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segunda-feira, 28 de novembro de 2016
S.045.Sêmen - Milton Nascimento/Fernando Brant
Meu caminhar pelo mundo é a minha forma de semear
o grao da vida, o germe da vida que vai multiplicar
minha canção, é o sêmen de vida que jogo no ar
cantar é a festa da paixao
o passaporte da música nao escolhe hora ou lugar
os preconceitos nao cabem, eles nao moram nessa canção
nao sei fronteiras e nego o que veio para desagregar
nossa harmonia
De aviao, de navio. de trem-de-ferro eu quero chegar
ao coração das pessoas que ainda sabem querem cantar
minha estrada é um rio de barcos que vao se encontrar
na voz de um cantor
no som tambor
num violao
É esse dom, é assim
nesse tom vale a gente existir
Na multidao, onde for
esse amor a gente deve sentir
é bom sentir
Meu caminhar pelo mundo é a minha forma de semear
o grao da vida, o germe da vida que vai multiplicar
minha canção é o sêmen de vida que jogo no ar
cantar vale viver
viver vale cantar
cantar
viver
S.044.Ser de Sagitário
Você metade gente
e metade cavalo
Durante o fim do ano
cruza o planetário
Cavalga elegância
Cabeça em pé de guerra mansa
Nas mãos arco e flecha
Meu coração
Aguarda e acompanha
seu itinerário
Até o fim do ano
ser de sagitário
Você metade gente
e metade cavalo
S.043.Sutis Diferenças - Caetano Veloso/Vinicius Cantuária
Pra você felicidade é
É uva tenra que cresceu no chão
Mas pra mim é fruta aqui no pé
Se oferece a olho aborto à mão
Pra você toda tristeza vem
Quando o sol descamba para o mar
Mas pra mim só quando não se tem
Para onde dirigir o olhar
(refrão)
Então nós dois, sutis diferenças
Vamos combinar
Não pra saber quem vence ou não vence
Mas que luz vai dar
Pra você a vida deve ser
Como um rio que corre sem parar
Mas a mim não importa o correr
E sim o refletir do luar
Pra você o medo vem do céu
Ou do Deus que não se mostrará
Mas pra mim o medo vem de
Não saber sequer se algum Deus há
(refrão)
Então nós dois, sutis diferenças
Vamos combinar
Não há no amor quem vença ou não vença
Mas que luz vai dar
S.042.Sem Fim - Novelli/Cacaso
Quando me larguei
lá de onde eu vim
chão de sol a sol
ramo de alecrim
paletó de brim
tempo tao veloz
mo chamei meu pai
minha mãe não viu
desgarrei de nós
quando dei por mim
um Sertao sem fim
pelo meu redor
Coração não deixe de bater
Quando o meu amor
disse adeus pra mim
eu perdi a voz
quis dizer que sim
mas me desavim
e fiquei menor
não achei meu pai
minha mãe saiu
me senti tao só
procurei por mim
um desvão sem fim
pelo meu redor
Coração não deixe de bater
S.041.Só (Solidão) - Tom Zé
Solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
o telefo...
e no meu descompasso
o riso dela
Na vida quem perdeu o telhado
em troca recebe as estrelas
pra rimar até se afogar
e de Soluço em Soluço esperar
O Sol que Sobe na cama
e acende o lençol
Só lhe chamando
Solicitando
Sólidão
que poeira leve...
Se ela nascesse rainha
se o mundo pudesse agüentar
os pobres ela pisaria
e os ricos iria humilhar.
Milhares de guerras faria
pra se deleitar
por isso eu prefiro
cantar sozinho.
solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
o telefone chamou, foi engano
solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
e no meu descompasso
descompasso
o riso dela
S.040.Solar - Milton Nascimento
Intr.: C C7M F/C F/G
C C7M
Venho do sol, a vida inteira no sol
C6 C C/D D7
Sou filho da terra do sol, hoje escuro
F G E7 Am
O meu futuro é luz e calor de um novo mundo eu sou
Em/G D/F# Dm/F
E um mundo novo será mais claro
Dm7 E5+/7 E7 Am D/F# Dm/F C/E
Mas é no velho que procuro o jeito mais sábio de usar
F Bb C F Bb G7 C
A força que o sol me dá, canto o que eu quero viver
C/E
É o sol, somos crianças ao sol
C/G C/D D7
A aprender, a viver e a sonhar, e o sonho é belo
G F/A G/B C F/C C
Pois tudo ainda faremos, nada está no lugar
F/A G/B C F/C C F/A G/B G7 C G Am C/D D/E
Tudo está por pensar, tudo está por criar
Am7 D/E
Saí de casa para ver outro mundo, conheci
G/A D7M D4
S.039.Serenata Suburbana - Capiba
Levo a vida em serenata somente a cantar
Quem não me conhece, tem a impressão
de que eu sou tão feliz...
mas não é isso não...
Se eu canto em serenata
é para nbão chorar.
