segunda-feira, 27 de julho de 2015

V.045.Verde - Garcia Lorca/José Ortega Heredis


Verde que te quiero verde
verde viento verdes ramas
El barco sobre la mar
El caballo em la montaña
Verde, que yo te quiero verde (te camelo cerde)

Com a sombra na cintura
Ela sonha na varanda
Verdes olhos negro pelo
Seu corpo de fria prata
Verde, que eu te quero verde, sim
Ah, que te quero verde

Compadre quiero cambiar
Mi caballo por tu casa
Mi montura por tu espejo
Mi cutilo por tu manta
Verde, que yo te quiero verde

Compadre vengo sangrando
Desde los puertos de cabra
Y se yo fuera mocito
Ese trato lo cerraba
Verde, que yo te quiero verde, verde...

Compadre donde está dime
Donde esta esa niña amarga
Cuantas veces la espere
Cuantas veces yo la esperaba
Verde, que te quiero verde...

Verde, que te quiero verde...

V.044.Viver é deixar rolar o Sentimento - Prêntice/Heitor Valente


Tem dias que eu visto fantasias
E finjo que acredito no que vejo
Eu saio procurando companhia
Para dividir comigo o meu desejo
Então me realizo nesse sonho
Já não disponho de outra realidade
Eu sempre acredito nas mentiras
No fundo as mentiras são verdades
Viver é deixar rolar o sentimento
A gente tá perdendo tanto tempo
Preciso resolver meu coração
Viver é por o nosso amor em movimento
A gente tá perdendo tanto tempo
Eu quero me perder nessa paixão

V.043.Velhos e Jovens - Pericles Cavalcante


Antes de mim vieram os velhos
Os jovens vieram depois de mim
E estamos todos aqui

No meio do caminho dessa vida
Vinda antes de nós
E estamos todos a sós

No meio do caminho dessa vida
E estamos todos no meio
Quem chegou e quem faz tempo que veio
Ninguem no inicio ou no fim

V.042.Velha Roupa Colorida - Belchior


Você não sente nem vê
mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
que uma nova mudança, em breve, vai acontecer.
E o que, há algum tempo, era jovem e novo, hoje é antigo
E precisamos/TODOS/ rejuvenescer!

Nunca mais meu pai falou: "She´s leaving home!
e meteu o pé na estrada like a rolling stone"
Nunca mais eu convidei minha
menina para correr no meu carro...
(Loucura, chiclete e som!)
Nunca mais você saiu à rua, em grupo reunido,
o dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor.
(Que é do cartaz?)
No presente a mente/o corpo é diferente

E o passado é uma roupa que não serve mais
Você não sente nem vê......etc

Como Poe, poeta louco americano, eu pergunto
ao passarinho:
Blackbird, assum preto! O que se faz?
E raven/never/raven/never/raven/never/raven/never/raven/
Blackbird, assum preto/passo preto me responde:
Tudo já ficou atrás!
E raven/never/raven/never/raven/never/raven/never/raven/
Blackbird, assum preto/passo preto me responde:
O passado nunca mais!

V.041.Vinho Amargo - Kledir Ramil


Desafio o tempo, faço pouco do azar
Perdido num pé de vento
Ou numa mesa de bar
Naufrago da noite do que posso contar
Bandeiras esquecidas ou um lenço
De mulher vulgar
Ai, essa dor no peito
No fundo do olhar
Bebe esse copo, meu amigo

Sabe companheiro eu não sei perder
Ergue o vinho amargo
Que se vai fazer
Pobre do meu povo e de todos nós
Nos calaram tanto tempo, já não temos voz
Ai essa dor no peito...

V.040.Vevecos, Panelas e Canelas - Milton Nascimento/Fernando Brant


Eu não tenho compromisso, eu sou biscateiro
Que leva a vida como um rio desce para o mar
Fluindo naturalmente, como deve ser
Não tenho hora de partir, nem hora de chegar

Hoje tô de bem com a vida, tô no meu caminho
Respiro com mais energia o ar do meu país
Eu invento coisas e não paro de sonhar
Sonhar já é alguma coisa mais que não sonhar

Para quem não me conhece eu sou brasileiro
Um povo que ainda guarda a marca inteior
Para quem não me conhece eu sou assim mesmo
De um povo que ainda olha com pudor
Que ainda vive com pudor

Queria fazer agora uma canção alegre
Brincando com palavras simples, boas de cantar
Luz de vela, rio, peixe, homem, pedra, mar,
Sol, lua, vento, fogo, filho, pai e mãe, mulher.

V.039.Viagem das Mãos - Tavinho Moura/Marcio Borges


Céu, carrossel, a roda-ciranda
Enrola teu ser ao meu
Vejo passar
O véu da manhã
E tão cristalina luz
Ilumina
Sol, girassol e tudo mais
Tudo por ti, cigana, meu mal
Rodando a saia
Viagem das mãos
Sapateava meu coração
Céu, carrossel, a roda cigana
Enrola teu ser ao meu
Tanto lugar
Viagem das mãos
E no limiar do calS
De teu corpo
Concha de mar, salina
Não pode ser
Melhor nem pensar
Mas como é sentimento real
Depois, talvez, o tempo dirá.

