segunda-feira, 7 de maio de 2012

I.015.Ilha Rasa - Edú Lobo


Na noite da ilha rasa
Lá onde o mar é mais fundo
Pelo confim desse mundo
Voando alto sem asa
Será que lá mora gente
Quem sabe se lá tem casa
Será que o céu sai da frente
Quem sabe o tempo se atrasa
Por volta da meia noite
Na hora da travessia

O pisca-pisca do breu
Lembrava a estrela guia
Quando cheguei no farol
Nem sono nem alegria
Ainda faltava a metade
Pra completar meio dia
Na noite da ilha rasa...
Eu só navego direito
Em águas de minha terra
Que fica longe do mar
Que fica longe do mar
Olho prá trás e me vejo
Correndo atrás de um desejo
Sem conseguir alcançar
Sem conseguir alcançar

I.014.Inquetação - Ary Barroso


Quem se deixou escravisar
E no abismo dispencar
De um amor qualquer
Quem no acesso da paixão
Entregou o coração
A uma mulher
Não soube o mundo compreender
Nem a arte de viver
Nem chegou mesmo de leve a perceber
Que o mundo é sonho, fantasia
Desengano, alegria,
Sofrimento, ironia
Nas asas brancas da ilusão
Nossa Imaginação
Pelo espaço vai, vai, vai
Sem desconfiar
Que mais tarde cai
Para nunca mais voar

I.013.Inhansã - Gilberto Gil/Caetano Veloso


Inhansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim

I.012.Indigo Blue - Gilberto Gil


Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão

Sob o blusão, sob a blusa
Nas encostas lisas do monte do peito
Dedos alegres e afoitos
Se apressam em busca do pico do peito
De onde os efeitos gozosos
Das ondas de prazer se propagarão
Por toda essa terra amiga
Desde a serra da barriga
Às grutas do coração

Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão

Sob o blusão e a camisa
Os músculos másculos dizem respeito
A quem por direito carrega
Essa Terra nos ombros com todo o respeito
E a deposita a cada dia
Num leito de nuvens suspenso no céu
Tornando-se seu abrigo
Seu guardião, seu amigo
Seu amante fiel

I.011.Influência do Jazz - Carlos Lyra


Pobre samba meu
Foi se misturando se modernizando, e se perdeu
E o rebolado cadê?, não tem mais
Cadê o tal gingado que mexe com a gente
Coitado do meu samba mudou de repente
Influência do jazz

Quase que morreu
E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu
Que o samba balança de um lado pro outro
O jazz é diferente, pra frente pra trás
E o samba meio morto ficou meio torto
Influência do jazz

No afro-cubano, vai complicando
Vai pelo cano, vai
Vai entortando, vai sem descanso
Vai, sai, cai... no balanço!

Pobre samba meu
Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu
Pra não ser um samba com notas demais
Não ser um samba torto pra frente pra trás
Vai ter que se virar pra poder se livrar
Da influência do jazz

V.010.Vida - Milton Nascimento/Fernando Brant


O amor bateu na porta
eu de dentro respondi
minha casa é aberta
pode entrar estou aqui
O rio passava seus peixes
no fundo do meu quintal
meu pai me olhava sorrindo
minha mãe e meus irmãos
O amor bateu de novo
eu de novo respondi
entre que a casa é sua
eu só quero ser feliz
A luz trazia no vento
meus filhos e minha mulher
amigos chegavam dizendo
que a vida é isso ai.

V.009.Vida - Chico Buarque


Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vaz ia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Luz, quero luz
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E intifinita cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, veiã.
Me leva, leva longe
Longe, leva mais
vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz.