sexta-feira, 30 de novembro de 2018

L.184.LUAR DE PAQUETÁ - FREIRE JR/HERMES FONTES


Nessas noites olorosas,
quando o mar, desfeito em rosas,
se desfolha à Lua Cheia,
lembra a ilha um ninho oculto,
onde o amor celebra em culto
todo o encanto que a rodeia ...
Nos canteiros ondulantes,
as nereidas incessantes
abrem lírios ao luar ...
A água, em prece, borburinha
e, em redor da Capelinha,
vai rezando o verso amar,
Jardim de afetos,
pombal de amores!
Humilde tetos
de pescadores...
Se a lua brilha,
que bem nos dá ...
Amar na ilha
de Paquetá!

Pensamento de quem ama,
hóstia azul fervendo em chama,
entre lábios separados ...
Pensamento de quem ama,
leva o meu radiograma
ao jardim dos namorados!
Onde é esse Paraíso,
o caminho que idealizo
na ascensão para esse altar?
Paquetá é um céu profundo
que começa neste mundo,
mas não sabe onde acabar ...

Jardim de afetos - etc.
Sobre o mar de azul rendado,
que é toalha de noivado,
surge a Ilha - taça erguida!
E o Luar - vinho dourado
enche a taça do passado
que embriaga a nossa vida!
Ai, que filtro milagroso,
para a mágoa e para o gozo,
para a eterna inspiração
O Luar, na mocidade,
abre as rosas da saudade
dentro em nosso coração

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