V.038.Vera Gata - Caetano Veloso


Era uma gata exata
Uma vera gata
Das que não tem dúvida
dúvida
Éramos fogo puro
O amor total
Padrão futuro éramos
eramos
Puro carinho e precisao
Eficiência, técnica e paixão
Clareza na expressão de cada sensaçao
Auto programáveis como dois robôs
Mas ninguem mais quente que nós
de que nós
E teve de ser rapida a transação
Pois já nos chamava o onibus
onibus
Tivemos tudo não faltou nada
E ainda madrugada nos saudou na estrada
Que ficou toda dourada e azul

V.037.Velas Içadas - Ivan Lins/Vitor Martins


Seu coração é um barco de velas içadas
longe dos mares, do tempo, dos loucos mares
seu coração é um barco de velas içadas
sem nevoeiros, tormentas, siquer um revés

Seu coração é um barco jamais navegado
nunca mostrou-se por dentro abrindo os porões
seu coração é um barco que vive ancorado
nunca arriscou-se ao vento, as grandes paixões

nunca soltou as amarras
nunca ficou à deriva
nunca sofreu um naufrágio
nunca cruzou com piratas e aventureiros
nunca cumpriu os destinos das enbarcações.

V.036.Virus do Amor - Roberto de Carvalho/Rita Lee


Aqui estamos nós
Turista de guerra
Bizarros casais
Restos mortais
Do Ibirapuera

O vírus do amor
Dentro da Gente
Beira o kaos
42º de febre contente

Prisioneiros de um arranha-ceu
Lá embaixo o mundo cruel
É tão chatinho

Você é toda minha munição
Não negue fogo pro meu coração
Machucadinho
Cambalache de paixão

L.052.Lá vem o Brasil Descendo a Ladeira - Morais Moreira/Pepeu Gomes


Quem desce do morro
não morre no asfalto
lá vem o Brasil descendo a ladeira
na bola, no samba
na sola no salto
lá vem o Brasil descendo a ladeira
Da sua escola é passista primeira
lá vem o Brasil descendo a ladeira
no equilíbrio da lata
não é brincadeira
lá vem o Brasil descendo a ladelra

E toda a cidade que andava quieta
naquela madrugada acordou mais cedo
arriscando um verso gritou o poeta
respondeu o povo num samba sem medo;
enquanto a mulata em pleno movimento
com toda cadência descia a ladeira
a todos mostrava naquele momento
a força que tem a mulher brasileira.

L.051.Lembrança de um Beijo - Accioly Neto


Quando a saudade invade o coração da gente
Pega a veia onde corria um grande amor
Não tem conversa, nem cachaça que dê jeito
Nem um amigo do peito que segure o chororô
Que segure o chororô
Que segure o chororô

Saudade já tem nome de mulher
Só prá fazer do homem o que bem quer
Saudade já tem nome de mulher
Só pra fazer do homem o que bem quer

O cabra pode ser valente
E chorar
Ter meio mundo de dinheiro
E chorar
Ser forte que nem sertanejo
E chorar
Só na lembrança de um beijo
Chorar

L.050.Lei - Djavan


Vou lhe contar
Nem dá pra crer
Nada tem mais poder
Que um desejo engolindo tudo
Caminhando pro fundo
E ali no final
Crescer
Quero correr
Me libertar, defender
Mas cadê o chão
Que a paixão não vê
Veio no ar
E pá! No breu
Sem avisar desceu
Num deserto e fez o futuro
Desabrochar do escuro
E à luz do dia
Rompeu
Veio trazer a ressurreição de um ser
Que ao morrer de amor
Vive como eu
Vale acrescentar
Que mesmo quem tudo sabe
Em torno de lei
Não pode mudar
Amor é isso
É sacrifício a valer
Porém,
Milagres como ele
Nem Deus fará jamais
Meu amor, meu viver
É ver o sol a seus pés
E a terra uma pedra sem cor
Se lapidando...

L.049.Lavoura - Tereza Cristina


Quatro da manhã
Dor no apogeu
A lua já se escondeu
Vestindo o céu de puro breu
E eu mal vejo a minha mão
A rabiscar
Esboço de canção.

Poesia vã
Pobre verso meu
Que brota quando feneceu
A mesma flor que concebeu
Perdido na alucinação
Do amor
Acreditando na ilusão.

Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida
A tristeza é um grão
Saudade é o chão onde eu planto
No ventre da solidão
É que nasce o meu canto.

No ventre da solidão é que nasce o meu canto...