Ninguem sabe a dor que sinto dentro de mim
ninguem sabe por que vivo tão triste assim
Se eu fosse realmente muito feliz
Não chorava em todo canto
Nem cantava para abafar meu pranto
S.038.Sem Fantasia - Chico Buarque
Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu
Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus
S.037.Soneto - Chico Buarque
Pra que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me indendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abrisdte meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não de meixaste adormecida
E me mostraste o mar - com que navio?
E me deixaste só - com que saida?
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio?
S.036.Sem Açucar
Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me demancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos
Dia impar tem chocolate
Dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate
Dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor
Na presença dele me calo
Eu de dia sou uma flor
e eu de noite sou seu cavalo
A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
Sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira
Ele nem me adivinha os desejos
Eu de noite sou seu cavalo
Eu rolo sozinha na esteira
O.052.O Que é, o que é - Gonzaguinha
Eu fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
E a vida?
E a vida o que é diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é, o que é meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem da segundo,
Há quem fale que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do Criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer;
Ele diz que a vida é viver;
Ela diz que o melhor é morrer,
Pois amada não é
E o verbo sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita (bis)
O.051.O Amanhã - João Sérgio
A cigana leu o meu destino
Eu sonhei
Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante
Eu sempre perguntei
O que será o amanhã
Como vai ser o meu destino
Já desfolhei o mal-me-quer
Primeiro amor de um menino
E vai chegando o amanhecer
Leio a mensagem zodiacal
E o realejo diz
Que eu serei feliz
Sempre feliz
Como será o amanhã
Responda quem puder
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser
O.050.O Sinal - Francis Hime/Alberto Abreu
Por que é que você não me assalta,
Não me agarra, sacode?
Diz que me gosta ou desgosta
Pergunta o que sinto
Espera a resposta?
É o sinal
É o sinal
É o sinal
O sangue fraco no pulso
O soluço contido
As nossas conversas sem fala
O nosso comportamento normal
Enquanto tudo desaba
Tudo isso é o sinal
É o sinal (É o sinal)
É o sinal (É o sinal)
É o sinal (É o sinal)
E é também sinal a boca sem riso
A emoção sem aviso
Que nos sobe à garganta fora de hora
A espera e a demora
O afeto guardado
Palavras tão poucas
Amargo que nos vem à boca
É o sinal que o rio está seco
Que a seiva escorreu
É o sinal da parada
O fim da estrada
Ah
É o sinal que o rio está seco
Que a seiva escorreu
É o sinal da parada
O fim da estrada
Adeus
O.049.O Filho da Própria - Gonzaguinha
Nunca serei exatamente aquilo que desejas
Pois, estarei mais além que aquém
Do momento em que vejas
Como num jogo de espelhos
Só terás a múltipla imagem
E a tua pedra será bobagem
Um arremedo da minha coragem
Subo as escadas do sucesso
Como sobe um atleta
E tu me vês super-homem
Alcançado a tua meta
Mas quando pensas que entrei
Já serei suicida
Este teu céu é limite
E eu prefiro o calor do meu inverno
Lembra do tempo em que era
Liberdade, liberdade
Nos corredores escuros
Os donos da vida e da morte
Era de heróis, era de fortes
Era de bravos guerreiros
Era a justiça de um povo
Nas mãos de bel companheiros
Hoje chevrar a memória
Limpar todo o sangue com detergente
A tal da felicidade
Nas bancas do artigo do dia
Tapa, rasteira, rasga-retrato
Dedo no olho, porrada
Desculpe-me, mas disto eu tenho verdadeira alegria
Eu sou aquele amadodiado
Que se beija pedreja
Brigue, fustigue, castigue
A couraça do moleque
Nunca confie ni mim
Pois certo me desconfio
E nunca estarei no ponto exato
E tu dirás – ah moleque eu te mato
E gritarás – ah moleque eu te pego
E eu estarei nas estradas
Nalegria da luta
Pois um , moleque é sempre
Um ótimo filho da própria
Massa, graça, força, emoção
Sangue nas veias gritando
Festa trabalho
Atrevido moleque
Coração
Festa trabalho.
O.048.O Meu Guri - Chico Buarque
Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar...
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar...
Como fui levando
Não sei lhe explicar...
Fui assim levando
Ele a me levar...
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá...
Olha aí!
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega suado
E veloz do batente
E traz sempre um presente
Prá me encabular...
Tanta corrente de ouro
Seu moço
Que haja pescoço
Prá enfiar...
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá...
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar...
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega no morro
Com o carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador...
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Está um horror...
Eu consolo ele
Ele me consola...
Boto ele no colo
Prá ele me ninar..
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado
Já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí!
É o meu guri
E ele chega...
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais...
Eu não entendo essa gente
Seu moço
Fazendo alvoroço
Demais...
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo
Eu não disse
Seu moço
Ele disse que chegava lá...
Olha aí!
Olha aí!
Olha aí!
Aí o meu guri
Olha aí!
Olha aí
É o meu guri...(3x)
O.047.O Começo - Gonzaguinha
As paredes do quarto ainda derramam
As história de um tempo que o vento levou
Sobre um corpo de um homem deitado na cama
Olhar preso no teto buscando uma chama
Pois na sua cabeça a lembrança da festa
É o fogo que resta no seu coração
E ele espera a boa noite e o beijo
Pra poder dormir santo, salvo e são
E amanhã de manhã vai pedir um bom-dia
Pra se olhando no espelho
Vai sair sem ouvir o conselho
Pra tomar cuidado e não se aborrecer
Vai ligar do trabalho e sentir
O telefone tocando, chamando, chamando
Vai sair da batalha e se impacientar
Pois está mais depressa em casa
Querendo chegar
Mais vai se perguntar: vou chegar
Mas onde, por que, pra quem e pra quê?
Se eu não tenho hora e sem hora (senhora)
Não dar mais pra viver
Sobe no elevador com a chave na mão
E lhe bate no peito dolorosa emoção
Abre a porta e nada de entrar
A não ser o botão de uma blusa
Jogando no chão
E parado no meio da sala
As perguntam lhe assaltam e ele se revela
Não vai ser tudo mais fácil
Sem ela como eu pensei (bem sei)
Sem aquela, sem trela, sem querelas
Eu não tenho paz
Não é filme, é tato, é vida
E sem a moça, como é que se faz
Vai olhar as paredes do quarto
E sonhar nas histórias que a vida levou
Vai apagar a luz
E chorar
Como nunca
Um homem
De sua vivência
chorou.
O.046.O Futebol.Chico Buarque
Para estufar esse filó
Como eu sonhei
Só
Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca
Parafusar algum joão
Na lateral
Não
Quando é fatal
Para avisar a finta enfim
Quando não é
Sim
No contrapé
Para avançar na vaga geometria
O corredor
Na paralela do impossível, minha nega
No sentimento diagonal
Do homem-gol
Rasgando o chão
E costurando a linha
Parábola do homem comum
Roçando o céu
Um
Senhor chapéu
Para delírio das gerais
No coliseu
Mas
Que rei sou eu
Para anular a natural catimba
Do cantor
Paralisando esta canção capenga, nega
Para captar o visual
De um chute a gol
E a emoção
Da idéia quando ginga
(Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para
Didi para
Pagão para Pelé e Canhoteiro)
O.045.O Velho Francisco - Chico Buarque
Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida
Roupa lavada
Vida veio e me levou
Fui eu mesmo alforriado
Pela mão do Imperador
Tive terra, arado
Cavalo e brida
Vida veio e me levou
Hoje é dia de vista
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor
Quem me vê, vê nem bagaço
Do que viu quem me enfrentou
Campeão do mundo
Em queda de braço
Vida veio e me levou
Li jornal, bula e prefácio
Que aprendi sem professor
Freqüentei palácio
Sem fazer feio
Vida veio e me levou
Hoje é dia de vista
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor
Eu gerei dezoito filhas
Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas
Da Caraíba
Vida veio e me levou
Fechei negócio da China
Desbravei o interior
Possuí mina
De prata, jazida
Vida veio e me levou
Hoje é dia de visista
Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né
Acho que o moço até
Nem me lavou
Acho que fui deputado
Acho que tudo acabou
Quase que
Já não me lembro de nada
Vida veio e me levou
O.044.O Estrangeiro - Caetano Veloso
( Dm Am )
O pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
F Dº
O amor é cego
Gm C7
Ray Charles é cego
Cm F7
Stevie Wonder é cego
Bbm7 D7/9
E o albino Hermeto não encherga mesmo muito bem
( Dm Am )
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante deareia brancae de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
F
Que era tudo quanto havia então de aurora
( Dm Am )
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
F Dº
E ouço as vozes
Gm C7
Os dois me dizem
Cm F7
Num duplo som
Bbm7 D7/9
Como que sampleados num sinclavier:
( Dm Am )
"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato ipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:
F Dº
É um desmascaro
Gm C7
Singelo grito:
Cm F7
"O rei está nu"
Bbm7 D7/9
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei émais bonito nú
( Dm Am )
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").
O.043.O Conde - Evaldo Gouveia/Jair Amorim
Encontrei, hoje cedo no meu barracão
Minha roupa de conde no chão
Fantasias e plumas azuis, a rolar
E achei, em pedaços bem junto à janela,
O meu pinho quebrado por ela,
Tal e qual, sucedeu na canção popular
Bem que eu quis, atrás dela sair e brigar
Mas depois eu pensei , é melhor
Ela ir de uma vez e eu ficar
Além do mais
Sambista até morrer eu sou,
E onde a minha escola for eu vou
Amor a gente perde,
A gente tem, amor que vem,
Como é, que eu posso por ela trocar
A emoção de ver Vilma dançar,
Com o seu estandarte na mão
E ouvir,
Todo o povo, meu povo aplaudir
A minha escola a evoluir
Minha ala comigo passar,
Bem melhor do ela
É sair na Portela
E um samba de enredo no asfalto cantar !
La, iá, ... ... ... La, iá, ... ... ...
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