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terça-feira, 2 de abril de 2013
V.014.Vingança - Lupicínio Rodrigues
Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar,
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Prá ninguém notar.
O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou,
Me fazer passar tanta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
E a herança maior que meu pai me deixou;
Mas, enquanto houver força em meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Prá poder descansar.
V.013.Viola Enluarada - Marcos Vale
A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a terra
A voz que canta uma cançao
Se for preciso canta um hino
Louva a morte
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada
Esperanca de vingança
O mesmo pé que dança o samba
Se preciso vai à luta, capoeira
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Pra defendê-Ia se levanta
E grita: eu vou
Mão, violão, canção, espada e viola enluarada
Pelos campos e cidades
Porta bandeira, capoeira
Desfilando vão cantando
Liberdade! Liberade!
V.012.Vai, Vai Mesmo - Ataulfo Alves
Vai, vai mesmo
Eu não quero você mais
Nunca mais
Tenha santa paciência
Ponha a mão na consciência
Deixe-rne viver em paz
Vai, ou não vai?
Sai de vei do meu caminho
Dê a outro o, seu carinho
Me abandone por favor
Ai que dor!
Você machucou meu peito
Não tem mais o dire:t to
De zombar do meu amor
Vai, OU não vai?
V.011.Vida e Carnaval - Moraes Moreira/Aroldo
Mandei fazer a minha fantasia
Alegoria de papel crepon
Que é prá voce durante esses três dias
Me curtir todinha
E ao romper do som
Aprender na escola que é a rua
Ver a vida nua
E náo sair do tom
Pagar prá ver qual é
A barra de ser o que é
Ser prá voce igual
Na vida e no carnaval
Meu negro tirei a máscara
Meu negro tirei a máscara Que até agora escondeu
Meu sentimento a mais rara
Das jóias que Deus me deu.
U.034.Uns Versos - Adriana Calcanhoto
Sou sua noite, sou seu quarto
se voce quiser dormir
eu me despeço,
eu em pedaços,
como um silêncio ao contrário,
enquanto espero
escrevo uns versos,
depois rasgo.
Sou seu fardo, sou seu bardo,
se voce quiser ouvir
o seu eunuco, o seu soprano,
um seu arauto,
eu sou o sol da sua noite em claro,
um radio...
eu sou pelo aveso,
sua pele, o seu casaco
se voce vai sair, o seu asfalto...
se voce vai sair eu chovo...
sobre o seu cabelo pelo seu itinerário
sou eu o seu paradeiro em
uns versos que eu escrevo, depois rasgo...
e depois rasgo
U.033.Um dia ri o Outro Chora - F. Cabral/Carlos Lyra
Uma canção que vem de um sonho de outono
Na solidão da cor de março, meu quarto
Talves um último cigarro, eu ardo
Até a hora de dormir
A dor que existe em cada espera, desperta
O amor que em cada madrugada, se apaga
Num indo e vindo que não muda, no mundo
Eu brindo ao último partir
Um dia ri sem ter porque
Chora depois por um querer
E cada vez é sempre igual
Um grande amor
Um dia vai o outro vem
E se ficar se vai também
A vida é assim
Um dia o rizo, o outro a dor
Pro amor que hoje ardendo em febre me aquece
Ou que amanhã me abre a janela e se esfria
Eu sei que um outro sofrimento, e o tempo
Me ajudarão a esquecer
Eu vou dizendo "Eu te amo tanto" a tantas
E vou virando novas folhas, os rostos
Desse meu livro de aventuras, as fugas
Que vão marcando o meu viver.
U.032.Ui-Wando Paixão - Wando/Antonio Ary
Sou bicho vadio
Sou fera no cio
Uiwando paixão
Sou mais que loucura
Te quero todinha
De novo no chão
Um beijo molhado
Nessa boca quente
Eu juro que dou
Te aqueço no frio
Te afago em meu corpo
Sedento de amor
Te levo pro mato
Pra rede ou pro quarto
Te arranho de amor
Te quero tão nua
Vai ser meu desejo
Meu cheiro e suor
Te levo as estrelas
Te faço menina
Não te deixo só.
U.031.Um jeito Prá Ninguém Botar Defeito - Niltinho Tristeza/Guga
Lá, lé, laiá
Despontou
E faz ouvir ao longe é seu cantar
Ser feliz.
E sempre amar, amor lmperatriz
Um grito emana do povo
Os direitos são iguais
Brancos, negros. índios
Agitam a bandeira da paz.
Desperta esperança
A vida acende, é luz. é cor
Surge nova era
O que passou, passou
Vem brincar...
Vem brincar amor
Dê um jeito tá
Que eu também tô
Vou cair na brincadeira
Rasgar de norte a sul
Vou Pegar minha bandeira
Dançar o frevo e o maracatú
Quero ver clarear
Agüenta, Coração
Há verde e branco em minha vida
Meu futebol, meu carnaval
Minhas bandeiras na avenida
segunda-feira, 1 de abril de 2013
T.013.Tenda - Caetano Veloso
Mesmo que nunca se aprenda
Tu me ensina a namorá
Que eu te ensino a fazê renda
Que apesar do céu, do carnaval
E do inferno dessa guerra
E da terra presa ao bem e ao mal
Reine paz na nossa tenda
De cetim o céu, de seda o chão
E as cem brisas que segredarão
Pelos mundos nossa lenda
Mesmo que nunca se aprenda
Eu te ensino a fazê renda
Que mais posso te ensinar
Eu que não porto outra prenda?
Que só sei dar vida à trama vã
Rei das belezas fugazes
Tu que trazes drama à vida sã
Quem sabe isso ainda se estenda
Tu me ensina amor a namorá
E eu talvez te ensine a me ensinar
Teça-se assim a fazenda
E a nós dois tudo se renda
T.012.Tatú Subiu no Pau - Eduardo Souto
Tatú subiu no pau
è mentira de mercê
Lagarto ou lagartixa
Isso sim é que pode ser
O melhor da galinha é o ovo
Que se faz de comê gostoso
A molestia do pinto é o golgo
A coberta do velho é o fogo
T.011.Tarde em Itapoã - Toquinho/Vinicíus de Moraes
Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Marcadores:
Letra T,
Toquinho,
Vinícius de Moraes
R.016.River Phoenix - Milton Nascimento
Se um dia a gente se encontrar
e eu confessar
que vi um filme tantas vezes
para desvendar os olhos teus
E se a gente se falar
contar as coisas que viveu
o que esperamos do amanhã
será que pode acontecer?
Pois, paralelo ao personagem,
eu quis saber mesmo é de ti
Queria que fosses feliz
uma água calma a inundar
a sua margem de carinho
um peito aberto a quem chegar
Como o teu nome, diferente
Uma paisagem nos induz
Uma paisagem de inocência
Mas que se sabe e que se conduz
Conduz agora este momento
O pensamento e os olhos meus
brilhando de emoção e grato
alguém que só te conheceu
num filme que viu tantas vezes
que este poema escreveu
R.015.Rebento - Gilberto Gil
Rebento
subtantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
que só Deus sabe, lá no firmamento
Rebento
Tudo o que nasce é Rebento
Tudo que brota, que vinga, que medra
Rebento claro como flor na terra,
rebento farto como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmente
no presente do indicativo
Como as correntes de um cão furioso,
ou as mãos de um lavrador ativo
às vezes mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativo
Às vezes, só porque fico nervosa, rebento
às vezes, somente porque estou VIVA!
Rebento, a reação imediata
a cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: Bata!
a cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
e a imensidão do som nesse momento
R.014.Rumba Louca - Moacyr de Albuquerque/Tavinho Paes
Meu coração bailava a tôa
Num jogo de cintura tipo vai e vem
Agarradinho no corpo a corpo
Num bamboleio solto de vem cá meu bem
Rosto coladinho coxa e coxa
Orelinha um brinco que beijei
Beijo caprichado molha a boca
Cheiro no cangote dei
E a pulsação da rumba louca
pois mais fogo no salão
Teu peito no meu peito ecôa
Que tic tic-tac vem do coração
Gata se o baile acaba agora
Acho que piro de amor
Tá que tá na hora de ir embora
Me chama que eu vou
Ver como chovo no molhado
Um bocado do pecado um charme
Flecha de cupido me flechou
Vou ser teu brotinho apaixonado
Um gato no teu telhado teu fogo
Quente como é quente o amor
Quente como é quente o amor
R.013.Romper da Aurora - Liu/Leu
Ouvindo o murmurar da cachoeira
Das águas que desabam na pedreira
São as mais lindas horas
Que existem em minha vida
É ver a madrugada nascer florida
As árvores balançam calmas
Seus fortes galhos
As flores de frio gemem sem agasalho
Os passarinhos põem-se a cantar
A deslumbrar
Quem de longe assiste ao sol raiar
Quando o sol descamba
Calmo no horizonte
Os passarinhos voltam aos seus ninhos
A lua no céu tristonha
Além da cerração
Enche de esperança meu coração
Ouvindo o murmurar da cachoeira
Das águas que desabam na pedreira
São as mais lindas horas
Que existem em minha vida
É ver a madrugada nascer florida
R.012.Roque Santeiro, o Rock - Gilberto Gil
Outrora, só cabeludo
Agora, o menino é tudo de novo no front
Outrora, só rebeldia
Agora, soberania na noite neon
Outrora, mera fumaça
Agora, fogo da raça, fogoso rapaz
Outrora, mera ameaça
Agora, exige o direito ao respeito dos pais
E tem mais, e tem mais, e tem mais
E tem mais, e tem mais
Outrora, arraia miúda
Agora, lobão de boca bem grande a gritar
Outrora, pirado e louco
Agora, poucos insistem em negar-lhe o lugar
Outrora, frágil autorama
Agora, três paralamas de grande carreta de som
Outrora, simples bermuda
Agora, ultravestido de elegante fraque a rigor
E o amor, e o amor, e o amor, e o amor
E o amor, e o amor, e o amor
Só quem não amar os filhos
Vai querer dinamitar os trilhos da estrada
Onde passou passarada
Passa agora a garotada, destino ao futuro
Deixa ele tocar o rock
Deixa o choque da guitarra tocar o santeiro
Do barro do motocross
Quem sabe ele molde um novo santo padroeiro
Outrora, o seio materno
Agora, o meio da rua, na lua, nas novas manhãs
Outrora, o céu e o inferno
Agora, o saber eterno do velho sonho dos titãs
Outrora, o reino do Pai
Agora, o tempo do Filho com seu novo canto
Outrora, o Monte Sinai
Agora, sinais da nave do Espírito Santo
E o encanto, e o encanto, e o encanto, e o encanto
E o encanto, e o encanto, e o encanto, e o encanto
R.011.Romance - Djavan
Fruta-de-conde,
Sua casca é um romance
Muito boinha você,
Viu? Laranjinha doce
Dulcíssima...
Pitomba jura
Amargura no caroço
Goiaba quase de vez
Mamoeiro dá um leite:
Que fel
Pitanga do céu
Amor de maçã
Debaixo do frio
Por dentro do mato,
Fruto do ato
Ligado do ato
Ligado à resina de cajá
Manga-espada inchada
Eu sou do mato
Brinquei com maturi,
Vou ficando por aqui
Nas costas da madrugada
Por dentro do mato
Fruto do ato
Ligado à resina de cajá
Manga-espada inchada
Eu sou do mato
Brinquei com maturi
Vou ficando por aqui
Meu bem me abraça
E a lua quer me dizer
Te amo.
P.016.Para um Amor no Recife - Paulinho da Viola
A razão porque mando o sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
o que restou da camisa
Colorida que cobria
Minha dor
Meu amor, eu não esqueço
Não se esqueça, por favor
Que voltarei depressa
Tão logo acabe a noite
Tão logo esse tempo passe
Para beijar voce
A razão porque mando o sorriso...