L.048.Ligia - Tom Jobim


Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou a Ipanema
Não gosto de chuva
E nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano
O seu nome eu não sei
Esqueci no piano
As bobagens de amor
Que eu iria dizer
Lígia, Lígia
Eu nunca quis tê-la a meu lado
Num fim de semana
Um chope gelado
Em Copacabana
Andar pela praia
Até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome eu rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendi com você

Lígia, Lígia
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol
Lígia, Lígia

L.047.Lapinha - Baden Power/Paulo Cesar Pinheiro


Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Vai meu lamento vai contar
Toda tristeza de viver
Ai a verdade sempre trai
E às vezes traz um mal a mais
Ai só me fez dilacerar
Ver tanta gente se entregar
Mas não me conformei
Indo contra lei
Sei que não me arrependi
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Sai minha mágoa
Sai de mim
Há tanto coração ruim
Ai é tão desesperador
O amor perder do desamor
Ah tanto erro eu vi, lutei
E como perdedor gritei
Que eu sou um homem só
Sem saber mudar
Nunca mais vou lastimar
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Calça, culote, palitó almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zum
Cordão de ouro
Eu vou partir porque mataram meu besouro

L.046.Linha de Montagem - Novelli/Chico Buarque


Linha linha de montagem
A cor a coragem
Cora coração
Abecê abecedário
Ópera operário
Pé no pé no chão

Eu não sei bem o que seja
Mas sei que seja o que será
O que será que será que se veja
Vai passar por lá

Pensa pensa pensamento
Tem sustém sustento
Fé café com pão
Com pão com pão companheiro
Pára paradeiro
Mão irmão irmão

Na mão, o ferro e ferragem
O elo, a montagem do motor
E a gente dessa engrenagente
Dessa engrenagente
Dessa engrenagente
Dessa engrenagente sai maior

As cabeças levantadas
Máquinas paradas
Dia de pescar
Pois quem toca o trem pra frente
Também de repente
Pode o trem parar

Eu não sei bem o que seja
Mas sei que seja o que será
O que será que será que se veja
Vai passar por lá

Gente que conhece e prensa
A brasa da fornalha
O guincho do esmeril
Gente que carrega a tralha
Ai, essa tralha imensa
Chamada Brasil

Samba samba são Bernardo
Sanca são Caetano
Santa santo André
Dia-a-dia diadema
Quando for, me chame
Pra tomar um mé

L.045.Lero Lero - Edú Lobo/Cacaso


Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Porque no amor quem perde quase sempre ganha
Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder
Não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero
Não tolerolero lero devo nada pra ninguém
Sou descasado, minha vida eu levo a muque
Do batente pro batuque faço como me convém
Eu sou poeta e não nego a minha raça
Faço versos por pirraça e também por precisão
De pé quebrado, verso branco, rima rica
Negaceio, dou a dica, tenho a minha solução
Sou brasileiro, tatu-peba taturana
Bom de bola, ruim de grana, tabuada sei de cor
Quatro vez sete vinte e oito nove fora
Ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor
Não entro em rifa, não adoço, não tempero
Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás
Por onde passo deixo rastro, deixo fama
Desarrumo toda a trama, desacato Satanás
Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Diz um ditado natural da minha terra
Bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá
Desacredito no azar da minha sina

L.044.Lapa em Três Tempos - Ary do Cavaco/Rubens


Vem dos vice-reis
E dos tempos do Brasil Imperial
Através de tradições
Até a República atual
Os grandes mestres do passado
Dedicaram obras de grande valor

A Lapa de hoje e Lapa de outrora
Que revivemos agora

A serestas quantas saudades nos traz
Os cabarés e as festas
Emolduradas pelos lampiões a gás
As sociedades e os cordões
Dos antigos carnavais

Olha a roda de malandro
Quero ver quem vai cair
Capoeira vai plantando
Pois agora vai subir

Poeira ô! Poeira
O samba vai levantar poeira

Imagem do Rio antigo
Berço de grandes vultos da história
A moderna arquitetura lhe renova toda hora
Mas os famosos arcos
Os belos mosteiros
São relíquias desde bairro
Que foi o berço de boêmios
seresteiros

Abre a janela famosa mulher
Cantava o poeta trovador
Abre a janela famosa mulher
Na velha Lapa que passou

L.043.Lampião de Gás - Zeca Bergami


Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz

Da sua luzinha verde azulada
Que iluminava a minha janela
Do almofadinha lá na calçada
Palheta branca, calça apertada

Do bilboquê, do diabolô
Me dá foguinho, vai no vizinho
De pular corda, brincar de roda
De benjamim, jagunçu e chiquinho

Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz

Do bonde aberto, do carvoeiro
Do vossoureiro, com seu pregão
Da vovózinha, muito branquinha
Fazendo roscas, sequilhos e pão

Da garoinha fria, fininha
Escorregando pela vidraça
Do sabugueiro grande e cheiroso
Lá no quintal da rua da graça

Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz