorinho que é só coração
E relembrar que o passado
Vive num choro chorado
Pelo teu e o meu violão

C.147.Chorando pra Pixinguinha - Toquinho Vinicius de Moraes


Meu velho amigo
Chorão primeiro
Tão Rio antigo
Tão brasileiro

Teu companheiro
Chora contigo
Toda a dor de ter vivido
O que não volta nunca mais
E na emoção deste chorinho carinhoso
Te pede uma bênção de amor e de paz

C.146.Conceição - Jair Amorim/Dunga


Conceição
Eu me lembro muito bem
Vivia no morro a sonhar
Com coisas que o morro não tem
Foi então
Que lá em cima apareceu
Alguém que lhe disse a sorrir
Que, descendo à cidade, ela iria subir
Se subiu
Ninguém sabe, ninguém viu
Pois hoje o seu nome mudou
E estranhos caminhos pisou
Só eu sei
Que tentando a subida, desceu
E agora daria um milhão
Para ser outra vez
Conceição

C.145.Cidadão - Capinan


Na mão do poeta
O sol se levanta
E a lua se deita
Na côncava praça
Aponta o poente
O apronte o levante
Crescente da massa

Aos pés do poeta
A raça descansa
De olho na festa
E o céu abençoa
Essa fé tão profana
Oh! Minha gente baiana
Goza mesmo que doa


*Refrão

Abolição
No coração do poeta
Cabe a multidão
Quem sabe essa praça repleta

Navio negreiro já era
Agora quem manda é a galera
Nessa cidade nação
Cidadão
Abolição

C.144.Café de padaria - Helena Elis


Repete: Me dá um beijo
Com gosto e me faça sentir
Completamente amada
Repete: Seu beijo é muito mais
Gostoso que café de padaria
Na quina da avenida

Bom na vida é ter você
Me chamando de amor
Gosto muito de alfajor
Não dispenso o violão
Não deixo escapar da mão
Uma nova inspiração
Para minha composição
Adoro viver mas a vida
Seria perfeita com tudo isso e você

Adoro viver e o seu beijo
É muito mais gostoso que
Café de padaria na quina da avenida

- Sei que é querer demais
- Sei que é pedir demais

mas para mim tanto não faz
ter você ou não

Repete: Me dá um beijo ...

Café de padaria é gostoso
Você é maravilhoso
Alfajor é tentador
Você é sedutor
A canção é bonitinha
Com você é maravilhosa

C.143.Caboclo sonhador - Maciel Melo


Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
Meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza

Coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar

Ao lembrar-me das bravuras de neném
Perguntar-me a todo instante por Bahia
Mega e Quinha, como vão, tá tudo bem ?
Meu canto é tanto, quanta canta o sabiá

Sou devoto de padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso rei do cangaço
Em meu regaço, fulminado em pensamentos
Em meu rebento, sedento eu quero chegar
Deixem que eu cante cantigo de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Num forró fiado tão da bexiga de bom

C.142.Cavaleiro Alado - Alcymar Monteiro/João Paulo


E Boi, e Boi
E Boi, e Boi
E Boi, e Boi, e Boi, e Boi
E Boi, e Boi

Um cavaleiro que corre no meio da noite
No meio do chuva, corisco e trovão
No brilho de um raio
Num cavalo baio, na escuridão

Voando, aboiando num cavalo alado
Levando seu gado, p"rum reino encantado
Já velho cansado, marcado, ferrado
No seu coração

E Boi, e Boi

Mugindo seu gado no pé do mourão
Num grito de sorte
Um agôro de morte
Explode a boiada do seu coração

A porteiro se abriu
O cavaleiro partiu
E na boca do noite
Uma estrela surgiu

C.141.Conversa - Evaldo Gouveia/Jair Amorim


Veja você
O que esta noite aconteceu
O meu grande amor
Me confessar que não é meu
Tantos projetos fiz
Sonhos do coração
Coisas que o amor não diz
Sem emoção

Logo a mim que sou
Tão sentimental
Aconteceu
Tanta gente aí
E a saudade a mim
Escolheu

C.140.Capim de ribanceira - Almir Sater/Paulo Simões


É madrugada e eu na beira da estrada
A lua cheia minguada e de repente apareceu
Um cavaleiro de bota e chapéu de couro
Me lembrando um velho mouro
Lá fiquemo ele mais eu
Cruzou os pés, apiou do seu cavalo
Dexou a rédea no talo de uma roseira sem flor
Diz que seguia pelo mundo solitário
E quebrava todo galho
Apartando toda dor