P.015.Patrão Prenda Seu Gado - Donga/Pixinguinha/João da Baiana
Ô patrão
Ô patrão
Ô patrão, prenda seu gado
Na lavra tem um ditado
Quem mata gado é jurado
Missa de padra é latim
Rapaz solteiro é letrado
Em vim preso da Bahia
Só porque era namorado
Madame Diê, lalá
Samba ioiô, samba iaiá
Que o dia e vem, doná
Eu bem sei
Eu bem sei
Eu bem sei que fui culpado
De vir preso da Bahia
Só porque fui namorado
Vou tirar meu passaporte
Meu camarote de proa
Eu aqui não vou ficar
Vou-me embora pra Lisboa
Senhorita vai ver, doná
Samba ioiô, samba iaiá
Que o dia e vem, doná
Ô, Joana, ô Maria,
Saruê pra que trabalha
No pescoço da cutia
No pavilhão, da atalaia
Era hoje, era ontem, era donte
Era donte, era ontem, era hoje
Sinhazinha mandou me chamá
Corri quatro cantos
Balão de iaiá
P.014.Pelo Telefone - Donga/Mauro de Almeida
O chefe da folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhe
Pra não tornar fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço
Ai, se a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou, sinhô, sinhô
É que a avezinha, sinhô, sinhô
Nunca sambou, sinhô, sinhô
Porque este samba, sinhô, sinhô
De arrepiar, sinhô, sinhô
Põe perna bamba, sinhô, sinhô
Mas faz gozar, sinhô, sinhô
O “peru” me disse
Se o “morcego” visse
Não fazer tolice
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse
Ah! ah! ah!
Aí está o canto ideal, triunfal
Ai, ai, ai
Viva o nosso carnaval sem rival
Se quem tira o amor dos outros
Por deus fosse castigado
O mundo estava vazio
E o inferno habitado
Queres ou não, sinhô, sinhô
Vir pro cordão, sinhô, sinhô
É ser folião, sinhô, sinhô
De coração, sinhô, sinhô
Porque este samba, sinhô, sinhô
De arrepiar, sinhô, sinhô
Põe perna bamba, sinhô, sinhô
Mas faz gozar, sinhô, sinhô
Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto
Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor
O chefe da polícia
Com toda carícia
Mandou-nos avisá
Que de rendez-vuzes
Todos façam cruzes
Pelo carnavá!...
Em casas da zona
Não entra nem dona
Nem amigas sua
Se tem namorado
Converse fiado
No meio da rua.
Em porta e janela
Fica a sentinela
De noite e de dia;
Com as arma embalada
Proibindo a entrada
Das moça vadia
A lei da polícia
Tem certa malícia
Bastante brejeira;
O chefe é ranzinza
No dia de "cinza"
Não quer zé-pereira!
Coro (civis)
Me dá licença, não dou, não dou
Faça favô, não dou, não dou
Pra residença, não dou, não dou
Com pressa vou, não dou, não dou
Coro (madamas)
Do chefe é orde? não vou, não vou
Sua atrevida, não vou, não vou
Entrar não pode, não vou, não vou
Vá pra avenida, não vou, não vou.
P.013.Prá Fugir da Saudade - Elton Medeiros/Paulinho da Viola
Saudade
Você fez da minha vida
Uma rua sem saída
Por onde andou minha solidão
E hoje
Quando tudo é esquecimento
Uma flor sobrevive ao tempo
E se desfolha em meu coração
Para aliviar o meu sofrimento
Rompe em silêncio meu canto de felicidade
Dentro de um samba eu desfaço o que ela me fez
Quero abrigar, no entanto
Mais uma flor que renasce
Para fugir da saudade e sorrir outra vez
P.012.Ponteio - Edú Lobo/Capinam
Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse o amor ou dinheiro...
Era um, era dois, era cem
Vieram prá me perguntar:
"Ô voce, de onde vai
de onde vem?
Diga logo o que tem
Prá contar"...
Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol
Nem vento...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar...(4x)
Prá cantar!
Era um dia, era claro
Quase meio
Era um canto falado
Sem ponteio
Violência, viola
Violeiro
Era morte redor
Mundo inteiro...
Era um dia, era claro
Quase meio
Tinha um que jurou
Me quebrar
Mas não lembro de dor
Nem receio
Só sabia das ondas do mar...
Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola
Ponteio!
Meu canto não posso parar
Não!...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar, prá cantar
Ponteio!...(4x)
Pontiarrrrrrrr!
Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro
Quase meio
Encerrar meu cantar
Já convém
Prometendo um novo ponteio
Certo dia que sei
Por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo o que vim
Prá buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar prá cantar...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar
Ponteio!...(4x)
Lá, láia, láia, láia...
Lá, láia, láia, láia...
Lá, láia, láia, láia...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar
Ponteio!...(4x)
Prá cantar
Pontiaaaaarrr!...(4x)
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá Cantar!
P.011.Perfídia - Alberto Dominguez
Sofre
A tua dor resignadamente
Sofre
Como eu sofri por ti também
Sofre
Que a dor vai ensinando a gente
Amar e um dia querer bem
Amei como ninguém te amou, querida
De ti o menor gesto adorei
Esquecido da própria vida
Perfídia mandaste em troca
Eu não esqueci
Das rosas, das orquídeas, das violetas
Que eu dava a ti
Destraída no ambiente luxuoso em que sempre vivia
Tu deixaste que murchassem minhas flores
Meu buquê de fantasia
E agora que adoras a quem te magoa
Perdoa pelo bem que eu te quis
Perdoa e serás feliz
Feliz
M.016.Morena Penha - Petrúcio Maia/Manassés
O teu amor, morena Penha
Que era fogueira de lenha
Virou fogo de palha
Tomara morena Penha
Que quando a noite venha
O teu sorriso me valha
Queria, morena, eu queria
Purgar tua febre fria
Com a febre do meu abraço
Paixão, fogo de palha
Se acaba da noite pro dia
E a dor que acende na gente
Apaga toda a alegria
Amor nenhum perde o viço
Nenhum carinho consola
Sereno na boca da noite
Orvalha mas não molha ...
M.015.Mensagem - Aldo Cabral
Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com uma carta na mão
Ante surpresa tão rude
Nem sei como pude
Chegar ao portão
Lendo o envelope bonito
No seu sobre-escrito
Eu reconheci
A mesma caligrafia
Que me disse um dia
Estou farto de ti
Porém não tive coragem
De abrir a mensagem
Porque na incerteza
Eu meditava e dizia
Será de alegria!
Será de tristeza!
Quanta verdade tristonha
Ou mentira risonha
Uma carta nos traz
E assim pensando rasguei
Tua carta e queimei
Para não sofrer mais.
M.014.Manias - Celso Cavalcante/Flávio Cavalcante
Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você
Mania é coisa que a gente tem mas não sabe porque
Mania de querer bem, mania de falar mal
De não deitar pra dormir, sem antes ler o jornal
De só entrar no chuveiro cantando a mesma canção
De só pedir o cinzeiro depois da cinza no chão
Eu tenho várias manias, delas não faço segredo
Quem pode ver tinta fresca sem logo passar o dedo
De contar sempre aumentado tudo o que diz ou que fez
De guardar fósforo usado dentro da caixa outra vez
Mania é coisa que a gente tem mas não saber porque
Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você
M.013.Minha História - Raimundo Evangelista/João do Vale
Seu moço, quer saber, eu vou cantar num baião
Minha história pra o senhor, seu moço, preste atenção
Eu vendia pirulito, arroz doce, mungunzá
Enquanto eu ia vender doce, meus colegas iam estudar
A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar
A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar
E quando era de noitinha, a meninada ia brincar
Vixe, como eu tinha inveja, de ver o Zezinho contar:
- O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar
- O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar
Hoje todo são “doutô”, eu continuo joão ninguém
Mas quem nasce pra pataca, nunca pode ser vintém
Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem
Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem
Mas todos eles quando ouvem, um baiãozinho que eu fiz,
Ficam tudo satisfeito, batem palmas e pedem bis
E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz
E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz
Mas o negócio não é bem eu, é Mané, Pedro e Romão,
Que também foram meus colegas , e continuam no sertão
Não puderam estudar, e nem sabem fazer baião
M.012.Minha História - Dalla/Pallotino Vs: Chico Buarque
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá,laiá, laiá
Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
DEsperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá,laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá,laiá
Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá,laiá
M.011.Máscara Negra - Zé Keti/Pereira Matos
Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
J.017.Jeitinho Brasileiro - João Bosco/Aldir Blanc
Pra gostar
bom é o jeitinho brasileiro
assim entre o sofrido e o catimbeiro
feito Ary numa aquarela
- mentira há de ser sinceramente,
topada também toca pra frente
gostar, mas de qual delas?
