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terça-feira, 29 de setembro de 2015
C.067.Com Voce - Roberto Carlos
Com você
Conheci a grandeza do amor
Com você
Vi que o sol tem mais luz e mais cor
Com você
Aprendi a sorrir e viver
Porque tudo o que eu sempre quis ter
Muito mais eu encontro em você
Com você
É que a vida tem valor
Com você
Não existe a tristeza e a dor
Com você
Vou além dos limites de um ser
À procura do que possa ter
De mais lindo pra te oferecer
Você é muito mais que a minha própria vida
É o sol e as estrelas do meu universo
Você é a canção mais bonita que eu canto
É a frase de amor mais linda do meu universo
Você, você é o meu amor
Você, você é o meu amor
Com você
Vou além dos limites de um ser
À procura do que possa ter
De mais lindo pra te oferecer
Você é muito mais que a minha própria vida
É o sol e as estrelas do meu universo
Você é a canção mais bonita que eu canto
É a frase de amor mais linda do meu universo
Você, você é o meu amor
Você, você é o meu amor
C.066.Caso de Mim - Wagner Tiso/Milton Nascimento
Se eu partir amanhã
Vá levando todo sentimento
Que pra ti guardei, juntei, somei
Nos momentos em que conhecemos
O mais
Desregrado, entusiasmado
Caso de amor
Que se pode viver
Ninguém é dono, nem devedor
Sigo na noite, pra onde for
Até sempre, pra não falar adeus
Cuida bem de ti
Não se arrependa depois
Despertei, aprendi
Que a dor inda desaparece
Numa esquina ou noutra emoção
E estarei
De luar no peito
E fogo no interior
Desregrado, entusiasmado
Cabe um mundo inteiro
No meu coração
C.065.Carta à República - Milton Nascimento/Fernando Brant
Sim é verdade, a vida é mais livre
o medo já não convive nas casas, nos baress, nas ruas
com o povo daqui
e até dá pra pensar no futuro e ver nossos filhos crescendo e sorrindo
mas eu não posso esconder a armagura
ao ver que o sonho anda pra trás
e amentira voltou
ou será mesmo que não nos deixara?
a esperança que a gentecarrega é um sorvete em pleno sol
o que fizeram da nossa fé?
Eu briguei, apanhei, eu sofri, aprendi,
eu cantei, eu berrei, eu chorei, eu sorri,
eu saí pra sonhar meu País
e foi tão bom, não estava sozinho
a praça era alegria sadia
o povo era senhor
e só uma voz, numa só canção
e foi por ter posto a mão no futuro
que no presente preciso ser duro
que eu não posso me acomodar
quero um País melhor
C.064.Crescente - Milton Nascimento/Wagner Tiso
Vaqueiro do Arizona, desordeiro e beberrão
Corria em seu cavalo pela noite no sertão
No céu, porém, a noite ficou rubra num clarão
E viu passar num fogaréu um rebanho no céu
Y-pi-a-ê, y-pi-a-ô, correndo pelo céu
A rubras ferraduras punham brasas pelo ar
E os touros como fogo galopavam sem cessar
E atrás vinham vaqueiros como loucos a gritar
Vermelhos a queimar também, galopando pro além
Y-pi-a-ê, y-pi-a-ô, seguindo para o além
Centelhas nos seus olhos e o suor a escorrer
Sentindo o desespero da boiada se perder
Chorando a maldição de condenados a viver
A perseguir, correndo ao léu, um rebanho no céu
Y-pi-a-ê, y-pi-a-ô, correndo pelo céu
Um dos vaqueiros, ao passar, gritou dizendo assim:
"Cuidado, companheiro, ou tu virás prá onde eu vi
Se não mudas de vida tu terás o mesmo fi
Querer pegar no fogaréu um rebanho no céu"
Y-pi-a-ê, y-pi-a-ô, correndo pelo céu
C.063.Corista de Rock - Rita Lee/Luis Carlini
Disseram que o palco não é mais aquele lugar
Mas do jeito que a gente me olha de frente
Como eu vou parar?
Pois eu sou corista num grupo de rock
Que tem pra valer
Um ponto de vista que não se limita
De ser ou não ser
Prefiro ser os dois
Não venha me dizer do meu compromisso
Com isso ou aquilo
Se o que a gente quer
Não deixa de ser um belo motivo
Pra se festejar de modo indiscreto
O que vai nascer
E todas as estórias
Que o mundo imagina pra sobreviver
Prefiro não saber
O que eu era ou sou por enquanto
É tudo aquilo que eu digo e canto
Com um pouco de espanto
Num palco ou num canto
C.062.Costumes - Roberto Carlos
Eu pensei que pudesse esquecer
Certos velhos costumes
Eu pensei que já não me
Lembrasse de coisas passadas
Eu pensei que pudesse enganar
A mim mesmo dizendo
Que essas coisas da vida em
Comum não ficava marcadas.
Não pensei que me fizessem
Falta umas poucas palavras
Dessas coisas simples que
Dizemos antes de dormir
De manhã o bom-dia na cama,
A conversa informal
O beijo depois o café, o cigarro e o jornal
Os costumes me falam de coisas, de fatos antigos
Não me esqueço das tardes
Alegres com nosso amigos.
Um final de programa, fim de madrugada
O aconchego da cama, a luz apagada
Essas coisas só mesmo com o tempo
Se pode esquecer.
Então eu me vejo sozinho como estou agora
E respiro toda a liberdade que alguém pode ter
De repente ser livre até me assusta
Me aceitar sem você
Certas vezes me custa
Como posso esquecer dos costumes
Se nem mesmo
Esqueci de você.
C.061.Coração de Estudante - Milton Nascimento/Wagner Tiso
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.
C.060.Comunhão - Milton Nascimento
Sua barriga me deu a mãe
O pai me deu o seu braço forte
Os seios fartos me deu a mãe
O alimento, a luz, o norte
A vida é boa me diz o pai
A mãe me ensina que ela é bela
O mal não faço eu quero o bem
Na minha casa não entra a solidão
Todo o amor será comunhão
A alegria de pão e o vinho
Você bem pode me dar a mão
Você bem pode me dar carinho
Mulher e homem é o amor
Mais parecido com primavera
É dentro dele que mora a luz
Vida futura no ponto de explodir
Eu quero paz eu não quero guerra
Quero fartura, eu não quero fome
Quero justiça, não quero ódio
Quero a casa de bom tijolo
Quero a rua de gente boa
Quero a chuva na minha roça
Quero o sol na minha cabeça
Quero a vida, não quero a morte não
Quero o sonho, a fantasia
Quero o amor, e a poesia
Quero cantar, quero companhia
Eu quero sempre a utopia
O homem tem de ser comunhão
A vida tem de ser comunhão
O mundo tem de ser comunhão
A alegria do vinho e o pão
O pão e o vinho enfim repartidos
Sua barriga te deu a mãe
Eu pai te dou o meu amor e sorte
Os seios fartos te deu a mãe
O alimento, a luz, o norte
A vida é boa te digo eu
A mãe ensina que ela é sábia
O mal não faço, eu quero o bem
A nossa casa reflete comunhão
C.059.Coração Selvagem - Belchior
Meu bem, guarde uma frase pra
mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu
copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro,
ver e saber que eu te amo
Meu bem, o mundo inteiro está
naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar
meu coração cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Meu bem, talvez você possa
compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem
Talvez eu morra jovem:
Alguma curva no caminho,
algum punhal de amor traído
Completará o meu destino, meu bem...
Que outros chamam de baby
C.058.Chego Já - Alceu Valença
Eu já chamei você
Você não quis brincar
Pode bater o pé
Pode ficar
O Elefante já vem
Descendo o Amparo, meu bem
E aquela Cobra que sobe
A ladeira com gosto de gás
O Elefante já vem
E Eu Acho é Pouco, meu bem
Segura a Coisa com muito cuidado
Que eu chego já
Segura a Coisa
Que o Chapéu de Bode
Passou desgarrado
Atrás do feitiço
Cheirando a pecado
É com essa menina bonita
Que eu vou
O Elefante já vem
Eu Acho é Pouco, meu bem
Segura a Coisa com muito cuidado
Que eu chego já
Segura a Coisa com muito cuidado
Pra não se queimar
C.057.Cuitelinho - Wagner Tiso/Milton Nascimento
Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espáia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
Aí quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai
C.056.Canta Coração - Geraldo Azevedo
Canta, canta passarinho, canta, canta miudinho
Na palma da minha mão
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando
Quero paz no coração
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando
Na palma da minha mão
Na palma da minha mão tem os dedos tem as linhas
Que olhar cigano caminha procurando alcançar
O anau perdido, o trem que chega, a nova dança
Mata verde esperança, em suas tranças vou voar
Passarin...in...nho eu vou voar
(repete refrão)
Quero paz no coração
Meu alegre coração é triste como um camelo
É frágil que nem brinquedo, é forte como um leão
É todo zelo, é todo amor, é desmantelo
É querubim, é cão de fogo, é Jesus Cristo, é Lampião
Passarin...in...nho eu vou voar
Passarin...in...nho eu vou voar
Passarin...in...nho eu vou voar
C.055.Canta Brasil - Alcyr Pires Vermelho/David Nasser
As selvas te deram nas noites seus ritmos
Bárbaros...
Os negros trouxeram de longe reservas de pranto...
Os brancos falaram de amores em suas canções...
E dessa mistura de vozes nasceu o teu pranto...
Brasil
Minha voz enternecida
Já dourou os teus brasões
Na expressão mais comovida
Das mais ardentes canções...
Também,
A beleza deste céu
Onde o azul é mais azul
Na aquarela do brasil
Eu cantei de norte a sul
Mas agora o teu cantar,
Meu brasil quero escutar:
Nas preces da sertaneja,
Nas ondas do rio-mar...
Oh!
Este rio – turbilhão,
Entre selvas e rojão,
Continente a caminhar!
No céu!
No mar!
Na terra!
Canta, brasil !!!
C.054.Cantigas - Alberto Nepomuceno
D'alguns é branca ventura
a d'outros a cor do céu
A minha ventura é negra
Tem a cor dos olhos teus
O meu pobre coração
Vale mais que um paraíso;
É uma cascata ignorada
onde mora o teu sorriso
Não sei que fiz d'alegria
Desde o dia em que te vi
Mas cheio que m a roubaram
Que eu decerto não a perdi
Não quero morrer ainda
Nem deixar os meus amores
Que a minha ventura é tão linda
Como um canteiro de flores
Por mais que se o resto prova
Ser um contínuo revéz,
Morrer venturoso e novo
Melhor me fora talvez
C.053.Cabeça Virada - Almir Rouche/Paulinho Pimpão
Menina Maria da saia rodada
Do corpo bonito da cabeça virada
As vezes te vejo de longe
As vezes escuto notícias tuas
Me avida quando voce quiser voltar
A chave do meu coração é tua
Estrada da terra ceu azul
Menina do meu maracatu
Voce me amava e foi embora
Saudade eu só sei o que é agora
A dor de viver um grande amor
Roda tua saia menina
Maria me deixa te vê, iô, iô
To perdendo a cabaça pra não te perder
Roda tua saia menina
Maria me deixa te vê, iô, iô
Sou teu servo e minha rainha é você
C.052.Cala a Boca Bárbara
Ele sabe dos caminhos dessa minha terra
No meu corpo se escondeu, minhas matas percorreu
Os meus rios, os meus braços
Ele é o meu guerreiro nos colchões de terra
Nas bandeiras, bons lençóis
Nas trincheiras, quantos ais, ai
Cala a boca - olha o fogo!
Cala a boca - olha a relva!
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Ele sabe dos segredos que ninguém ensina
Onde guardo o meu prazer, em que pântanos beber
As vazantes, as correntes
Nos colchões de ferro ele é o meu parceiro
Nas campanhas, nos currais
Nas entranhas, quantos ais, ai
Cala a boca - olha a noite!
Cala a boca - olha o frio!
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara
C.051.Construção - Chico Buarque
Amou daquela vez
Como se fosse a última
Beijou sua mulher
Como se fosse a última
E cada filho seu
Como se fosse o único
E atravessou a rua
Com seu passo tímido
Subiu a construção
Como se fosse máquina
Ergueu no patamar
Quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo
Num desenho mágico
Seus olhos embotados
De cimento e lágrima
Sentou prá descansar
Como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz
Como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou
Como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou
Como se ouvisse música
E tropeçou no céu
Como se fosse um bêbado
E flutuou no ar
Como se fosse um pássaro
E se acabou no chão
Feito um pacote flácido
Agonizou no meio
Do passeio público
Morreu na contramão
Atrapalhando o tráfego...
Amou daquela vez
Como se fosse o último
Beijou sua mulher
Como se fosse a única
E cada filho seu
Como se fosse o pródigo
E atravessou a rua
Com seu passo bêbado
Subiu a construção
Como se fosse sólido
Ergueu no patamar
Quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo
Num desenho lógico
Seus olhos embotados
De cimento e tráfego
Sentou prá descansar
Como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz
Como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou
Como se fosse máquina
Dançou e gargalhou
Como se fosse o próximo
E tropeçou no céu
Como se ouvisse música
E flutuou no ar
Como se fosse sábado
E se acabou no chão
Feito um pacote tímido
Agonizou no meio
Do passeio náufrago
Morreu na contramão
Atrapalhando o público...
Amou daquela vez
Como se fosse a última
Beijou sua mulher
Como se fosse a última
E cada filho seu
Como se fosse o único
E atravessou a rua
Com seu passo tímido
Subiu a construção
Como se fosse máquina
Ergueu no patamar
Quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo
Num desenho mágico
Seus olhos embotados
De cimento e lágrima
Sentou prá descansar
Como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz
Como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou
Como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou
Como se ouvisse música
E tropeçou no céu
Como se fosse um bêbado
E flutuou no ar
Como se fosse um pássaro
E se acabou no chão
Feito um pacote flácido
Agonizou no meio
Do passeio público
Morreu na contramão
Atrapalhando o tráfego...
Amou daquela vez
Como se fosse o último
Beijou sua mulher
Como se fosse a única
E cada filho seu
Como se fosse o pródigo
E atravessou a rua
Com seu passo bêbado
Subiu a construção
Como se fosse sólido
Ergueu no patamar
Quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo
Num desenho lógico
Seus olhos embotados
De cimento e tráfego
Sentou prá descansar
Como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz
Como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou
Como se fosse máquina
Dançou e gargalhou
Como se fosse o próximo
E tropeçou no céu
Como se ouvisse música
E flutuou no ar
Como se fosse sábado
E se acabou no chão
Feito um pacote tímido
Agonizou no meio
Do passeio náufrago
Morreu na contramão
Atrapalhando o público...
Amou daquela vez
Como se fosse máquina
Beijou sua mulher
Como se fosse lógico
Ergueu no patamar
Quatro paredes flácidas
Sentou prá descansar
Como se fosse um pássaro
E flutuou no ar
Como se fosse um príncipe
E se acabou no chão
Feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão
Atrapalhando o sábado...
Por esse pão prá comer
Por esse chão prá dormir
A certidão prá nascer
E a concessão prá sorrir
Por me deixar respirar
Por me deixar existir
Deus lhe pague...
Pela cachaça de graça
Que a gente tem que engolir
Pela fumaça desgraça
Que a gente tem que tossir
Pelo andaimes pingentes
Que a gente tem que cair
Deus lhe pague...
Pela mulher carpinteira
Prá nos louvar e cuspir
E pelas moscas bixeiras
A nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira
Que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague...
Como se fosse máquina
Beijou sua mulher
Como se fosse lógico
Ergueu no patamar
Quatro paredes flácidas
Sentou prá descansar
Como se fosse um pássaro
E flutuou no ar
Como se fosse um príncipe
E se acabou no chão
Feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão
Atrapalhando o sábado...
Por esse pão prá comer
Por esse chão prá dormir
A certidão prá nascer
E a concessão prá sorrir
Por me deixar respirar
Por me deixar existir
Deus lhe pague...
Pela cachaça de graça
Que a gente tem que engolir
Pela fumaça desgraça
Que a gente tem que tossir
Pelo andaimes pingentes
Que a gente tem que cair
Deus lhe pague...
Pela mulher carpinteira
Prá nos louvar e cuspir
E pelas moscas bixeiras
A nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira
Que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague...
C.050.Cobra de Vidro - Chico Buarque
Aos quatro cantos o seu corpo
Partido
Banido
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De vidro
O seu veneno incomodando
A tua honra
O teu verão
Presta atenção
Aos quatro cantos suas tripas
De graça
De sobra
Aos quatro ventos os seus quartos
Deus cacos
De cobra
O seu veneno arruinando
A tua filha
A plantação
Presta atenção
Aos quatro cantos seus ganidos
Seu grito
Medonho
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De sonho
O seu veneno temperando
A tua veia
O teu feijão
Presta atenção
Presta atenção
Presta atenção
Presta atenção
Presta atenção
C.049.Corrente - Chico Buarque
Eu hoje fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que o meu samba é uma corrente
E coerentemente assino embaixo
Hoje é preciso refletir um pouco
E ver que o samba está tomando jeito
Só mesmo embriagado ou muito louco
Pra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincero e claro
Pra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na cara
Pra ver que o samba está bem melhorado
Tem mas é que ser bem cara de tacho
Não ver a multidão sambar contente
Isso me deixa triste e cabisbaixo
Por isso eu fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que o meu samba é uma corrente
E coerentemente assino embaixo
Hoje é preciso refletir um pouco
E ver que o samba está tomando jeito
Só mesmo embriagado ou muito louco
Pra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincero e claro
Pra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na cara
Pra ver que o samba está bem melhorado
Tem mais é que ser bem cara de tacho
Não ver a multidão sambar contente
Isso me deixa triste e cabisbaixo
Por isso eu fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho
C.048.Canção Desnaturada - Chico Buarque
Por que creceste, curuminha
Assim depressa, e estabanada
Saíste maquilada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo
De poder
Te ver as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E cuidar só de mim
Deixar-te arder em febre, curuminha
Cinquenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos
Botequins
Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
Nunca ter saído
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