Quem não ouviu falar
Quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

Enquanto o bule de café bulia a brasa da fogueira
Refletia o seu olhar, eu pude ver
Que ele sabia coisa até do outro mundo
E essa noite eu fui aluno do seu estranho poder
Com sete ponta duma rama trepadera
E um ramo de avitera
O meu corpo ele tocô
Naquele instante me bateu uma zonzera
E duma tosse cuspidera o velhinho me livrô

E quem não ouviu falar
Quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

C.139.Chorando sozinho - Antonio Carlos Carvalho/Júlio Trindade


Tá na hora
De você parar com isso
Eu sei que nem tudo é perfeito
Mas acho que a gente tem jeito
Não esqueça mais
Do nosso compromisso
Juramos amor de verdade
Não brinque com a felicidade
As noites eu passo acordado
Os sonhos me fazem chorar
Porque você não vem me abraçar
O nosso amor não pode se acabar...
Assim é de doer
Você nem quer me atender
Já ando chorando sozinho
Por falta de amor e carinho...
Você tem que entender
Nada é eterno, nem vai ser
O tempo não é nosso amigo
Vem logo vem ficar comigo


C.138.Como nossos pais - Belchior


Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina, na rua
É que se fez, o seu braço
O seu lábio e a sua voz...

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr'o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como Os Nossos Pais...

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como Os Nossos Pais...

C.137.Cabô meu pai - Moacyr Luz/Luis Carlos da Vila/Aldir Blanc


O pai me disse que a tradição é lanterna
Vem do ancestral, é moderna
Bem mais que o modernoso
E aí é o meu coração que governa
Na treva é a luz mais eterna
O Todo Mais Poderoso

Também me disse
Com aquele jeito orgulhoso
Que o samba é mais que formoso
Que ninguém lhe passa a perna
É a marola que vira o mar furioso
Netuno misterioso o tesouro das cavernas

A jura é pra quem rezar
A reza é pra quem jurar
A alma pra sempre é do fundador
Maré muda com o luar
Futuro é pra quem lembrar
Se é isso que o pai ensinou
Cabô

Cabô, meu pai, Cabô, ô
Cabô, meu pai, Cabô

C.136.Chegança - Edú Lobo


Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegança
Foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
E uma quadra de esperança
Ah, se vier fosse chegar
Ah, se vier fosse chegar
... Chegar sem parar
Parar pra casar
Casar os filhos e escolher
Por um mundo
Não tá de rolar por um mundo
Não tá de ro..dar

C.135.Cabelo no Pente - Alceu Valença


Andei pisando pelas ruas do passado
Criando calo no meu pé caminhador
Dançando um xote,
Tropecei com harmonia
Na melodia de "Pisa na Fulô"

Andei passando como as águas como o vento
Como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
Como o cabelo no pente que penteia meu amor

C.134.Como uma onda - Lulu Santos/Nelson Mota


Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

C.133.Cadê Tereza - Jorge Bem


La, la, la, la, la, la, la, la

Tereza foi ao samba lá no morro
E não me avisou
Será que arrumou outro crioulo
Pois ainda não voltou

Cadê Tereza
La, la, la, la, la, la, la, la

Tereza minha nêga minha musa
Eu gosto muito de você
Sou um malandro enciumado, machucado
Que espera por você
Juro por Deus se você voltar
Eu vou me regenerar
Jogo fora meu chinelo,
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar.

C.132.Chico Brito - Wilson Batita/Afonso Teixeira


Lá vem o Chico Brito
Descendo o morro
Na mão do Peçanha
É mais um processo
É mais uma façanha
O Chico Brito fez do baralho
Seu melhor esporte
É valente no morro
E dizem que fuma uma erva do norte

Ele, menino, ia ao colégio
Era aplicado, tinha religião
Muito estimado
E jogava bola
Era indicado para capitão
"Mas a vida tem os seus reveses
Dizia Chico defendendo teses
Se o homem nasceu bom
E bom não se conservou
A culpa é da sociedade
Que o transformou"

C.131.Coração Leviano - Paulinho da Viola


Trama em segredo teus planos
Parte sem dizer adeus
Nem lembra dos meus desenganos
Fere quem tudo perdeu
Ah! Coração leviano
Não sabe o que fez do meu

Este pobre navegante
Meu coração amante
Enfrentou a tempestade
No mar da paixão e da loucura
Fruto da minha aventura
Em busca da felicidade

Ah! Coração teu engano
Foi esperar por um bem
De um coração leviano
Que nunca será de ninguém

C.130.Casa de Bamba - Martinho da Vila


Na minha casa todo é bamba
Todo mundo bebe, todo mundo samba

Na minha casa não tem bola pra vizinha
Não se fala do alheio, não se liga pra candinha

Na minha casa ninguém liga pra intriga
Todo mundo xinga, todo mundo briga

Macumba lá na minha casa
Tem galinha preta, azeite de dendê
A ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha e canjiquinha pra comer

Se tem alguém aflito
Todo mundo chora, todo mundo sofre
Logo se reza pra são benedito
Pra nossa senhora e pra santo antônio

Mas, se tem alguém cantando
Todo mundo canta, todo mundo dança
Todo mundo samba e ninguém se cansa
Minha casa é casa de bamba

C.129.Cristo Nasceu na Bahia - Sebastião Cirino/Duque


Dizem que Cristo nasceu na Bahia
A história se enganou
Cristo nasceu na Bahia, meu bem
E o baiano o criou
Na Bahia tem vatapá
Na Bahia tem carurú
Muqueca e arroz de auça
Manga, laranja e caju

C.128.Caboca di Caxangá - Catulo da Paixão Cearense


Laurindo punga, chico dunga, zé vicente
Essa gente tão valente do sertão de jatobá
E o danado do afamado zeca lima
Tudo chora numa prima e tudo quer te traquejá

Cabôca di caxangá (bis)
Minha cabôca venha cá. (bis)

Queria ver se essa gente também sente
Tanto amor como eu senti
Quando eu te vi em cariri
Atravessava um regato no patau
E escutava lá no mato
O canto triste do urutau.

Cabôca, demônio mau, (bis)
Sou triste como o urutau. (bis)
Cabôca de caxangá (bis)
Minha cabôca, vem cá (bis)

Há muito tempo lá nas moita
Da taquara junto ao monte das coivara
Eu não te vejo tu passar
Todo os dia até a boca da noite
Eu te canto uma toada
Lá de baixo do indaiá.

Vem cá, cabôca, vem cá (bis)
Rainha di caxangá (bis)

Da noite santa do natal na encruzilhada
Eu te esperei e descansei
Até o romper da manhã
Quando eu saia do arraiá o sol nascia
E lá na mata já se ouvia
Pipiando a acauã.

Cabôca, toda manhã
Som triste de acauã (bis)
Cabôca de caxangá (bis)
Minha cabôca, vem cá (bis)

C.127.Coisas do mundo minha nega - Paulinho da Viola


Hoje eu vim minha nêga
Como venho quando posso
Na boca as mesmas palavras
No peito o mesmo remorso
Nas mãos a mesma viola
onde gravei o teu nome

Nas mãos a mesma viola
onde gravei o teu nome

Venho do samba há tempo, nêga
Vim parando por ai
Primeiro achei Zé Fuleiro
Que me falou de doença
Que a sorte nunca lhe chega
Está sem amor e sem dinheiro
Perguntou se eu não dispunha
De algum que pudesse dar
Puxei, então da viola
Cantei um samba pra ele
Foi um samba sincopado
Que zombou do seu azar

Hoje eu vim minha nêga
Andar contigo no espaço
Tentar fazer em teus braços
Um samba puro de amor
Sem melodia ou palavra
pra não perder o amor

Sem melodia ou palavra
pra não perder o amor

C.126.Caçada - Chico Buarque


Não conheço seu nome ou paradeiro
Adivinho seu rastro e cheiro
Vou armado de dentes e coragem
Vou morder sua carne selvagem
Varo a noite sem cochilar, aflito
Amanheço imitando o seu grito
Me aproximo rondando a sua toca
E ao me ver você me provoca
Você canta a sua agonia louca
Água me borbulha na boca
Minha presa rugindo sua raça
Pernas se debatendo e o seu terror
Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador
Eu me espicho no espaço feito um gato
Pra pegar você, bicho do mato
Saciar a sua avidez mestiça
Que ao me ver se encolhe e me atiça
E num mesmo impulso me expulsa e abraça
Nossas peles grudando de suor
Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador
De tocaia fico a espreitar a fera
Logo dou-lhe o bote certeiro
Já conheço seu dorso de gazela
Cavalo brabo montado em pelo
Dominante, não se desembaraça
Ofegante, é dona do seu senhor

C.125.Contrato com Deus - Ed Motta/Nom Bom


Me deram liberdade pra tomar
As minhas próprias dimensões
Viver o que quiser, o que mandar
A minha imaginação
Contrato é contrato,
eu não vou
Te deixar na mão
Assim como eu
Outros pensam também
Eu tenho um contrato com Deus
Eu tenho um contrato com Deus
Eu tenho um contrato com Deus
Eu tenho um contrato... e não abro mão
Entendo você
Suas verdades e explicações
A sua verdade, aquela que você me diz
Querendo mentir ou não
Ou não!