Viver com a pulga atrás da orelha
- quanto mais coçar, sorrir.
Sambar, ô, ô, ô, ô,
com um prego no sapato pra peteca não cair.
Viver; reviver.
Ver na saudade uma vizinha Ioiô no quintal!
folga pro meu lado, mas canto a marchinha
de um antigo carnaval.
Vizinhas, Ioiô morena, irmã da loura Iaiá...
O meu irmão noivou da Iaiá, feliz.
Mas viu na morena calor de pão, sumo de limão,
frescor de buritis
e água de riacho rente aos pés,
um zonzo de zumbido das abelhas, mel dos méis...
Se Iaiá saía, Ioiô vizinha se despia, a flor do quintal!
Meu irmão pensava mas cantarolava
pra manter sua moral:
lourinha, lourinha, dos olhos claros de cristal,
quanto tempo, ao invés da moreninha, será a rainha
do meu carnaval.
Lourinha, Morena, rainhas do meu carnaval,
qualquer dia, Iaiá e Ioiô vizinhas vão reinar
juntinhas lá no meu quintal.
Braguinha, Braguinha, Braguinha, não me leve a mal
Eu não esqueço a loura e a moreninha,
Pago tua parte em Direito Autoral.
J.016.Jurar com Lágrimas - Paulinho da Viola
Jurar com lágrimas
Que me ama
Não adianta mais
Eu não vou acreditar
É melhor me separar
Não pode haver felicidade
Se não há sinceridade
Dentro do nosso lar
Se aquele amor não morreu
Não precisa me enganar
Que seu coração é meu
J.015.Joana Francesa - Chico Buarque
Tu ris, tu ments trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique dans Ia sang
Et sur Ia peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda...
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe, sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrngada
Acorda, acorda, acorda..
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque, me dizer onde é que está
Ton soleil ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar m'arrebatou
Tu as le parfum de la cachaça e de suor!
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda...
Quem me enfeitiçou
O mar m'arrebalou
Tu as le parfum de la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda...
J.014.Jóia - Caetano Veloso
Beira de mar
Beira de mar
Beira de maré
Na América do Sul
Uma selvagem levanta o braço
Abra a mão e tira um caju
Um momento de grande amor
De grande amor
Copacabana, Copacabana
Louca total e completamente louca
A menina muito contente
Toca Coca-Cola na boca
Um momento da puro amor
De puro amor.
J.013.João Valentão - Dorival Caymmi
João Valentão é brigão
Prá dar bofetão
Não presta atenção
E nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seus momentos
Na vida...
E quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo
Prá noite chegar
E quando se ouve mais forte
O ronco das ondas
Na beira do mar
E quando o cansaço da lida
Da vida, obriga
João se sentar
É quando a morena se encolhe
E chega p'ro lado
Querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é contar mentiras
E se espreguiçar
Deitado na areia da praia
Que acaba onde a vista
Não pode alcançar
E assim adormece este homem
Que nunca precisa dormir
Prá sonhar
Porque não há sonho mais I indo
Do que sua terra
Não há.
