quinta-feira, 27 de agosto de 2009

C.006.Cantiga de Jesuíno - Ariano Suassuna

Meus senhores que aqui estão
Vou contar meu dizatino
A canção do cangaceiro que se chamou
Jesuíno
Seu bacamarte de prata
E o luar do seu destino
Num gibão
Todo vermelho
Um punhal no cinturão
Bem montado num cavalo
Cujo nome é Zelação
Jesuíno virou logo, ai, ai, ui, ui
Rei do povo do Sertão.

Ver a terra era seu sonho
Nobre terra do Sertão
Com o povo repartida
Pelo sol da partição
E é por isso, que ele canta
De bacamarte na mão

Eu tenho um espelho de cristal
Foi Jesus Cristo que limpou ele do pó
Mas lá um dia a terra se alumia
E o meio dia se espalha a luz do sol.

Mas os ricos se juntaram
Com o governo da nação
Lhe botaram emboscada
E ele morreu a traição
Mas o povo não esquece
Sonha com ele o sertão
E se diz que ainda hoje
Em qualquer ocasião
Alguém sofre uma injustiça
Nos caminhos do Sertão
Soam tiros do seu rifle, ai, ai, ui, ui
E o tropel de zelação
E Jesuíno brilhante
Volta feito aparição
Queima do dono da injustiça
De bacamarte na mão
Sua voz então se afasta
Cantando a mesma canção

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A.020.A Volta do Boêmio - Adelino Moreira


Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu
violão
Boemia, sabendo que andei distante
Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Ele voltou, o boêmio voltou novamente
Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar
Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu
coração
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir
Meu amor você pode partir, não esqueça o seu violão
Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas
Vá sonhar em nova serenata e abraçar seus amigos
leais
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A.019.A Vida do Viajante - Luiz Gonzaga

Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando a recordação
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro
Mais uma estação e alegria no coração!

Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando a recordação
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Mar e terra, inverno e verão
Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não
E a saudade no coração

A.018.A Sempre Viva - França Júnior

A sempre viva, que me deste ô bela
sempre viva me será na mente
Nas pétalas de ouro que esta flor ostenta
leio um protesto de amor ardente

Amor tão puro como eu sonho, arcanjo
sinto exalar-se nesta flor divina

Embora seja meu amor um crime hei de
adorar-te como a flor me ensina

A menina mimosa descorar não pode mesmo
dos anos o poder nefando
Ao seio úmido viverei com ela, beijando
as pétalas, morrerei te amando

A.017.A Primeira Estrela - Túlio Mourão/Milton Nascimento

Nosso irmão Senhor das manhãs
Traz uma estrela, deusa, lua, novidade
Velho coração de prata de lei
Na mão uma flor iluminada
Acesa, clara, clara, clara, clara paz
Nosso irmão com seu passado
E seus versos que excitam toda a multidão
Nos ensina a amar nosso irmão

Perdoar e fazer crescer
O bem comum, o seu trabalho, seu sustento
A emoção de ver seu filho tecer
Com a mão a cor da liberdade
Sua casa, casa, clara, clara paz
Celebrando a natureza
Abraçar o mundo na ternura e na dor
Elevar o pensamento e tornar-se rei

De onde vem, por que veio assim?
Será que nós veremos a primeira estrela vésper
Vida que não vai se apagar
Mas no coração há tanto pranto
Pranto tanto, tanto canto que sei lá
Que fazer se somos homens?
Tão distante agora a palavra desse amor
Nos ensima a amar meu irmão

Nosso irmão Senhor das manhãs
Com sua estrela deusa lua novidade
Simples coração de prata de lei
Nosso coração traz tanto pranto
Pranto tanto, tanto canto pra saldar
Renascer na velha história
Abraçando o mundo na ternura e na dor
Nos ensina a escrever a canção do sol

A.016.A Pequenina Cruz do Teu Rosário - COSTA WEYNE/ROBERTO XAVIER DE CASTRO


Agora, que não te vejo a meu lado
a segredar-me essas íntimas loucuras...
Faz tanto tempo, não me lembro quando,
a vida é longa, o pensamento vário,
tu me mostravas a rir que delírio santo,
a pequenina cruz do teu rosário.

E sempre que a via, recordava do nosso amor
a fantasia louca, toda vez que a pequenina cruz
beijava, eu beijava feliz a tua boca.

Mas o tempo passou, triste aqui segui da minha vida
o longo itinerário, e nunca mais, nunca mais, eu vi
a pequenina cruz do teu rosário.

E o amor fugiu-me a benfazeja luz, não posso mais ,
errante caminheiro, se o Cirineu, como o de Jesus,
larga-me ao corpo o peso de um madeiro...

Já vou trilhando a estrada da amargura, antes, porém,
que chegue meu calvário, dá-me a beijar,
Oh! Santa criatura, a pequenina cruz do teu rosário...

Recordo ainda o nosso amor de outrora,
vamos lembrar os tempos de criança, se o amor
fugir-me ã luz d'aurora, resta em minha'alma um
raio de esperança...

Tu que és tão boa, é tão meiga e pura, quando eu beijar
ao campo funerário, dá-me a beijar, ó santa criatura,
a pequenina cruz do teu rosário.











sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A.015.A Palo Seco - Belchior

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 76
Eu ando um pouco descontente
Desesperadamente eu canto em português
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português

Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Mas por força do meu destino
Um tango argentino
Me cai bem melhor que o blues
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 76
Eu quero é que esse canto torto feito faca
Corte a carne de vocês (2x)