C.124.Carneiro - Ednardo/Augusto Pontes


Amanhã se der o carneiro
O carneiro
Vou m'imbora daqui pro Rio de Janeiro
Amanhã se der o carneiro
O carneiro
Vou m'imbora daqui pro Rio de Janeiro
As coisas vem de lá
Eu mesmo vou buscar
E vou voltar em vídeo tapes
E revistas supercoloridas
Pra menina meio distraída
Repetir a minha voz
Que Deus salve todos nós
E Deus guarde todos vós

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

S.060.Sedução - Helena Elis


Você indo embora com aquele seu cabelo
Você, cabelo, boca e tudo
E o maldito tchau nas mãos
Me deixando tão traumatizada com tudo que lembra você
Seu nome em outra pessoa
As suas preferências
O nosso tema de amor
Fico vendo até você beijar
Outra boca enquanto faz arrepiar
Outra pele, dizendo as mesmas coisas
Que tanto eu ouvi
Tenho pena de quem ainda vai chorar
Seu amor e em vão acreditar
Em você que logo, logo cantará
Em outra freguesia

Sedução é fazer o que você fez
Eu em paz, você atacar de vez
Parecendo ter a chave do meu íntimo
Descobriu e até curou traumas antigos
Com seus gestos, fala, olhares (estilo) e carícias
Pro meu corpo, mente e alma deu comida
E de brinde, até um doentio ciúme,
Simulando um falso amor

Se fazendo mais carente do que eu
Outra parte desse mesmo jogo seu
Parecendo invadir os meus segredos foi perfeito
E eu me envolvi sem medo
Mas cuidado, pois na vida é bem possível
Seduzir um sedutor

S.059.Serena Estrela - Pedro Luiz


Serena estrela, no ,meu céu não vieste
Pálida e triste vai morrer além...
Hoje findou-se meu extremo gozo
E é já forçoso que me vá também.

Amei-te muito, foi paixão sincera,
Na primavera nosso amor nasceu.
­Chegamos hoje ao derradeiro lance
Desse romance que me enloqueceu.

Não tenhas medo do meu ar sombrio
Antes do estio, chegarã meu fim...
E já não tremo no fatal delírio...
Foi o martírio que me fez assim.

O bardo é triste no florir da idade
Pranto e saudade foram seus troféus
Que tem o bardo que viveu sem flores
Chore de amores e te caia aos pés

S.058.Se eu fosse o teu patrão - Chico Buarque


Eu te adivinhava
E te cobiçava
E te arrematava em leilão
Te ferrava a boca, morena
Se eu fosse o teu patrão
Ai, eu te tratava
Como uma escrava
Aí, eu não te dava perdão
Te rasgava a roupa, morena
Se eu fosse o teu patrão
Eu te encarcerava
Te acorrentava
Te atava ao pé do fogão
Não te dava sopa, morena
Se eu fosse o teu patrão
Eu te encurralava
Te dominava
Te violava no chão
Te deixava rota, morena
Se eu fosse o teu patrão
Quando tu quebrava
E tu desmontava
E tu não prestava mais não
Eu comprava outra, morena
Se eu fosse o teu patrão
Pois eu te pagava direito
Soldo de cidadão
Punha uma medalha em teu peito
Se eu fosse o teu patrão
O tempo passava sereno
E sem reclamação
Tu nem reparava, moreno
Na tua maldição
E tu só pegava veneno
Beijando a minha mão
Ódio te abrandava, moreno
Ódio do teu irmão
Teu filho pegava gangrena
Raiva, peste e sezão
Cólera na tua morena
E tu não chiava não
Eu te dava café pequeno
E manteiga no pão
Depois te afagava, moreno
Como se afaga um cão
Eu sempre te dava esperança
D'um futuro bão
Tu me idolatrava, criança
Seu eu fosse o teu patrão

S.057.Solidão - Tom Jobim/Alcides Fernandes


Sofro calado
Na solidão
Guarda comigo
A memória do teu vulto
Em vão
Eu fui tão bom prá você
E o resultado
Desilusão
O dia passa
A noite vem
A solução desse caso
Cansei de buscar
Eu vou rezar
Pra você me querer
Outra vez
Como um dia me quis
Quandoa saudade apertar
Não se acanhe comigo
Pode me procurar.

