quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

U.003.Última Estrofe - Cândido das Neves

A noite estava assim enluarada,
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado,
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim.
E dos seus gritos e tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:
Lua, vinha perto a madrugada
Quando em ânsias, minha amada
Nos meus braços desmaiou.
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou
Lua, hoje eu vivo tão sozinho
Ao relento, sem carinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Esta ingrata volte ainda
Escutando a minha voz.
A estrofe derradeira merencórea
Revelava toda a história
De um amor que se perdeu
E a lua que rondava a natureza,
Solitária com a tristeza
Entre as núvens se escondeu.
Cantor! Que assim falas à lua
Minha história é igual à tua,
Meu amor também fugiu
Disse-lhe eu em ais convulsos.
E ele, então, entre soluços
Toda a estrofe repetiu:
Lua, vinha perto a madrugada...

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