J.012.João Ninguém - Noel Rosa
João ninguém,
Que não é velho nem moço,
Come bastante no almoço
Prá se esquecer do jantar...
Num vão de escada
Faz a sua moradia,
Sem pensar na gritaria,
Que vem do primeiro andar.
João Ninguém
Não trabalha um só minuto,
Mas joga sem ter vintém
E vive a fumar charuto...
Esse João
Nunca se expõe ao perigo,
Nunca teve um inimigo
Nunca teve opinião.
João Ninguém
Não tem ideal na vida,
Além de casa e comida,
Tem seus amores também...
E muita gente,
Que ostenta luxo e vaidade
Não goza a felicidade,
Que goza João Ninguém.
J.011.Jura - Sinhô
Jura. jura, jura
pelo Senhor,
jura pela imagem
da Santa Cruz do Redentor
(prá ter valor a tua jura)
Jura, Jura.
de coração
para que um dia
eu possa dar-te o meu amor
sem mais pensar na ilusão,
Daí, então, dar-te eu irei
o beijo puro na catedral do amor
dos sonhos meus, bem junto aos teus
Para fugir das aflições da dor...
Jura, jura. jura, etc.
etc.
F.016.Flor de Ir Embora - Fátima Guedes
Flor de ir embora,
É uma flor que se alimenta
Do que a gente chora.
Rompe a terra, decidida,
Flor do meu desejo
De correr o mundo afora.
Flor de sentimento
Amadurecendo, aos poucos,
Minha partida.
Quando a flor abrir inteira.
Muda a minha vida.
Esperei o tempo certo.
E lá vou eu, e lá vou eu
Flor de ir embora, eu vou
E agora, esse mundo é meu.
F.015.Folhetim - Chico Buarque
Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que é o maior e que me possuis
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim
F.014.Foi um Rio que Passou em Minha Vida - Paulinho da Viola
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
Porém, ai porém
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval
Eu carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me
Lembro anunciou
Portela, Portela...
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ah, minha Portela!
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em
Minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em
Minha vida
E meu coração se deixou levar...
F.013.Fanatismo - Florbela Espanca/Raimundo Fagner
FANATISMO
FLORBELA ESPANCA/FAGNER
Minh'alma de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
Posto que és já toda minha vida
Não vejo nada assim, enlouquecida,
Passo no mundo meu amor a ler
No misterioso livro do teu ser,
A mesma história, tantas vezes lida
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
De uma boca divina, fala em mim
E olhos postos em ti, sigo de rastros:
"Podem voar mundos, morrer astros
Que tu és como um deus, princípio e fim."
Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.
F.012.Frenessi (Fosse Paixão) - Fausto Nilo/Petrúcio Maia
A felicidade corre sem parar
Bela é uma cidade velha
Na velocidade a tarde leva o teu olhar
Longe descansar na estrela
E um corpo passa por mim
Água do rio na areia
Adormecendo assim
Esta pedra em mim
E meu leito clareia
Fosse paixão frenesi
Doce ilusão moça bela
A solidão mora aqui
E a cidade é sem fim
Qual a tua janela
Tudo igual
Tal e qual
Fosse paixão
F.011.Frenesi - Alberto Dominguez
Beija-me assim
Beija-me como minha boca te beijou
Neste frenesi
Que em meu amor te dou
Quem não fora eu
Apontaria o caminho deste amor
Quem jamais te deu
A vida inteira com tanto ardor
Quero que vivas só pensando em mim
E que tu sigas por onde eu seguir
Para minh'alma não fugir de ti
Beija-me com frenesi
Dá-me a luz que tem o teu olhar
A inspiração de todo nosso amor
Dessa ilusão cujo sabor senti
Beija-me com frenesi
Nas asas deste beijo teu
Vai um pedaço de mim
Diz-me que sentes como eu
Diz-me que sentes assim
Querida, perto do meu coração
Encontrarás a luz, o céu, o mar
E um luar que há de brilhar por ti
Beija-me com frenesi
Beija-me com frenesi
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