S.056.Só voce - Marina Lina/Antonio Cícero


Só você amor
Esse sopro sobre a pele, amor
Vem de leve e anuncia
Uma nova melodia

Você veio feito música
Minha própria luz e canção
Numa exata sintonia
Em que capto esta paixão

Só pra você
Só você

Só pra você, amor
Esse sopro, amor
Vai de leve e se insinua
Sob sua pele nua

Eu vivo de música
Só transo luz e canções
Ou no palco ou na rua
Irradio paixões

Só pra você
Só você

S.055.San Vicente Milton Nascimento/Fernando Brant


A D E
Coração ame.......ricano
D E
acordei de um sonho estranho
A D
Um gosto de vidro e corte
C#m
Um sabor de chocolate
D A E A
No corpo e na cida.....de
E F#m
Um sabor de vida e morte
B7
Coração americano
D A
Com sabor de vidro e corte
A D E D A C G E
A D E
A espera na fila imensa
D E
E o corpo negro se esqueçeu
A D
Estava em San Vicente
C#m
A cidade e suas luzes
D A E A
Estava em San Vicen.....te
E F#m
As mulheres e os homens
B7
Coração americano
D A
Com sabor de vidro e corte
A D E D A C G E
A D E
As horas não se contavam
D E
E o que era negro anoiteceu
A D
Enquanto se esperava
C#m
Eu estava em San Vicente
D A E A
Enquanto acon....tecia
E F#m
Eu estava em San Vicente
B7
Coração americano
D A

S.054.Sarará Miolo - Gilberto Gil


Sara, sara, sara, sarará
Sara, sara, sara, sarará
Sarará miolo
Sara, sara, sara cura
Dessa doença de branco
Sara, sara, sara cura
Dessa doença de branco
De querer cabelo liso
Já tendo cabelo louro
Cabelo duro é preciso
Que é para ser você, crioulo

S.053.Sete cantigas para voar - Vital Farias


Cantiga de campo de concentração
A gente bem sente com precisão
Mas recordo a sua imagem
Naquela viagem que eu fiz pro sertão
Eu que nasci na floresta
Canto e faço festa no seu coração
Voa, voa, azulão...
Cantiga de roça de um cego apaixonado
Cantiga de moça lá do cercado
Que canta a fauna e a flora
E ninguém ignora se ela quer brotar
Bota uma flor no cabelo
Com alegria e zelo para não secar
Voa, voa, azulão...
Cantiga de ninar a criança na rede
Mentira de água é matar a sede
Diz pra mãe que eu fui pro açude
Fui pescar um peixe, isso eu não fui não
Tava era com umnamorado
Pra alegria e festa do meu coração
Voa, voa, azulão...
Cantiga de índio que perdeu sua taba
No peito esse incêndio, céu não se apaga
Deixe o índio no seu canto
Que eu canto um acalanto,
Faço outra canção
Deixe o peixe deixe o rio
Que o rio é um fio de inspiração
Voa, voa, azulão...

S.052.Separação - José Augusto/Sérgio Vale


Melhor assim
A gente já não se entendia muito bem
E a discussão já era coisa mais comum
E havia tanta indiferença em teu olhar
Melhor assim
Pra que fingir se você já não tem amor
Se os teus desejos já não me procuram mais
Se na verdade pra você eu já não sou ninguém
De coração, eu só queria que você fosse feliz
Que outro consiga te fazer o que eu não fiz
Que você tenha tudo aquilo, que sonhou
Mas vá embora
Antes que a dor machuque mais meu coração
Antes que eu morra me humilhando de paixão
E me ajoelhe te implorando pra ficar comigo
Não diz mais nada
A dor é minha, eu me aguento pode crer
Mesmo que eu tenha que chorar pra aprender
Como esquecer você
Mas vá embora
Antes que a dor machuque mais meu coração
Antes que eu morra me humilhando de paixão
E me ajoelhe te implorando pra ficar comigo
Não diz mais nada
A dor é minha, eu me aguento pode crer
Mesmo que eu tenha que chorar pra aprender
Como esquecer você

S.051.Super Homem (A canção) - Gilberto Gil


Um dia,
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Quem dera
Pudesse todo homem compreender, ó mãe quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser
Quem sabe
O super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher

Quem sabe
O super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher