terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

R.132.Rosa dos Ventos - Bruno Batista


Sobre ondas velhas Vou sem vela e sem chegar Não sou eu quem me navega E nem me navega o mar Reconheço esta cidade E suas capas de revistas Deusas de eletricidade Albergados, skatistas
Sob essa ponte Bebi ponche em concha rasa Morei logo ali defronte Sei que o amor não teve casa Nessa vida sem platéia Sou a minha própria atriz Alguém disse na estréia Eu não ia ser feliz...
Fui Casanova num romance de novela Beijei Lisbela, conheci os seus pecados Perdi Joana e sonhei com o primo dela Que morreu apaixonado!
Ganhei a espada de um herói de montaria Ouro e mirra de um mago embriagado Dancei no espaço e contei tanta mentira Que adormeceste em meus braços...
Vi Condoleezas, Ritas, Joaquinas Praias vermelhas, azuis e grenás Uma trapezista montenegrina Casar com o Marquês de Carabás Vi Jim Carrey deixar Clementina Numa cena de "Eternal Sunshine" (Se eu dissesse que estive no teu coração Will you be mine?)
Hoje sou as sandálias do tempo As medalhas de algum general O perfume da Rosa dos Ventos Uma esfinge de água e sal Sou a carta à espera do jogo E o tesouro que não espera o mar Sou a vela que brinda com o fogo Sou a dor e o esporro em quem se queimar!
A saliva, a cilada, o suspeito Os morangos no pátio real Se a saudade te arranha o peito Sou feito de outro material Nenhum corte me revela o corpo Nem um sopro me faz confessar O desejo é meu último porto E hoje eu vejo, hoje eu mato, hoje eu morro Hoje eu volto pra lá..

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